26 nov, 2024 - 17:49 • João Pedro Quesado
O projeto para a requalificação da Avenida Almirante Reis prevê o fim do separador central, coloca as ciclovias junto aos passeios e dá uma faixa exclusiva aos transportes públicos da Carris desde a Praça do Martim Moniz até à Praça do Areeiro. O plano foi lançado esta terça-feira pela autarquia liderada por Carlos Moedas, e as obras apenas devem começar em 2027.
A requalificação do eixo, por onde passam cerca de 100 mil veículos por dia, vai dividir-se por dois troços. O primeiro corresponde ao trajeto de 1,8 km entre o Martim Moniz e a Praça do Chile, equivalente a quase dois terços da Avenida Almirante Reis. O segundo troço desenvolve-se em duas partes: um perfil entre a Praça do Chile e a Alameda, e outro entre a Alameda e a Praça do Areeiro.
No primeiro troço, a Almirante Reis vai passar de duas para três vias. Duas faixas vão no sentido ascendente, para facilitar a saída da cidade, com uma dessas faixas a ser dedicada exclusivamente ao transporte público (autocarros e elétricos). A faixa descendente, em direção à Baixa, é partilhada entre transporte individual e coletivo.
Nesta parte da Avenida, a ciclovia sai do centro para a beira dos passeios, segregada do trânsito por árvores. A opção é justificada por responder “às questões de segurança” e facilitar “o acesso às paragens de bicicletas e a ligação à rede clicável envolvente”. A área pedonal de ambos os lados terá entre 3,5 e 4 metros, com parte a ser ocupada por esplanadas e zonas de estar. A faixa verde vai ser intercalada com lugares de estacionamento.
No segundo troço, entre a Praça do Chile e a Alameda, são mantidas as três vias do primeiro troço. Contudo, a ciclovia deixa de estar presente dos dois lados da Avenida, passando a ter ambas as direções no passeio do lado nascente. O estacionamento é mantido no mesmo esquema de intercalação com as áreas verdes, mas a plantação de árvores fica restrita ao lado da ciclovia.
Depois, entre a Alameda e a Praça do Areeiro, a Avenida passa a ter quatro vias: duas em cada direção, com uma faixa para transportes públicos em cada direção. A ciclovia mantém-se do lado nascente.
A opção das quatro vias nesta última parte da Avenida Almirante Reis deve-se ao volume de tráfego apurado no estudo de mobilidade levado a cabo em 2023. 42 mil dos 100 mil veículos contados num dia na Avenida deslocam-se nesta zona, entre o Areeiro e a Alameda.
Esse estudo de mobilidade indica ainda que a concentração de bicicletas e trotinetas ao longo da Avenida acontece de forma inversa aos veículos motorizados, algo que é explicado “principalmente pela existência da ciclovia entre a Alameda D. Afonso Henriques e o Martim Moniz”.
Santa Maria Maior
Junta de Freguesia de Santa Maria Maior assume as (...)
O Projeto Integrado de Requalificação do Espaço Público do Eixo da Almirante Reis prevê a plantação de 370 árvores, para reduzir as zonas sem proteção do calor. 75 árvores atualmente na Avenida vão ser replantadas no jardim da Alameda, criando o que a Câmara chama de “Parque das Tílias”.
Outro aspeto do projeto é a criação de 105 novos lugares de estacionamento face aos atualmente existentes. No total, a Avenida deverá ter 275 lugares de estacionamento automóvel - mas a localização destes lugares ainda está por determinar. Em parte, essa localização poderá ser definida pelas zonas onde não é possível plantar árvores, devido às infraestruturas de eletricidade, gás, comunicações e drenagem no subsolo.
As obras apenas devem chegar à Avenida Almirante Reis em 2027. Contudo, na apresentação do projeto, Carlos Moedas disse que está “a tentar fazer tudo para que pudesse ser em 2026”. O projeto baseia-se não só num estudo de mobilidade como em “cerca de 2.500 contributos” obtidos num processo de participação pública.