Tempo
|

CONCURSO ENSINO SUPERIOR 2022/2023

Sete anos depois, Medicina volta a ser o curso com a mais alta nota de entrada

11 set, 2022 - 00:00 • Pedro Valente Lima

Este ano até houve menos candidaturas e vagas disponíveis, mas o número de colocados aumentou: quase 50 mil estudantes entraram na 1.ª fase de acesso ao Ensino Superior. Sobraram 5.284 vagas para a segunda fase, que arranca já na próxima segunda-feira.

A+ / A-

Veja também:


Nesta primeira fase de acesso ao Ensino Superior, 49.806 estudantes conseguiram garantir a entrada nas universidades e institutos politécnicos públicos, o que representa um ligeiro aumento de 0,7% em relação a 2021.

Contudo, não deixa de ser curioso, quando este ano houve menos candidaturas e menos vagas iniciais. Ao todo, foram 61.507 candidatos ao Ensino Superior público, o que se traduz numa redução de 3,9% quando comparado com 2021. Já as 54.641 vagas disponíveis representam a segunda quebra consecutiva desde 2020, ano em que o número de posições a preencher foi superior a 56 mil.

A taxa de ocupação na primeira fase de acesso ao Ensino Superior superou a de 2021, passando dos 77% para 81%.

Perante esta discrepância entre vagas e candidatos, será natural esperar que milhares de estudantes tenham ficado de fora. Depois dos valores históricos do ano passado, em que mais de 14 mil candidatos não conseguiram garantir colocação, em 2022 foram quase 12 mil.

Às vagas iniciais ainda se somam 449 posições adicionais, dadas as situações de empate técnico entre os últimos colocados. Posto isso, sobraram 5.284 vagas, um valor 17,3% inferior ao que foi registado em 2021 e o menor registado desde 1999.

Já o aumento de 21% de colocações sob o contingente especial para estudantes com deficiência, alcançando os 381 novos alunos, permitiu quebrar um recorde no Ensino Superior público em Portugal para o número de colocados sob esta condição.

Os resultados de hoje, divulgados pela Direção-Geral do Ensino Superior, podem ser consultados aqui.

Medicina destrona as engenharias, sete anos depois

Medicina regressa ao topo dos cursos de Ensino Superior com a nota de entrada mais elevada, com 18,9. O primeiro lugar deste ranking pertence, assim, ao Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, da Universidade do Porto.

No entanto, depois de anos do domínio das engenharias, não será de admirar que o pódio só fique completo com duas licenciaturas do Instituto Superior Técnico, em Lisboa. O segundo lugar é ocupado pelo antigo líder, o curso de Engenharia Aeroespacial, com 18,85 de nota do último colocado.

Já Engenharia Física Tecnológica fecha o 'top 3', com uma média mínima de entrada de 18,78. A Universidade do Porto, a Universidade de Lisboa e a Universidade do Minho dominam a lista das dez instituições com as classificações de entrada mais elevadas.

No cômputo geral, os últimos lugares são ocupados pelas licenciaturas de Equinicultura, do Instituto Politécnico de Portalegre, Gestão e Administração Pública, do Instituto Politécnico de Bragança, e Artes Visuais, na Universidade da Madeira, onde a nota do último colocado não descolou dos 9,5.

Cursos 100% preenchidos são quase o dobro

No que toca aos cursos que esgotaram as vagas da primeira fase, os números quase dobraram em relação ao ano passado: de 484 para 838. Houve cinco instituições com a totalidade das suas licenciaturas lotadas: ISCTE - Lisboa, Universidade Nova de Lisboa e as escolas superiores de enfermagem do Porto, Coimbra e Lisboa.

No que diz respeito às áreas de formação, Direito, Informação e Jornalismo e Ciências da Vida destacam-se entre as licenciaturas que esgotaram as vagas. No sentido inverso, as Engenharias e Técnicas Afins ficaram com duas mil posições por preencher. Seguem-se Arquitetura e Construção, com 441 e Ciências Empresariais, com 427 vagas sobrantes.

Quanto aos cursos em específico, Engenharia Eletrotécnica e de Computadores volta a liderar as licenciaturas com mais vagas por ocupar: 427. Engenharia Civil ficou com 354 lugares à disposição, enquanto que Engenharia Informática encerra os três primeiros lugares, com 254.

Numa área profissional fustigada como tem sido a Educação, regista-se um aumento de 14% nas colocações em cursos de Educação Básica a nível nacional, contando com 727 novos alunos. No entanto, esta licenciatura continua na lista dos cursos com mais vagas por preencher, com 143. Desse valor, 140 são no ensino politécnico.

Por último, o número de cursos sem candidatos diminuiu em relação ao ano passado, de 38 para 26.

Interior ganha mais alunos, mas continua por povoar

Nas zonas com menor pressão demográfica do país, as instituições de Ensino Superior assistiram a um aumento de 6% das colocações, com valores a chegarem aos 13.351 colocados.

Contudo, perduram as dificuldades em preencher os cursos. É o caso do Instituto Politécnico de Bragança, por exemplo, que ficou com quase metade das vagas por ocupar: cerca de 48%, ou seja, 1.077 cadeiras vazias. Dos 26 cursos com zero candidaturas a nível nacional, seis são desta instituição transmontana.

No encalço surgem os institutos politécnicos de Tomar e Guarda, com mais de 40% dos lugares por preencher.

É também em Bragança que está a faculdade com o maior número de vagas que transitam para a segunda fase de acesso ao Ensino Superior. A Escola Superior de Tecnologia e de Gestão de Bragança ficou com 602 vagas por preencher, mais do que as universidades e politécnicos de Porto, Lisboa e Minho... juntos.

Mantém-se preferência pelo ensino universitário

Tal como no ano passado, continua a existir uma maior procura pelas universidades em relação ao ensino politécnico. Dos quase 50 mil colocados nesta primeira fase, mais de 63% entrou numa universidade, valor praticamente igual ao registado em 2021.

Ao todo, 31.778 alunos ficaram colocados no ensino universitário, enquanto 18.028 ingressam nos institutos politécnicos. Em ambos os casos, houve um aumento no número de alunos comparando com o ano passado.


Mais de metade entrou na 1.ª opção

Nesta primeira fase de acesso ao Ensino Superior, 52% dos estudantes conseguiram ingressar na licenciatura que, em teoria, mais desejavam.

Se englobarmos as segunda e terceira opções, o valor ascende aos 84%.

E quem não entrou?

Ao quase 12 mil estudantes que ficaram sem colocação, resta esperar pela segunda fase, que arranca já na próxima segunda-feira, 12 de setembro, e termina a 23 do mesmo mês.

Pode concorrer à segunda fase:

  • Os candidatos não colocados na primeira fase;
  • Os candidatos colocados, mas que pretendam concorrer de novo (se estes estudantes forem colocados na 2.ª fase, a colocação na 1.ª fase, bem como a matrícula e inscrição que realizaram, são anuladas);
  • Os candidatos colocados que não procederam à respetiva matrícula e inscrição atempadamente;
  • Os estudantes que não concorreram à primeira fase;
  • Os estudantes que só reuniram condições para se candidatarem após o prazo final da primeira fase.

A 30 de setembro serão anunciados os resultados da segunda fase de acesso ao Ensino Superior, que inclui não só as vagas que ficaram por preencher, como as que foram ocupadas, mas não se concretizaram através de inscrição ou matrícula.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+