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Saúde Mental no Ensino Superior

“A ideia de que a malta nova não tem problemas não é verdade”. A saúde mental no Ensino Superior está em declínio?

24 out, 2023 - 07:00 • Beatriz Pereira

Estudantes falam numa “espécie de bomba-relógio a aumentar”, contextualizada por números “assustadores”. Esta terça-feira, é apresentado o programa de Saúde Mental para as Universidades. Envolvidos destacam dificuldade em obter ajuda psicológica e revelam o que desejam deste plano, relativo a um tema ainda envolto em estigma.

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São, aparentemente, os melhores anos da vida de quem estuda e em que são prometidos os amigos da vida e as experiências irrepetíveis. Para muitos, é o desejo da independência a concretizar-se, para outros, mais um passo ambicionado no percurso académico.

Mas para tantos outros, os anos passados no Ensino Superior são sinónimo de “silêncio”, “desmotivação”, “instabilidade”, “ansiedade” e “sofrimento”. As palavras são de Afonso e Carolina, estudantes universitários em Portugal cujas experiências passaram ao lado daquilo que desejavam.

Os nomes não são os verdadeiros. Preferiram guardar a identidade para, abertamente, descreverem à Renascença um tema que balanceia entre o tabu e a consciencialização.

Carolina tem 21 anos, entrou na Universidade do Minho durante a pandemia, já com um diagnóstico de perturbação obsessiva compulsiva, depressão e ansiedade identificado desde o início do secundário.

“Quando em 2020 entrei no Ensino Superior, as coisas acabaram por não ser muito fáceis para mim, porque além de ser um ano de pandemia, não havia convívio nenhum e eu não conhecia a minha turma", diz.

“Aquilo que era suposto ser uma experiência universitária não aconteceu de todo”

Com o ingresso na faculdade, a “ansiedade e a depressão claramente agravaram”: os dias eram passados sozinha em casa e o curso não era o que desejava. “Não há qualquer tipo de sentido naquilo que estou a fazer”, partilha com a Renascença.

Tal como Carolina, Afonso, de 26 anos, também estuda na Universidade do Minho, mas o percurso no Ensino Superior começou em 2016, na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

“Tive dificuldade em integrar-me na universidade, na vida social. Estive na praxe, mas não me senti confortável e nunca mais fui.”

No segundo ano, um problema com os colegas, “que não tinha o poder de resolver”, fez com que se isolasse, o que “se calhar” contribuiu para a sua depressão. “Nunca fui diagnosticado, mas estava muito triste. Deixei de ir às aulas e quando ia estava muito nervoso e ansioso. Parecia que estava a ser observado. Era muito difícil.”

Já na Universidade do Minho, a dificuldade foi-se “arrastando”.

“Ia tendo réstias de coragem e falava com colegas a medo e muito nervoso. Mas sempre que eu conseguia, ficava com uma adrenalina enorme”, afirma. Tive sempre uma visão muito derrotista”.

Carolina e Afonso representam uma (muito) pequena percentagem de um número cada vez maior de jovens que passam por experiências negativas no Ensino Superior, mostram dados recentes sobre a saúde mental de universitários.

Saúde mental “em declínio significativo”

“Os estudantes do Ensino Superior são considerados, desde há algum tempo, um grupo vulnerável”, sobretudo “quem não tem uma rede de suporte, quer da família, quer dos amigos”, explica à Renascença Maria Nogueira, professora universitária e enfermeira especializada em Saúde Mental e Psiquiátrica.

A sua tese de doutoramento sobre o tema da saúde mental nos estudantes do Ensino Superior procurou conhecer os fatores de proteção e de vulnerabilidade dos jovens que ingressam na universidade.

E se ter “uma rede de amigos é um fator que tem um grande peso”, a satisfação com a vida académica torna-se também fundamental. “Quem está satisfeito com a sua vida académica, tem melhor saúde mental”, refere.

Também Laura Martins, membro da associação juvenil RYSE, partilha que estamos a lidar com "níveis de ansiedade e de baixa autoestima muito elevados".

