O regresso ao (novo) normal. O que mudou com a pandemia?

25 set, 2021 - 08:27 • Joana Gonçalves , João Malheiro (texto)

O "regresso à normalidade" é, agora, a expressão mais usada para a próxima fase de desconfinamento, que começa a 1 de outubro. Mas há um antes e um depois da grande pandemia do último século. Com a luz ao fundo do túnel, a vida e o mundo serão diferentes em relação a março de 2020, quando o vírus foi detetado pela primeira vez em Portugal.

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Mural do artista Vhils, em homenagem aos profissionais de saúde no Hospital São João, no Porto. Foto: José Coelho/Lusa
Mural do artista Vhils, em homenagem aos profissionais de saúde no Hospital São João, no Porto. Foto: José Coelho/Lusa
Jovem passeia no centro histórico de Lisboa. Foto: Jimmy Arnaudin/Hans Lucas/ Reuters
Jovem passeia no centro histórico de Lisboa. Foto: Jimmy Arnaudin/Hans Lucas/ Reuters

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Um ano e meio. Foi o tempo que passou desde a chegada da Covid-19 a Portugal. Depois dos primeiros casos registados, a março de 2020, a pandemia teve muitos altos e baixos, mas o seu desfecho nunca pareceu tão próximo.

O coordenador da "task force" da vacinação, o vice-almirante Gouveia e Melo, disse que Portugal "venceu a primeira batalha" contra o vírus. E na última reunião no Infarmed foi consensual que o país se aproxima do "fim da fase pandémica" atual.

O "regresso à normalidade" é, agora, a expressão mais usada para a próxima fase de desconfinamento. Mas, quando voltarmos ao normal, haverá novidades (e restrições) que há um ano e meio não existiam.

O que é que mudou entre o antes e o depois da pandemia?

Máscaras

Antes da pandemia, mais rapidamente se viam turistas a usar máscara, nas grandes cidades, do que um português. E mesmo nos primeiros tempos após a chegada da Covid-19, em Portugal, o seu uso e eficácia não eram consensuais, inclusive para a própria Direção-Geral da Saúde (DGS).

Entretanto, o uso tornou-se generalizado e as máscaras ficaram como um dos símbolos mais reconhecíveis do impacto da pandemia no dia-a-dia dos portugueses. A terceira vaga da pandemia fez mesmo com que a Assembleia da República tivesse de tornar o seu uso obrigatório ao ar livre.

Legislação essa que chegou ao fim no último domingo e que se espera que não volte a ser necessária, a não ser que haja uma nova vaga mais perigosa da Covid-19.

Mesmo assim, muitas pessoas têm dito que vão continuar a usar a máscara na rua, para se sentirem mais seguras.

Já com a pandemia ultrapassada, o uso de máscara pode tornar-se uma prática recorrente, em particular no inverno, altura em que a propagação viral é mais elevada.

Na terceira fase de desconfinamento, que começa a 1 de outubro, será obrigatório usar máscara em transportes públicos, incluindo o transporte aéreo, estruturas residenciais para idosos, hospitais, salas de espetáculos e eventos e grandes superfícies. Os alunos vão deixar de utilizar a máscara no recreio da escolas.

Uma criança viaja, de máscara no rosto, num comboio da CP, na linha de Sintra e Cacém, em Lisboa. Foto: Sofia Freitas Moreira/RR
Uma criança viaja, de máscara no rosto, num comboio da CP, na linha de Sintra e Cacém, em Lisboa. Foto: Sofia Freitas Moreira/RR
Letreiro anuncia o uso obrigatório de máscara no interior do metro de Lisboa, durante a pandemia de Covid-19. Foto: Joana Bourgard/RR
Letreiro anuncia o uso obrigatório de máscara no interior do metro de Lisboa, durante a pandemia de Covid-19. Foto: Joana Bourgard/RR
Regresso à escola no Agrupamento de Escolas Frei Gonçalo de Azevedo, em Tires, Cascais. Foto: Joana Bourgard/RR
Regresso à escola no Agrupamento de Escolas Frei Gonçalo de Azevedo, em Tires, Cascais. Foto: Joana Bourgard/RR
Clientes usam máscara no interior de um café no Porto. Foto: Violeta Santos Moura/Reuters
Clientes usam máscara no interior de um café no Porto. Foto: Violeta Santos Moura/Reuters

Desinfetante

A outra grande medida de proteção que se generalizou, em paralelo com a máscara, foi o desinfetante para as mãos, que ajuda a travar a transmissão dos vírus.

