11 out, 2021 - 21:27 • João Malheiro
A Ordem dos Médicos (OM) alertou esta segunda-feira que o Hospital de Vila Franca de Xira tem equipas médicas em "completo esgotamento".
À Renascença, o presidente da secção regional do sul da OM contou que registou, numa visita ao Hospital, que as equipas "estão a trabalhar abaixo das condições normais para um Hospital daquela dimensão".
Alexandre Valentim Lourenço apontou que os problemas devem-se, em parte, à passagem da gestão do hospital para a alçada do Estado.
"É um problema de autonomia de decisão e contratação. Quando era preciso um médico, e se houvesse médicos, tinham alguma maleabilidade para oferecer contratos com alguma velocidade. Agora, não. Agora, estão presos a sistemas centrais que fazem com que estes concursos demorem meses e às vezes anos até estarem resolvidos", explicou.
A sobrelotação do Hospital de Vila Franca de Xira levou a que vários utentes estejam a ser atendidos em garagens, adaptadas durante o período agudo da pandemia, mas que já não deviam estar ativas.
"Continuam a ter doentes de medicina, porque não têm vagas nos serviços que estão lotados", denunciou a Ordem dos Médicos.
O presidente da secção regiona do sul da OM alertou ainda, à Renascença, que os profissionais do Hospital estão a operar "no limite máximo das suas capacidades" e que ""se o inverno trouxer excesso de trabalho, teremos problemas".
O presidente da Câmara de Setúbal, André Martins, afirmou esta segunda-feira que o Hospital de São Bernardo, do Centro Hospitalar de Setúbal (CHS), “está a funcionar e com qualidade", apesar do pedido de demissão de 87 médicos.
“O hospital está a funcionar, os profissionais da saúde estão cá, está-se a prestar o melhor serviço - aquilo que é tradicional neste hospital -, um serviço de grande qualidade, mas existem aqui dificuldades”, afirmou André Martins aos jornalistas, citado pela Lusa.
Em reação, Alexandre Valentim Lourenço disse, à Renascença, "não poder comentar um serviço de qualidade com 47 macas num corredor".
"São declarações para tranquilizar a população e devem ser feitas, porque os médicos continuam lá a prestar serviço. Agora, não as prestam com a qualidade devida e nas condições apropriadas", considerou.
Sobre a demissão dos 87 médicos dos cargos de chefia, comunicada na semana passada, o presidente da secção regiona do sul da OM avisou que o Hospital "está sem chefia, o que significa que se for preciso fazer planos e atividades, não há ninguém que o faça".
"Temos de perguntar aos utentes se acham que estão a ser tratados com qualidade", apelou, ainda.