Covid-19

Pediatra. “Pais vão vacinar os filhos para os proteger das medidas sanitárias e não do vírus”

10 dez, 2021 - 22:57 • João Carlos Malta

O pediatra e intensivista do Hospital de Santa Maria, Francisco Abecasis, teme que as crianças entre os cinco e os 11 anos sejam vítimas da discriminação que, alega, os adolescentes não vacinados têm sido alvo.

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O pediatra e intensivista Francisco Abecasis tem sido uma das vozes mais ativas que se opõem à vacinação de menores de idade, e teme que as crianças entre os cinco e os 11 anos cujos pais decidam pela não vacinação sejam discriminadas. O médico garante que não conhece nenhum pai que vacine o filho pelo risco da doença.

“A maioria esmagadora vai vaciná-los para os filhos não serem obrigados a isolamentos mais prolongados e a serem testados todas as semanas”, explicita o médico que segue inúmeras crianças.

E concretiza: “Os pais vão vacinar os filhos para os proteger das medidas sanitárias impostas e não do vírus”.

Depois da conferência de imprensa desta sexta-feira à tarde, Francisco Abecasis quis deixar uma mensagem e um apelo.

A primeira tem como destinatários os pais: “Uma mensagem de tranquilidade para os pais, porque quer o risco da doença, quer o risco da vacina, felizmente, nas crianças é muito, muito reduzido. Nem as crianças estão em risco de ter doença grave, mas também não estão em risco de ter grandes efeitos secundários da vacina”.

Já o apelo tem como destinatários as autoridades de saúde e o Governo, e este é o ponto, que sublinha, mais o preocupa. “É dito e redito que não se discrimina as crianças que não estão vacinadas, mas todos nós sabemos que isso não é verdade. Sinto isso na pele todos os dias”, refere, dando o exemplo dos filhos adolescentes.

“As crianças são discriminadas porque as que não estão vacinadas, mesmo que tenham testes negativos têm de ficar em isolamento profilático, e as que estão vacinadas não têm”, critica.

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"Uma mensagem de tranquilidade para os pais, porque quer o risco da doença, quer o risco da vacina, felizmente, nas crianças é muito, muito reduzido."

O pediatra considera esta medida injusta porque tanto os vacinados como os não vacinados podem ter casos positivos, e ainda assim os “não vacinados são sujeitos a testes e mais testes”.

Uma forma de vacinar indiretamente

Esta diferenciação, numa criança de cinco ou seis anos, segundo Francisco Abecasis além de “não ser justa” é “uma forma de obrigar os pais a vacinar os filhos”.

Apesar da diretora-geral da Saúde ter sublinhado que não existiria discriminação em relação às crianças que não se vacinem, Abecasis não ficou convencido e lembra que, logo a seguir Graça Freitas disse que seria obrigatório o teste porque “esse é o preço que a sociedade exige”.

Ou seja, “não obriga, mas obriga a testar”. “É uma forma indireta de obrigar”, lamenta.

Ainda assim, pede para não transpor para as crianças abaixo de 12 anos, “aquilo que é feito às crianças mais crescidas”. “Se há tanta dúvida e tanta divisão, não é lícito obrigar um pai a vacinar um filho”, argumenta.

A possibilidade aventada pelo epidemiologista e membro da Comissão Técnica de Vacinação, Manuel Carmo Gomes, de a ausência de vacinação poder levar a 600 a 900 internamentos de crianças entre os cinco e os 11 anos não impressionam este intensivista do Hospital de Santa Maria.

“O que sabemos é que já tivemos vários picos pandémicos em Portugal, tivemos uma taxa de incidência que foi a mais alta do mundo em janeiro deste ano, e nunca houve uma pressão sobre os serviços pediátricos. Não podemos transpor o nosso raciocínio dos adultos para as crianças, porque são doenças diferentes”, argumenta.

Em relação a riscos futuros para as crianças que contraiam a doença, também não deixam este médico receoso. “Não há casos de ‘long covid’ em crianças com idade pediátrica e fica-se na dúvida se os efeitos serão da doença ou das medidas de restrição a que estão obrigadas”, questiona.

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"É dito e redito que não se discrimina as crianças que não estão vacinadas, mas todos nós sabemos que isso não é verdade."

Francisco Abecasis resume a situação que vivemos em relação à vacinação das crianças como estando balizada numa dinâmica de “risco baixo e benefício baixo”.

E por fim, argumenta que a vacina que será dada “não é eficaz em relação à variante Ómicron que se está a tornar muito prevalente em muitos países”.

Por isso, e não havendo urgência de vacinar as crianças “devia-se aguardar para perceber se esta vacina cobre a variante Ómicron”.

“Se não o fizer, não devemos sujeitar 600 mil crianças a um ato médico que tem riscos apesar de muito baixos”, remata.

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  • Filipe
    11 dez, 2021 évora 01:51
    Nas escolas os menores de idade não sabem mentir como os adolescentes , irão ser apontados como os judeus foram , os pretos são e os ciganos são . Nas escolas com tanta tolerância agora para a igualde de género e respeito pela diferença com até as aulas de Cidadania , vai agora aparecer uma classe de não vacinados por opção que vão ser torturados , culpados e descriminados em tudo dentro da Escola . Estejam atentos agora aos comportamentos de medo dos vossos filhos , pois irão ficar traumatizados com este flagelo de auto discriminação e já começou na comunicação social por parte de adultos mercenários do Governo , a os apontar como culpados dos outros apanharem a doença , cuidado agora , tenham medo agora desta decapitação do princípio de igualdade , nunca vão ser iguais entre vacinados e não vacinados , vão ser excluídos de grupos e da sociedade . E , muitos pais vão vacinar as crianças para andarem eles ou todos na borga alegadamente protegidos , o que é claramente uma mentira . Em Portugal passa-se que a vacina , a terceira dose protege , mentira ! Estudos recentes apontam para uma proteção só de 11 vezes mais de anti corpos , a vacina já não funciona , é aldrabice . Vejam aqui : https://www.thelancet.com/action/showPdf?pii=S0140-6736(21)02717-3

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