Em parceria com a Associação Nacional de Estudantes de Psicologia, a RYSE criou a iniciativa “Este ano NÃO!”, para recolher informações sobre o burnout académico.

Na primeira fase do estudo, que contou com 2.084 respostas, os resultados foram “assustadores”, indica a responsável à Renascença.

“48% dos estudantes apresentam sintomas graves do foro psicológico, ou seja, quase 50% considera ter uma doença de saúde mental e não está saudável".

Para além disso, "23% já pensou em acabar com a sua própria vida, o que, se pensarmos, é quase um quarto dos estudantes” do Ensino Superior, destaca.

Entre as raparigas e os rapazes, os números mostram que são elas que mais são afetadas. "As participantes do género feminino apresentam níveis de bem-estar psicológico geral significativamente mais baixos do que os indivíduos do género masculino”, lê-se no relatório.

Um problema que associação considera também “generalizado” ao nível de área de estudo. “Muitas vezes costuma-se dizer que só os estudantes de Medicina, Direito ou Engenharia é que sofrem muito e que os outros estão bem, é fácil e não têm problemas. Mas efetivamente este estudo mostrou que todas as áreas estão sensivelmente no mesmo patamar, ou seja, todas as áreas têm o mesmo tipo de problemas mentais”.

A conclusão é clara: há “um declínio significativo no bem-estar psicológico dos estudantes universitários”.

Já outro estudo da Universidade de Évora, publicado em março deste ano, evidenciava os números semelhantes.

O estudo começou com a recolha de 3143 respostas precisamente há um ano, de forma simbólica no dia 10 de outubro de 2022, Dia Mundial da Saúde Mental. Avaliou a saúde mental dos estudantes do ensino superior e envolveu 17 instituições nacionais e internacionais.

Os resultados? “19,2% dos participantes referiu que já lhes foi diagnosticado algum tipo de doença mental e destes, 4 em cada 10 (40,5%) foi diagnosticado após o início da pandemia”, pode ler-se nas conclusões.

Do total, 7% aponta que a pandemia piorou a sua saúde mental e 23% toma medicação para a ansiedade, depressão, insónias ou outro problema psíquico. Já “um em cada quatro (27,1%) participantes refere já ter tido pensamentos de que estaria melhor morto ou de se ferir a si mesmo de alguma forma” e "27% referiu que a sintomatologia depressiva causa muita ou extrema dificuldade na vida académica/trabalho".

Para Olga Cunha, psicóloga e presidente da direção da RESAPES- Rede de Serviços de Apoio Psicológico no Ensino Superior, os números de hoje mostram que "a ideia de que os jovens são malta nova que não tem problemas não é verdade".

Segundo a psicóloga, muitos estudantes "trazem uma bagagem complicada já anterior" ao ingresso na universidade. "Alguns deles têm algumas questões de doença mental e, portanto, a integração deles também no ensino superior é importante."

Saúde mental ainda é um tabu?

A resposta divide-se. “Acho que o estigma está a deixar de existir, mas ainda existe muito. Eu própria vivo isso com os meus pais. Os meus pais têm estigma relativamente à saúde mental, sobretudo o meu pai”, partilha Carolina.

Afonso, por outro lado, acredita que “o conhecimento e a maneira como a sociedade tem olhado para a saúde mental melhorou”.

Enraizado pela incompreensão ou pela “falta de literacia em saúde mental, transversal na população portuguesa”, diz a professora Maria Nogueira, é certo que o tema se tem tornado mais presente no debate público, quer pelas chamadas de atenção de artistas, empresas e instituições, quer pela própria consciencialização individual.

“Há uma tendência crescente que vem da própria consciencialização dos estudantes para a importância de ter uma boa saúde mental para poderem, obviamente, continuar a estudar e terem uma vida muito equilibrada”, indica Catarina Ruivo, presidente da Federação Académica de Lisboa (FAL), à Renascença.

Ainda assim, os dados dos estudos revelam-se “preocupantes, uma vez que são jovens adultos e supostamente estão no auge da saúde física”, alerta Maria Nogueira.

Afinal, quais são as explicações para números assim?

