"Louvores não pagam contas". Profissionais da GNR da Guarda denunciam esquecimento do interior do país

08 jul, 2022 - 06:47 • Liliana Carona

No final de junho o Comando Territorial da GNR da Guarda recebeu um louvor por parte do Ministério da Administração Interna, mas o dirigente associativo distrital lembra que há falta de efetivos nesta região do país. "Na última colocação vieram zero militares para o Comando.”

A+ / A-
OuvirPausa
0:00 / 0:00

Miguel Oliveira é militar da GNR há 22 anos e dirigente associativo distrital da Associação dos Profissionais da Guarda. Em declarações à Renascença lamenta a falta de efetivos no Comando Territorial da Guarda.

“Foi feito um estudo que dá a conhecer que a GNR teria 77 postos com menos de 10 efetivos, sendo que o Comando Territorial da Guarda, tem mais de 10% desses postos”, conta o militar, ao mesmo tempo que salienta que “nesta época de pandemia, a população aprendeu a reconhecer o Interior, e a falta desses efetivos nota-se, mesmo junto das praias fluviais mais conhecidas, o efetivo não chega para colmatar as necessidades”.

Para este GNR é evidente que “há um esquecimento do Comando Territorial da Guarda, tanto que na última colocação deste último curso, o 46º curso, vieram zero militares para o Comando da Guarda. O interior não pode ser assim tão esquecido. A GNR da Guarda, terá entre os 500 a 600 militares, será dos comandos que tem menos militares a nível nacional”.

“Temos por exemplo o posto de Loriga, à volta de meia dúzia de militares, não tem efetivos suficientes para assegurar a zona toda, que é muito isolada, com muitas aldeias, Vide, Balocas, em que os militares de Seia, demoram cerca de uma hora a chegar à ponta do concelho”, alerta.

O dirigente associativo distrital da Guarda denuncia ainda a falta de condições do posto de destacamento de Vilar Formoso. “Dado que há uma estruturação das respostas fronteiriças e no comando da Guarda está localizada a maior fronteira terrestre, há que relembrar que os militares do posto de destacamento de Vilar Formoso já aguardam há anos por condições para trabalhar. As pessoas estão a monte, não têm condições de trabalho para trabalhar à vontade. É um posto com muitos anos. O que tinha condições para funcionar uma secretaria, e agora funcionam outros serviços e especialidades”, ressalva.

Militares reivindicam atualização dos salários e dignidade no subsídio de risco

O Comando Territorial da GNR da Guarda foi distinguido com a Medalha de Serviços Distintos de Segurança Pública, grau ouro. A atribuição de louvor e condecoração foi publicada no passado dia 28 de junho, em Diário da República.

Para Miguel Oliveira é preciso também outro tipo de reconhecimento. “Foi atribuído um louvor por serviços distintos ao Comando Territorial da Guarda, é um orgulho para todos os militares, mas eu gostaria de recordar ao Sr. ministro que os louvores não pagam contas. E acho que o melhor reconhecimento que o senhor ministro podia dar, era fazer uma atualização justa da tabela salarial e dar um subsídio de risco digno da profissão. A tabela salarial já não é revista há uma década. O valor que é auferido por um militar em início de carreira está quase equivalente ao salário mínimo nacional”, defende.

Na lista de reivindicações da associação está ainda a questão dos fardamentos. Os militares querem comprar fardamento e não está disponível, havendo militares com fardamento incompleto.

“Os militares querem comprar fardamento e não está disponível, há militares com fardamento incompleto. Não sei a que se deve essa indisponibilidade, é muito estranho. O casaco custa à volta de 150€. Há um subsídio que é descontado, para adquirirmos esse material”, esclarece Miguel Oliveira.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+