A solução de álcool e gel tornou-se rotina, tanto em uso pessoal, como comercial. Todos os estabelecimentos têm, atualmente, um dispensador com desinfetante, ou à porta, ou colocado em diferentes pontos do espaço.

Tal como a máscara, o seu uso pode tornar-se mais recorrente, em jeito de prevenção, contra outras doenças.

Mais de 1.300 alunos regressam às aulas no agrupamento de Tires, em plena pandemia de Covid-19. Foto: Joana Bourgard/RR
Mais de 1.300 alunos regressam às aulas no agrupamento de Tires, em plena pandemia de Covid-19. Foto: Joana Bourgard/RR
Venda de máscaras e desinfetante numa máquina de “Vending” instalada na estação da Trindade do Metro do Porto. Foto: Fernando Veludo/Lusa
Venda de máscaras e desinfetante numa máquina de “Vending” instalada na estação da Trindade do Metro do Porto. Foto: Fernando Veludo/Lusa
 Início de campanha gratuita de testagem e rastreio à Covid-19, em Castro Marim. Foto: Luís Forra/Lusa
Início de campanha gratuita de testagem e rastreio à Covid-19, em Castro Marim. Foto: Luís Forra/Lusa
 Freguesias de Benfica e Arroios, na primeira segunda-feira em que entraram em vigor as medidas do estado de emergência, devido à pandemia do Covid-19. Foto: Joana Bourgard/RR
Freguesias de Benfica e Arroios, na primeira segunda-feira em que entraram em vigor as medidas do estado de emergência, devido à pandemia do Covid-19. Foto: Joana Bourgard/RR

Medição da temperatura

Uma das primeiras medidas de prevenção que se generalizou por todo o mundo, quando ainda ninguém conseguia prever o verdadeiro alcance da pandemia, foi a medição da temperatura.

A ação preventiva já foi sugerida, pelo presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública, como uma alternativa futura ao certificado, à entrada de estabelecimentos como os da restauração.

É outra prática que tem utilidade para lá do combate à Covid-19, ajudando a prevenir o contágio de outro tipo de doenças virais.

A verificação da temepratura corporal dos passageiros, atarvés de um sensor térmico, passou a ser a norma nos aeroprotos por todo o mundo. Foto: Yonhap/ EPA
A verificação da temepratura corporal dos passageiros, atarvés de um sensor térmico, passou a ser a norma nos aeroprotos por todo o mundo. Foto: Yonhap/ EPA
A candidata às eleições presidenciais Ana Gomes mede a temperatura corporal à entrada do Mercado Municipal de Matosinhos. Foto: Tiago Petinga /LUSA
A candidata às eleições presidenciais Ana Gomes mede a temperatura corporal à entrada do Mercado Municipal de Matosinhos. Foto: Tiago Petinga /LUSA
Aeroporto Humberto Delgado, na Portela, encerrado durante estado de emergência. Foto: Mário Cruz/Lusa
Aeroporto Humberto Delgado, na Portela, encerrado durante estado de emergência. Foto: Mário Cruz/Lusa

Confinamento

Há 100 anos, a gripe espanhola infetava um quarto da população mundial e deixava um rasto de mortos. Depois, surgiu o sobressalto da Gripe A, em 2009, uma espécie de antecâmara para, uma década depois, o que viria a ser a nova pandemia da Covid-19.

Quando o novo coronavírus se começou a disseminar, em dezembro de 2019, não havia muita gente que estivesse habituada a confinamentos generalizados, como medida de contenção da propagação em massa de um vírus.

Foi a realidade que Portugal teve de enfrentar em março de 2020 e, mais tarde, em fevereiro de 2021, devido à terceira vaga.