Pandemia acelerou, inflação e habitação pioraram

O mundo debruçava-se na incerteza em plena pandemia de covid-19 e o tema da saúde mental já era colocado em cima da mesa.

“A pandemia teve um significativo impacto negativo na saúde mental dos jovens portugueses, especialmente nos níveis de depressão e de ansiedade”, concluiu um estudo realizado pela Universidade de Coimbra, ainda no início de 2021.

Mais tristes, com medo e raiva, a verdade é que os jovens estão hoje envoltos numa série de “fatores que culminam num quadro de ansiedade”, avisa Lucília Catumbela, membro do Student Club on Mental Health and Inclusion, do Instituto Superior Técnico, que desenvolve atividades de sensibilização para estes temas.

“Uma pessoa vai para a universidade e geralmente quer preocupar-se em estudar, certo? Mas se houver outras coisas por trás, como não ter lugar na residência ou ter de procurar um trabalho porque não tem dinheiro suficiente para suportar os custos, não é fácil.”

“A pressão que se tem ao nível do mercado de trabalho e mesmo o facto de não conseguirmos ter a perceção se estamos em segurança, mesmo em termos financeiros, a inflação e a crise que é constante hoje em dia” acabam por desencadear “uma maior ansiedade social”, acredita Catarina Ruivo, presidente da FAL.

Já Laura Martins, da RYSE, ressalta que a “falta de empatia por parte dos professores no trabalho excessivo nas aulas é a principal queixa”.

Lucília Catumbela partilha a mesma opinião. “Quem está a dar aulas não tem noção do que se passa do outro lado, de quais são as adversidades que os alunos passam”, diz. “A maior parte das pessoas não consegue chegar às expectativas que os professores têm e isso pode gerar problemas a nível de saúde mental”.

Presidente da FNAEESP- Federação Nacional de Associações de Estudantes do Ensino Superior Politécnico, João Pedro Pereira conhece bem a temática. À Renascença, garante que, para além da “carga horária, a falta de motivação” e “a pressão que é exercida sobre os estudantes para atingir certos marcos”, uma das “grandes problemáticas tem a ver com o alojamento estudantil”.

Se há três anos os jovens sentiram o peso de estarem confinados em casa, hoje parece ser a falta de casa um dos problemas que afetam a sua saúde psicológica.

“As preocupações maiores têm a ver com a integração no mercado de trabalho, as perspetivas de vida e claro, atualmente, são as questões da habitação e do alojamento”, destaca à Renascença Olga Cunha.

Já em março, a presidente da Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa descreveu um cenário que considera “preocupante”: por cada 1.000 estudantes colocados em universidades e institutos politécnicos, pelo menos 106 não formalizam a matrícula ou são forçados a desistir de tirar um curso superior por razões económicas.

Pandemia, inflação, pressão escolar, falta de habitação, são então os motivos que incitam a procura de ajuda por parte dos jovens estudantes em Portugal. Mas se os jovens conseguem combater o estigma, que “é a principal barreira para procurar ajuda”, diz Maria Nogueira, impõe-se outra questão: quem a procura, consegue obtê-la?

“Quem pede ajuda está nas últimas”

“Após a pandemia, muitos jovens ficaram mais despertos para o seu próprio sofrimento” e por isso procuraram ajuda, revela a presidente da FAL. No entanto, a que existe disponível não se revela suficiente, indicam especialistas da área.

“Há falta de psicólogos no ensino superior. Há muita procura e as filas de espera acabam por ser muito acentuadas. Algumas instituições têm cerca de quatro, cinco, às vezes seis meses de fila de espera para a primeira consulta”, alerta Catarina Ruivo

“Como o Serviço Nacional de Saúde (SNS) não tem capacidade para dar resposta às necessidades da população, nos casos de burnout, ansiedade extrema, de depressão, os casos também já são tratados ou pelo menos acompanhados em gabinetes de apoio psicológico nas faculdades e nos institutos”, adianta.

Sérgios Alves, presidente da ANEP- Associação Nacional de Estudantes de Psicologia, denuncia à Renascença, no entanto, a forma como são percecionados estes apoios.

