01 dez, 2021 - 20:10 • João Malheiro
Devido a falta de médicos, a urgência da Unidade Local de Saúde do Hospital da Guarda esteve parcialmente encerrada e só assegurou apoio a doentes críticos ou em risco de vida, entre as 00h00 e as 08h00 da manhã, desta quarta-feira, denuncia o Sindicato Independente dos Médicos (SIM), numa carta à qual a Renascença teve acesso.
Na carta escrita para o Conselho de Administração da ULS da Guarda, o sindicato denuncia o que diz ser "a ausência de clínicos para fazer face às necessidades desse serviço, com escalas em total incumprimento com os requisitos mínimos de segurança para os doentes e para os clínicos, provocando um cenário de instabilidade e insegurança".
À Renascença, o presidente do Sindicato indica que "seis médicos da Guarda solicitaram a sua demissão" e que o responsável da equipa da urgência entendeu que só atenderia os doentes em estado crítico, por não estarem reunidas "as condições que assegurarem a segurança dos doentes".
"Durante a noite, não houve acesso a essa urgência por parte de outros utentes e tiveram de se dirigir ao Hospital da Covilhã, ao Hospital de Castelo Branco ou mesmo o Centro Hospitalar da Universidade de Coimbra", esclarece Jorge Roque da Cunha.
O presidente do SIM realça que muitos médicos do Hospital da Guarda "já fizeram mais de 400 horas extraordinárias", ou seja, "50 dias de trabalho a mais, todos os anos".
"Ultrapassou a linha vermelha. De acordo com os dados que temos, muitas das noites deste Hospital e alguns dos dias não têm as escalas mínimas estabelecidas", indica.
"Durante o mês de dezembro, esta situação pode repetir-se, em mais dez dias, pelo menos" alerta Jorge Roque da Cunha.
O sindicalista critica a diretora clínica do Hospital da Guarda por se "recusar a encarar o problema".
"O nosso apelo junto do Conselho de Administração e junto do Governo é que encarem o problema. Esta situação está a generalizar-se pelo país e, se nada for feito, o Serviço Nacional de Saúde não vai sobreviver", apela.
"A verdade ganha sempre à propaganda. O Governo tem de agir rapidamente", reforça, ainda.
A Renascença tentou obter uma resposta da Unidade Local de Saúde do Hospital da Guarda, mas tal não foi possível.