Os efeitos económicos, sociais e psicológicos dos confinamentos gerais vão continuar a ser temas de debate e análise nos próximos tempos.

E, com a possibilidade credível do surgimento de novas pandemias, o confinamento pode tornar-se uma arma rotineira para o combate de crises sanitárias semelhantes.

A Nova Zelândia já tornou este método um hábito, mal se deteta novos casos de Covid-19.

PSP realiza operação de fiscalização do cumprimento da limitação de circulação entre concelhos, no dia do trabalhador, em Lisboa. Foto: Mário Cruz/EPA
PSP realiza operação de fiscalização do cumprimento da limitação de circulação entre concelhos, no dia do trabalhador, em Lisboa. Foto: Mário Cruz/EPA
O café "A Brasileira", em Lisboa, esteve encerrado durante o segundo período de confinamento. Foto: Mário Cruz/Lusa
O café "A Brasileira", em Lisboa, esteve encerrado durante o segundo período de confinamento. Foto: Mário Cruz/Lusa
Lojas na baixa lisboeta encerradas, devido às restrições impostas pelo Governo, no combate à Covid-19. Foto: Mário Cruz/Lusa
Lojas na baixa lisboeta encerradas, devido às restrições impostas pelo Governo, no combate à Covid-19. Foto: Mário Cruz/Lusa
Avenida da liberdade, em Lisboa, completamente vazia, durante o recolher obrigatório. Foto: Tiago Petinga/Lusa
Avenida da liberdade, em Lisboa, completamente vazia, durante o recolher obrigatório. Foto: Tiago Petinga/Lusa

Teletrabalho

Um dos efeitos do confinamento. O teletrabalho, o ensino à distância, as videochamadas e todas as outras digitalizações de processos que ocorreram ao longo deste ano e meio não vão desaparecer tão cedo.

Apesar de algumas destas ferramentas não serem consensuais, a verdade é que as chamadas e reuniões via Zoom já se tornaram rotina para as mais diversas áreas laborais.

O novo normal será mais digital e também mais acessível a quem não puder marcar presença no local de trabalho ou na escola.

Milhares de portugueses aderiram ao regime de teletrabalho, no pico da pandemia. Foto: Meg Potter/Reuters
Milhares de portugueses aderiram ao regime de teletrabalho, no pico da pandemia. Foto: Meg Potter/Reuters
Aguradar pelo anúncio do conselho de ministros tornou-se um hábito dos portugueses, no momento da decisão entre levantamento ou reforço das restrições. Foto: António Cotrim/ Lusa
Aguradar pelo anúncio do conselho de ministros tornou-se um hábito dos portugueses, no momento da decisão entre levantamento ou reforço das restrições. Foto: António Cotrim/ Lusa
Foto: DR
Foto: DR
O desafio da gestão entre a vida profissional e familiar aumentou com o regime de teletrabalho. Foto: Zoltan Balogh/EPA
O desafio da gestão entre a vida profissional e familiar aumentou com o regime de teletrabalho. Foto: Zoltan Balogh/EPA

Cumprimentos

A pandemia obrigou a um distanciamento social rigoroso e certos cumprimentos, como os apertos de mão ou os abraços, passaram a ser desaconselhados.

Em substituição, surgiram os toques de cotovelo e, apesar de haver menos receio hoje em dia, ainda é (o novo) normal ver pessoas a utilizarem este cumprimento.

Já o toque de pé com pé parece não ter ficado tão na moda.