“As respostas de um problema de saúde são dadas por um centro de saúde ou um hospital. Esperar que uma instituição de ensino consiga acolher este tipo de necessidade não faz sentido”, aponta. “Os gabinetes de apoio têm de funcionar com uma perspetiva de promoção de saúde e prevenção e a maior parte deles funcionam como um gabinete remediativo, onde as pessoas já vão com um problema instaurado.”

Afonso, estudante, diz que procurar ajuda numa instituição de ensino nunca lhe passou pela cabeça. “Como eu era mais velho do que as outras pessoas, parecia que tinha uma obrigação de já ter tudo controlado, então não procurei ajuda.”

Mesmo se essa tivesse sido a sua vontade, o jovem sabe que o acompanhamento psicológico nas faculdades “é muito difícil de obter”. “São muitos alunos para um, dois psicólogos. Se uma universidade, por exemplo, tem 16 mil alunos e só dois psicólogos, é quase impossível teres apoio”, explica.

Carolina, por outro lado, é acompanhada por uma psicóloga no setor privado, que a acompanha desde 2017. A experiência na universidade deu-lhe a conhecer a dificuldade que os jovens sentem na procura de ajuda.

“As listas de espera são gigantes e depois o acompanhamento acaba por também não ser o melhor. Conheço pessoas que não conseguiram sequer consulta e outras que esperaram e depois não sentiram qualquer tipo de empatia com o profissional que estava do outro lado e tiveram de deixar ou procurar no privado”, partilha.

“Ok, a universidade não é um hospital, mas a universidade é um sítio onde é suposto as pessoas sentirem-se acolhidas e integradas. Se todos pensarmos que universidade ‘não é um hospital’, então as coisas vão continuar a piorar de forma acelerada”, acrescenta Carolina.

Segundo dados da Ordem dos Psicólogos, o rácio de psicólogos com intervenção em contexto escolar e os alunos não deve exceder os 500 alunos para 1 psicólogo. A Assembleia da República, por outro lado, faz uma recomendação abaixo do rácio globalmente aconselhado - 1 psicólogo por 750 alunos.

Na realidade, nenhuma das recomendações se aproxima dos números no Ensino Superior: de acordo com a Ordem dos Psicólogos, “o rácio revela um desfasamento ainda maior comparativamente às recomendações internacionais, correspondendo a 1 psicólogo por cada 3.238 alunos”.

Olga Cunha, psicóloga, explica que o número de profissionais nas instituições de ensino “tem crescido nos últimos dois, três anos”, mas mesmo assim “não chega de todo”.

“Algumas problemáticas que nos chegam já são mais do foro do SNS e nós estamos um bocadinho a responder em primeira linha, porque também os colegas do SNS não têm mãos a medir para o número de pedidos que entretanto cresceram.” No caso do serviço na universidade onde Olga oferece apoio, “são duas psicólogas para cinco mil alunos”.

Entre a falta de recursos e os apoios limitados, que não chegam para dar resposta ao número crescente de solicitações, surge outro peso a ter em conta: e os custos?

Olga Cunha explica que o pagamento- ou não- de consultas nas diferentes faculdades é “uma decisão política”.

“A diferença tem a ver com a própria universidade. E normalmente também os preços que se praticam são preços simbólicos de 5 € ou 7 €, mas claro que esse valor pode ser mais ou menos significativo de pessoa para pessoa.”

Para combater este problema, existem várias soluções, como parcerias com clínicas privadas, consultas a preços “acessíveis” ou consultas gratuitas. Catarina Ruivo, presidente da FAL, esclarece: “Na maior parte das instituições com ação social garantida, os estudantes que são bolseiros não pagam ou pagam um preço muito baixo”; já os estudantes sem bolsa pagam um valor “irrisório, à volta dos 11 €”.

Com o número elevado de alunos que requerem ajuda, a solução pode também passar por recorrer a parcerias com clínicas privadas, “como é o caso do ISCTE- Instituto Universitário de Lisboa”, exemplifica Catarina.

Plano prometido a chegar: quais as respostas?

