11 nov, 2024 - 19:24 • João Pedro Quesado
Já se sabe qual vai ser o aspeto de mais uma estação do prolongamento da Linha Vermelha do Metro de Lisboa. Os documentos do projeto de execução, atualmente em consulta pública e consultados pela Renascença, mostram uma decoração evocativa da história do Infante Santo, D. Fernando de Portugal, que dá nome à estação.
O átrio da estação vai, segundo o relatório de conformidade ambiental do projeto de execução da obra, representar a “abnegação” do Infante Santo, enquanto o mezanino (o nível intermédio, que liga o átrio ao cais da estação) vai representar o “martírio” e o cais vai simbolizar a “libertação” de D. Fernando.
D. Fernando de Portugal, conhecido como Infante Santo, foi feito refém depois de o exército português ser cercado numa tentativa de conquistar a cidade de Tânger, em Marrocos, em 1436. A condição para a libertação seria a devolução de Ceuta, que não aconteceu, levando à morte de D. Fernando na prisão em Fez, em 1443.
No átrio, a "abnegação é representada através do desprendimento de "cubos" encaixados sob o tecto e parede lateral". No caso do mezanino, o "martírio" é representado através de "um tecto muito mais rebaixado e controlado". Já no cais, onde os passageiros vão esperar pelo metropolitano, "a libertação é representada com a "explosão" da cor encarnada e pixelados com tons de antracite".
A estação de Infante Santo, localizada na freguesia da Lapa - entre a Avenida Infante Santo e a Calçada das Necessidades – vai ter três acessos: dois localizados na avenida, e um terceiro, com elevador, já no interior do quarteirão onde a estação vai ficar localizada. O parque de estacionamento por cima da estação vai ter lugar para 62 carros.
O fim do novo túnel da Linha Vermelha vai ficar debaixo de terrenos do Instituto Superior de Agronomia, descrevendo o início de uma curva em direção a Belém. A opção é justificada pela “possibilidade do futuro prolongamento da linha de Alcântara para Algés”.
O prolongamento da Linha Vermelha do Metro de Lisboa conta com mais três estações: a estação de Campolide/Amoreiras, a estação de Campo de Ourique (no Jardim da Parada) e a estação de Alcântara.
De acordo com os documentos consultados pela Renascença, a estação de Campolide/Amoreiras, com seis acessos (incluindo um elevador), faz o novo troço da Linha Vermelha passar por baixo do túnel do Marquês de Pombal, e será construída pelo método de “cut and cover” - escavação, construção da infraestrutura e posterior restauro da superfície.
Investigação Renascença
O acordo com o Metropolitano já chegou há um ano, (...)
A estação de Campo de Ourique, cuja localização tinha sido alvo de objeções por moradores da área devido aos efeitos no Jardim da Parada, vai ser construída com recurso a apenas um “poço de ataque”, minimizando assim o impacto no espaço público. A estação vai ter cinco acessos, um deles com dois elevadores.
A estação de Alcântara é a única que vai ser construída à superfície, com um cais para o Metro de Lisboa e outro, num nível inferior, para o LIOS (Linha Intermodal Sustentável) até ao Jamor e estação de Cruz Quebrada, em Oeiras. O LIOS será um metro ligeiro de superfície, que também vai ligar Santa Apolónia a Loures.
A construção desta estação vai levar a mudanças no acesso à Ponte 25 de Abril em Alcântara, incluindo a criação de uma rotunda por debaixo da ponte.
A inserção da Linha Vermelha em Alcântara exige a construção de um viaduto, que se tem provado o ponto mais contencioso do projeto, devido à expropriação de vários edifícios.
À Renascença, vários proprietários queixaram-se, em 2023, dos valores baixos oferecidos como indemnização. Agora, os mesmos dão conta de avanços e recuos no processo por parte da Metro de Lisboa, e apontam que não há escrituras feitas. A empresa disse que os imóveis vão ficar livres até ao final de 2024.
O prolongamento da Linha Vermelha conta com 357,5 milhões de euros em financiamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), e deveria ficar terminado até ao final de junho de 2026.
Contudo, em outubro, a secretária de Estado da Mobilidade disse que as quatro estações apenas devem ficar prontas depois de junho de 2028, o que significa um atraso de 18 meses. Cristina Pinto Dias assegurou que o Governo está a negociar com a Comissão Europeia para não perder fundos.