18 ago, 2024 - 17:47 • Salomé Esteves
O incêndio que lavra desde quarta-feira na Madeira já consumiu quase tanta área como em todo o ano de 2023 na Região Autónoma. De acordo com dados do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (EFFIS) arderam, nos últimos quatro dias, cerca de 4686 hectares, pouco menos dos 5154 registados, no total, no ano passado. Como o incêndio se mantém ativo, a área ardida deverá aumentar.
A área ardida este ano corresponde a 5,6% da ilha, que tem um total de 741 mil hectares, e a 9% de toda a área florestal.
Segundo números do Instituto Nacional de Estatística (INE), já não ardia tanta área, na Madeira, desde 2016, quando o fogo consumiu cerca de 6270 hectares de floresta, pastagens e terrenos agrícolas.
Nesse ano, um incêndio que decorreu em agosto provocou três mortos, dois feridos com graivdade, 147 feridos ligeiros e obrigou à deslocação de cerca de 1000 pessoas. Este sábado, o líder do JPP, Élvio Sousa, apelou a Miguel Albuquerque que não repetisse os erros dos incêndios de agosto de 2016, "iniciados nas zonas altas de São Roque e que viriam a deixar o Funchal sob forte ameaça".
Os dados do INE também revelam que, desde 2006, dois anos foram particularmente agressivos em termos de área ardida: 2012, com 6966 hectares, e 2010, com 8632 hectares. Na verdade, entre 2010 e 2016, os incêndios na Madeira consumiram mais de 18 mil hectarses, o que equivale a cerca de 25 mil campos de futebol.
Em 2010, dos temporal de fevereiro - um dos 42 grandes aluviões desde 1600, na Madeira - fragilizaram os solos da ilha do Funchal. Nesse ano, o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) registou 96 ocorrências de incêndio florestal.
Enquanto a área ardida de Portugal continental reduziu 13% face a 2009, na Madeira, a diferença em relação dos mesmos períodos dispara para 2887%. Em 2009, arderam, no arquipélago, cerca de 289 hectares.
Em Portugal continental, desde o início do ano, arderam um total de 8451 hectares e foram registadas 3715 ocorrências. De acordo com estes números do ICNF, a área ardida no incêndio da Madeira desde quarta-feira, representa mais de metade da área ardida no continente.