Duas crianças inovam no momento de se cumprimentarem, na tentativa de manterem o distanciamento necessário devido à pandemia de Covid-19, no regresso às aulas. Foto: Joana Bourgard/RR
Duas crianças inovam no momento de se cumprimentarem, na tentativa de manterem o distanciamento necessário devido à pandemia de Covid-19, no regresso às aulas. Foto: Joana Bourgard/RR
Um casal de namorados beija-se, durante a pandemia de Covid-19. Foto: Aly Song/ Reuters
Um casal de namorados beija-se, durante a pandemia de Covid-19. Foto: Aly Song/ Reuters
Filho cumprimenta mãe num lar de idosos, através de um separador de plástico. Foto: Facebook / Centro Servizi Persona Domenico Sartor
Filho cumprimenta mãe num lar de idosos, através de um separador de plástico. Foto: Facebook / Centro Servizi Persona Domenico Sartor

Negacionismo

Já havia uma tendência negacionista, de vários anos, relativo às alterações climáticas e questões relacionadas com o Ambiente. Mas foi com o combate à pandemia que mais vozes colocaram em causa o conhecimento e experiência da Ciência e dos seus especialistas, amplificadas pelas redes sociais.

Em ano e meio de Covid-19, nunca pararam de chegar notícias com o mesmo título: "Pessoa não acreditava na pandemia e acabou por morrer do vírus".

Estas tragédias não demoveram a propagação de grupos negacionistas pelas redes sociais e de manifestações públicas destas crenças, incluindo, em Portugal.

O vice-almirante Gouveia e Melo considera, contudo, que o negacionismo teve pouca expressão perante a vacinação e a taxa da população vacinada parece indicar isso mesmo.

No entanto, o pós-verdade e as teorias da conspiração nunca estiveram tão em destaque como neste último ano e meio.

A pandemia pode acabar, mas facilmente poderão arranjar-se outros assuntos que provoquem a propagação de desinformação, no futuro.

Juiz negacionista Rui Fonseca e Castro foi suspenso de funções em março. Foto: Tiago Petinga/Lusa
Juiz negacionista Rui Fonseca e Castro foi suspenso de funções em março. Foto: Tiago Petinga/Lusa
Manifestantes protestam contra as restrições sanitárias e o certificado digital, no Porto. Foto: Manuel Fernando Araújo/ Lusa
Manifestantes protestam contra as restrições sanitárias e o certificado digital, no Porto. Foto: Manuel Fernando Araújo/ Lusa
André Ventura na concentração do Chega contra restrições para o controlo da pandemia de Covid-19. Foto: Miguel A. Lopes/ Lusa
André Ventura na concentração do Chega contra restrições para o controlo da pandemia de Covid-19. Foto: Miguel A. Lopes/ Lusa
Protestos contra as restrições em Lisboa. Foto: António Cotrim/ Lusa
Protestos contra as restrições em Lisboa. Foto: António Cotrim/ Lusa

Distanciamento

A arma mais eficiente contra o vírus. Acima de tudo, o que mais era recomendado pelas autoridades de saúde era o "distanciamento de segurança".

Dois metros deixaram de ser apenas uma unidade de medida de comprimento, mas também o espaço mínimo para impedirmos o contágio por Covid-19.

Mesmo com o fim de muitas restrições, o desconfinamento não deixa de pedir distanciamento. E, certamente, será um hábito difícil de largar.

Aviso de cumprimento de distanciamento, na estação da Amadora, na linha de Sintra e Cacém, em Lisboa. Foto: Sofia Freitas Moreira/ RR
Aviso de cumprimento de distanciamento, na estação da Amadora, na linha de Sintra e Cacém, em Lisboa. Foto: Sofia Freitas Moreira/ RR
Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa, na sessão do Infarmed, sentados com um cadeira de distância entre os dois. Foto: Miguel A. Lopes/ Lusa
Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa, na sessão do Infarmed, sentados com um cadeira de distância entre os dois. Foto: Miguel A. Lopes/ Lusa
Lojas passaram a utilizar separadores acrílicos entre clientes e funcionários. Foto: Sofia Freitas Moreira/RR
Lojas passaram a utilizar separadores acrílicos entre clientes e funcionários. Foto: Sofia Freitas Moreira/RR
Letreiro na praia da Figueira da Foz alerta para as novas regras de distanciamento social e lotação máxima, na abertura da época balnear. Foto: Paulo Novais/ Lusa
Letreiro na praia da Figueira da Foz alerta para as novas regras de distanciamento social e lotação máxima, na abertura da época balnear. Foto: Paulo Novais/ Lusa

Estado de emergência

Uma ferramenta desconhecida de muitos, mas que se tornou dos termos mais ouvidos e discutidos, durante todo o período pandémico.