A saúde mental dos jovens no Ensino Superior “é uma espécie bomba relógio que tem vindo a aumentar”

O alerta é de Sérgio Alves, presidente da ANEP. “Há um trabalho cultural que tem de ser feito”, porque “tem-se criado uma situação muito perigosa para o futuro", defende à Renascença. "Estamos a falar de uma altura de desenvolvimento essencial para a formação do futuro da nação.”

Alertado para o agravamento das queixas e para a necessidade de criar estratégias de apoio aos jovens, o Governo anunciou, em março, um plano de saúde mental para o Ensino Superior, com o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, a garantir na altura que o executivo está "muito atento àquilo que são as múltiplas queixas das gerações mais jovens".

Juntamente com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, foi constituída uma comissão técnica, composta por profissionais de saúde e estudantes.

Segundo o Programa para a Promoção de Saúde Mental no Ensino Superior, apresentado esta terça-feira, o objetivo era de que a sua operacionalização começasse ainda no ano letivo 2023/2024, mas à Renascença, o Secretário de Estado do Ensino Superior aponta que deverá apenas ser posto em prática "no início de 2024". Pedro Nuno Teixeira avança que a resposta, com base nas recomendações feitas pela comissão técnica, será a atribuição de uma verba de 12 milhões de euros durante três anos para projetos desenvolvidos pelos serviços de saúde mental do ensino superior.

Mas o que é que deve estar contemplado nestes projetos? Para a presidente da Federação Académica de Lisboa, a resposta passa pela criação “de uma rede nacional de Gabinete de Apoio ao Estudante, tutelada e financiada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, como também pelo Ministério da Saúde”, objetivando o fim da “disparidade entre instituições”.

Aliado a esta rede, uma das representantes dos estudantes lisboetas defende ainda o desenvolvimento “de um estudo da saúde mental e da prevalência das perturbações mentais no Ensino Superior”.

Já Maria Nogueira, professora universitária e enfermeira especializada em Saúde Mental e Psiquiátrica, acredita que o plano deveria ser implementado ainda no ensino secundário, podendo passar pela criação de “programas que combatam o estigma” e “workshops de estratégias de gestão do stress, do bem-estar, incluindo técnicas de relaxamento e de resolução de problemas”.

A especialista considera ainda que “integrar unidades curriculares em todos os cursos, não só nos cursos da saúde”, sem avaliação mas que dê créditos nas respetivas licenciaturas, “onde os estudantes aprendem de facto a promover a sua saúde mental, a identificar fatores de risco e ajudar os pares” pode ser uma das soluções.

Ricardo Nora, presidente da FADU- Federação Académica de Desporto Universitário, e João Pedro Pereira, presidente da FNAEESP, fizeram parte da comissão técnica criada para desenvolver o plano do Governo, em representação das associações de estudantes do Ensino Superior.

À Renascença, Ricardo afirma que a solução deve começar “com os agentes que estão no Ensino Superior, que neste caso são as instituições, são os estudantes e de alguma forma é a comunidade académica”, para que todos consigam identificar “boas práticas que existem já a nível nacional e internacional” capazes das intuições “darem uma resposta musculada”.

Representando o cargo que ocupa, o estudante entende que a solução deveria passar por “desenvolver mais atividades que promovam a saúde mental e também estilos de vida mais saudáveis de cada membro da comunidade académica”.

Do lado de quem vivencia esta “bomba relógio”, a estratégia parece simples. “É preciso um reforço psicológico nas universidades e várias verificações ao longo do ano, por exemplo, através de questionários anónimos”, defende Afonso.

“Aquilo que os jovens precisam é de saber que, se precisarem, a ajuda existe e está lá, que é eficaz e corre bem.”

A jovem acredita que, acima de tudo, deve existir uma resposta de proximidade. “Os jovens têm de saber que, se precisarem de ajuda, têm aquela ajuda e ponto final. Tem de haver uma intervenção do Governo ao nível do SNS, dar mais condições de trabalho aos profissionais de saúde, atrair mais profissionais, abrir concursos para profissionais, para também no ensino e nas universidades diminuírem as listas de espera.”

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