07 nov, 2024 - 07:10 • André Rodrigues
“Pelo menos metade” das infeções hospitalares poderiam ser evitadas, defende na Renascença o antigo diretor do Programa de Prevenção e Controlo de Infeções da Direção-Geral da Saúde.
De acordo com as mais recentes estimativas do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (CECD), só no ano passado cerca de 94 mil doentes contraíram pelo menos uma infeção em ambiente hospitalar.
“É um cenário preocupante, quando temos 10% - pouco mais do que isso - dos doentes que estão internados neste momento a contrair uma infeção, mercê da presença num hospital”, alerta Paulo André Fernandes.
Apesar de reconhecer que “nem todas estas infecções são preveníveis”, o médico admite que, “no mínimo, metade seria possível evitar… e isso naturalmente deveria preocupar a sociedade e os decisores desta área”.
A solução, acrescenta Paulo André Fernandes, passa por uma aposta na formação dos profissionais de saúde e na melhoria das condições de trabalho nos hospitais, de modo a precaver infeções desnecessárias associadas aos cuidados de saúde.
É uma tecnologia “muito mais abrangente” que vai e(...)
Evitando aludir a eventuais situações de negligência dos profissionais na origem dos casos, o antigo responsável do programa da DGS para a prevenção de infeções refere que essa é uma responsabilidade “difícil de determinar”, embora reconheça que “isso está relacionadas também com as práticas dos profissionais, nomeadamente as mãos dos profissionais, os equipamentos que são utilizados que são fatores de transmissão de infeção no hospital”.
Para mitigar riscos, “o foco da prevenção destas infeções deve dirigir-se à formação dos profissionais e à criação de condições para que as práticas sejam otimizadas”.
“Por vezes vamos correr atrás do prejuízo e vamos usar mais antibióticos e aumentar as resistências bacterianas aos antibióticos. E não é isso que interessa”, remata.
De acordo com o mais recente inquérito o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças, com dados fechados de 2023, cerca de 94 mil doentes internados em hospitais portugueses adquiriram uma infeção associada aos cuidados de saúde.
Números que colocam Portugal como o país da União Europeia onde a incidência de infeções hospitalares é mais elevada.
[notícia corrigida às 08h20 com retificação do cargo do médico Paulo André Fernandes]