Siga-nos no Whatsapp

Língua Azul. Serra da Estrela “praticamente imaculada”, mas pastores estão atentos

29 nov, 2024 - 21:59 • Liliana Carona

Até ao momento, houve apenas uma exploração afetada pela doença da língua azul na região da Serra da Estrela. Produtores e criadores de gado ovino garantem que não vai faltar borrego nem queijo Serra da Estrela.

A+ / A-
Língua Azul. Serra da Estrela está “praticamente imaculada”, mas pastores estão atentos
Ouça a reportagem de Liliana Carona

Até ao momento, apenas há a registar um caso do surto de língua azul na região da Serra da Estrela, garante Ricardo Pimenta, 45 anos, pastor desde que se lembra de existir, pertence à direção de vários organismos ligados ao setor.

Debaixo de sol intenso, incomum em novembro, o pastor que tem 180 cabeças de gado, observa o impacto das alterações climáticas, procurando justificar o surgimento da doença da língua azul.

“O mosquito transmissor da doença da língua azul, normalmente como a maior parte dos mosquitos, propaga-se com as temperaturas mais altas, portanto, as zonas mais quentes normalmente são as mais afetadas pela doença”, começa por destacar Ricardo Pimenta.

Sublinha que as alterações climatéricas têm contribuído para esta realidade. “O calor estende-se até uma fase mais adiantada, portanto nas estações, neste caso outono, quase Inverno. E também há uma adaptação dos próprios insetos e outros seres, às adversidades climatéricas que enfrentam”, nota o pastor, torcendo para que as noites sejam frias e com geada. “A própria geada da noite ajuda a eliminar, não só mosquitos, mas outros seres que não são benéficos, claro”, conclui.

Porque se designa língua azul e como se transmite?

A denominação de língua azul, explica Ricardo Pimenta, advém das características da doença que afeta as ovelhas, na língua, ficando inchada, quase como um hematoma, e nota-se mais nas ovelhas brancas. Portanto, a língua fica escura, azulada, um azul escuro e daí o nome língua azul”, esclarece o criador de ovinos.

Apesar de a zona estar praticamente imaculada, a associação que representa os pastores e criadores da Serra da Estrela tem apostado na prevenção, ou seja, na transmissão da mensagem de que toda a atenção ao gado é pouca.

“As autoridades competentes, portanto, veterinárias, têm andado atentas à situação, mas no que no que diz respeito à área geográfica do queijo Serra da Estrela, foi apenas um caso há cerca de um mês”, recorda Ricardo Pimenta, deixando a advertência: “fica sempre o aviso para produtores e entidades responsáveis sanitárias para estarem sempre atentos, terem um acompanhamento diário dos animais, até porque não é uma doença mortal se for tratada a tempo, portanto, tem cura”.

Para Ricardo Pimenta “o problema é quando se se deixa adiantar a doença na ovelha e o pastor já se apercebe numa fase adiantada e imagine podem estar 5 ou 10 animais infetados numa exploração que a convivência deles, não é fator para se transmitir uns para os outros. A doença só é transmitida pela picada do mosquito específico”, revela.

Borrego e queijo com a qualidade de sempre

Sem deixar de negar o impacto da doença da língua azul no mercado, com o elevado número de casos no Alentejo, o pastor Ricardo Pimenta, garante, contudo, que nem o borrego nem o queijo da Serra da Estrela estão ameaçados pela doença da língua azul.

“Borrego há não vai deixar de haver. É normal é que haja numa quantidade menor no mercado, porque a zona do Alentejo foi bastante afetada, mas posso dizer que nesta área geográfica, a produção de borrego não está afetada, nem o queijo, por arrasto. Ambos os produtos têm a melhor qualidade de sempre”, assegura Ricardo Pimenta, considerando que “esta zona está praticamente imaculada relativamente à situação da língua azul”.

O pastor Ricardo Pimenta tem 180 ovelhas de raça bordaleira Serra da Estrela, mas o efetivo já foi maior. “Há um ano e meio, eram 300, mas tenho vindo a diminuir, porque os anos passam e muitas vezes o corpo também não aguenta toda a vida e é preciso abrandarmos” lamenta o produtor, admitindo que “as mudanças fazem parte da rotina do campo”.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+