10 fev, 2023 - 00:20 • Liliana Carona Lusa
Para já ainda é só uma amostra, testada no Laboratório CPIRN: Centro Potencial e Inovação de Recursos Naturais do IPG – Instituto Politécnico da Guarda. Luís Silva, 45 anos, professor na área da química medicinal, está a desenvolver uma bebida para prevenir a diabetes. “É um projeto, cujo nome é “RedFruit4Health, e basicamente é a utilização de frutos vermelhos como promotores de saúde”, começa por destacar, sublinhando que “neste caso concreto envolve o desenvolvimento de uma bebida funcional, à base de cereja, mirtilo e os seus subprodutos, no sentido de zero desperdício e zero resíduos, na lógica da economia circular”.
Os frutos vermelhos têm na sua composição, um conjunto de compostos bioativos, compostos fenólicos, que têm propriedades antidiabéticas, e por outro lado, a bebida apresenta um baixo índice glicémico. “É uma bebida que previne a diabetes. O sabor nos primeiros ensaios, parece-nos uma bebida bastante agradável, com coloração vermelha, apresenta boas características sensoriais”, nota Luís Silva.
O investigador do IPG, na área dos compostos bioativos e plantas medicinais, como promotores de saúde, adianta a próxima etapa, para que a bebida possa ser concluída.
“Pretendemos desenvolver uma bebida funcional com propriedades antidiabéticas, está previsto um ensaio pré-clínico, para perceber os reais efeitos benéficos, utilizando um conjunto de voluntários, que irão ser sujeitos a uma dieta rica em frutos vermelhos, utilizando a bebida funcional, para avaliar os efeitos”, conclui.
A bebida funcional está praticamente desenvolvida: “Estamos à espera da próxima campanha. São 13 entidades envolvidas, algumas empresas do setor, como a Cerfundão e a Beira Berry, ou a 7.CBA Fruit. E o objetivo é desenvolver esta bebida conjuntamente com estas empresas”, destaca o investigador do IPG. A bebida de frutos vermelhos ainda não tem nome. “Aceitam-se sugestões”, sorri Luís Silva.
A equipa de investigação do IPG está a trabalhar em parceria com a Cerfundão e a Beira Berry, e a cbafruit, empresa que produz e distribui sumos de fruta.
O projeto tem ainda como parceiros a Associação de Desenvolvimento Rural da Serra da Estrela – ADRUSE, a Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal – AHRESP, o Pólo de Inovação da Covilhã, a INOVA+, a Associação de Agricultores para Produção Integrada de Frutos de Montanha – AAPIM, o laboratório Egianálise, o grupo hoteleiro Esquila Real, e os restaurantes Tertulimbatível e Nevão de Estrelas.
“É uma conquista importante para o IPG”, observa o presidente do IPG, Joaquim Brigas, “na medida em que é mais um resultado prático da ação de investigação em que o IPG tem vindo a apostar, traduzindo-se num reforço de investigação, ao mesmo tempo que se valorizam os produtos endógenos da região, e indo ao encontro de necessidades concretas do mercado”.
A bebida funcional vai ter o contributo de outros departamentos do IPG, nomeadamente na área da comunicação e marketing. “Vamos explorar as várias vertentes, não só na comercialização do produto, mas valorizar a investigação que é feita no IPG e que contribui para o desenvolvimento da região”, revela Joaquim Brigas.
O IPG tem de momento 3500 estudantes. Joaquim Brigas, realça que “tem havido um abandono elevado, nestas e noutras instituições e a nível europeu”, considerando existir um cenário preocupante, “sobretudo no interior”, porque justifica “estas instituições têm um papel fundamental para atrair mais gente jovem para estas regiões. Era preciso é que todos os autarcas tivessem esta consciência”, defende.