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Plano Geral de Drenagem

Comerciantes da Av. da Liberdade preocupados com as obras, mas admitem que são necessárias

29 jun, 2022 - 00:52 • Ana Carrilho

Esta segunda-feira uma equipa da Câmara de Lisboa foi à União das Associações do Comércio e Serviços explicar todos os detalhes das obras que deverão começar em janeiro na Avenida e prolongar-se por quase dois anos.

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“Ninguém gosta de obras, mas temos que ter consciência que esta é fundamental para a cidade de Lisboa”, diz Carla Salsinha, presidente da UACS – União das Associações do Comércio e Serviços – em declarações à Renascença sobre as obras do Plano Geral de Drenagem de Lisboa que no início do próximo ano vão chegar à Avenida da Liberdade e ruas adjacentes.

Numa reunião que decorreu esta segunda-feira na sede da UACS, responsáveis da Câmara de Lisboa, nomeadamente a vereadora responsável pelas obras municipais, Filipa Roseta, explicaram minuciosamente aos empresários tudo o que vai acontecer e os timings. “Ficaram muito satisfeitos com esta transparência, que não aconteceu noutros casos”.

Em princípio, a zona será afetada durante 18 meses. Mas Carla Salsinha considera que “é mais sensato apontar para dois anos. E todas estas obras têm imponderáveis que se refletem no comércio. As pessoas têm tendência a não ir para estas zonas, por causa das confusões de trânsito, os congestionamentos e os incómodos próprios das obras”.

Segundo a responsável associativa, está garantido o acesso pedonal às lojas, boa parte delas, de luxo e procuradas (também) por turistas com alto poder de compra.

Quanto ao trânsito na Avenida da Liberdade não deverá ser totalmente cortado, mas existirão restrições e menos faixas de circulação. Ainda assim, em determinada fase do processo, o trânsito automóvel deverá ser cortado durante a noite (das 21 às 6 da manhã) durante quatro meses.

As ruas de Santa Marta, S. José e parte da Alexandre Herculano é que não se livram da interdição de trânsito que deverá ocorrer por um período de cinco a seis meses e afetar significativamente os comerciantes dessa área.

Autarquia garante apoio às empresas

Segundo Carla Salsinha, os responsáveis autárquicos e o presidente da Junta de Freguesia de Santo António, Vasco Morgado, garantiram apoio aos comerciantes que vão ser afetados e querem envolvê-los no processo, mostrando abertura para receber contributos que reduzam o impacto da intervenção.

A UACS está a fazer um levantamento junto das cerca de duas centenas de estabelecimentos da zona da Avenida da Liberdade e deverá sugerir a isenção de taxas de licenciamentos, de ocupação do espaço público e de publicidade. Mas Carla Salsinha admite também o pedido de indemnizações para as empresas mais atingidas.

Adicionalmente, os membros do gabinete de comunicação da Câmara sugeriram, inclusive, a realização de uma campanha que leve pessoas ao local das obras para conhecerem a tuneladora H2OLisboa que tem cerca de 100 metros de comprimento e que vai avançar cerca de 10 metros/dia a 30-40 metros de profundidade.

A líder associativa dos comerciantes lisboetas valoriza o facto da reunião com os responsáveis autárquicos ter ocorrido em tempo útil para que as empresas se possam preparar devidamente nos próximo seis meses.

Ninguém gosta de obras, mas este Plano de Drenagem é necessário

“Ninguém duvida que vão ser dois anos difíceis para as empresas e comércio da zona da Avenida”, mas Carla Salsinha faz questão de frisar que as pessoas percebem o interesse e os benefícios que esta obra traz especialmente à zona baixa da cidade e a todos.

“Foi-nos bem explicado que esta obra tem duas vertentes: a primeira e mais impactante, principalmente para a Baixa, Santa Apolónia, Alcântara, R. de Santa Marta e de S.José, que é a reduzir as cheias e inundações quando chove muito; por outro lado, a sustentabilidade, já que esta água da chuva vai ser reaproveitada para regas, por exemplo”.

No dia 12 de julho a autarquia realiza outra reunião com a UACS para explicar aos empresários da zona da Av. Almirante Reis o que ali vai acontecer. Esta é outra das principais avenidas de intervenção e que também vai entrar em obra brevemente.

O Plano Geral de Drenagem de Lisboa tem um período de execução de 2016 a 2030 e visa a proteção da cidade contra o impacto das alterações climáticas, nomeadamente a redução dos problemas de cheias e inundações na capital em cerca de 70-80%. Mas também vai permitir a reutilização das águas e a redução da fatura de água potável. Está prevista a construção de dois grandes túneis de drenagem (supercoletores) que vão atravessar toda a cidade de Lisboa.

O maior, com cerca de 5km, começa no Monsanto, passa por Campolide e vai até Santa Apolónia; o mais pequeno, com cerca de 1km, começa no Beato e vai até Chelas.

A obra deverá estar concluída em 2025 e representa um dos maiores investimentos da autarquia: 250 milhões de euros.

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