No último ano, o Presidente da República declarou o estado de emergência 15 vezes e esteve em vigor durante 173 dias consecutivos.

O seu fim foi também o primeiro sinal de uma fase de retoma à normalidade, apesar de, na altura, ser ainda limitada.

Há quem o tenha criticado criticou, há quem o tenha defendido. Há quem sempre achou necessário e há quem sinta que foi banalizado.

Todos esperam que não volte a ser usado, mas é um termo que poucos se esquecerão, depois deste último ano e meio.

Marcelo renova estado de emergência pela segunda vez, numa mensagem ao país. Foto: Rodrigo Antunes/ Lusa
Marcelo renova estado de emergência pela segunda vez, numa mensagem ao país. Foto: Rodrigo Antunes/ Lusa
António Costa atualiza dados da pandemia, antes de anunciar novas medidas restritivas. Foto: Manuel de Almeida/ Lusa
António Costa atualiza dados da pandemia, antes de anunciar novas medidas restritivas. Foto: Manuel de Almeida/ Lusa
Mariana Vieira da Silva durante o briefing da reunião do Conselho de Ministros. Foto: António Cotrim/ Lusa
Mariana Vieira da Silva durante o briefing da reunião do Conselho de Ministros. Foto: António Cotrim/ Lusa
Profissionais de saúde do Hospital de Braga enviam mensagem de esperança ao país. Foto: Hugo Delgado/ Lusa
Profissionais de saúde do Hospital de Braga enviam mensagem de esperança ao país. Foto: Hugo Delgado/ Lusa

Boletim diário/mortes

No início da pandemia, as conferências de imprensa da Direção-Geral da Saúde (DGS), para apresentar o boletim diário de infetados por Covid-19, eram o primeiro símbolo bélico.

Todos os dias, por volta da hora de almoço, às vezes mais cedo, outras mais tarde, os portugueses aguardavam, com um misto de espetativa e receio, as novidades dos números e da "curva de infeções".

Marta Temido, António Lacerda Sales e Graça Freitas foram as três principais figuras que, quase diariamente, apareciam ao país para explicar números e as vicissitudes da Covid-19.

As conferências de imprensa deixaram de se realizar, depois de alguns meses. Agora, ano e meio depois do início da pandemia, começa a falar-se de terminar a atualização diária de casos, através do boletim da DGS.

Uma manchete que se tornou praticamente tradição vai, agora, desaparecer.

As conferências de imprensa de atualização dos números da pandemia marcaram o estado de emergância em Portugal. Foto: José Sena Goulão/ Lusa
As conferências de imprensa de atualização dos números da pandemia marcaram o estado de emergância em Portugal. Foto: José Sena Goulão/ Lusa
Ministra da Saúde, Marta Temido, conferência de imprensa diária conjunta da DGS. Foto: António Pedro Santos/ Lusa
Ministra da Saúde, Marta Temido, conferência de imprensa diária conjunta da DGS. Foto: António Pedro Santos/ Lusa
 António Lacerda Sales, secretário de Estado Adjunto e da Saúde, foi também uma presença assídua nestas conferências de imprensa. Foto: Manuel de Almeida/ Lusa
António Lacerda Sales, secretário de Estado Adjunto e da Saúde, foi também uma presença assídua nestas conferências de imprensa. Foto: Manuel de Almeida/ Lusa
Os boletins diários de atualização dos números da pandemia são divulgados diariamente, desde 26 de fevereiro de 2020. Foto: Manuel de Almeida/ Lusa
Os boletins diários de atualização dos números da pandemia são divulgados diariamente, desde 26 de fevereiro de 2020. Foto: Manuel de Almeida/ Lusa

Testar e vacinar

É uma arma de prevenção que não vai desaparecer tão cedo. As zaragatoas tornaram-se ferramenta essencial no rastreio de casos e de controlo da infeção.

Os incentivos à testagem tornaram-se tão fortes, que o Governo decidiu comparticipar a 100% os testes rápidos que são comprados em espaços comerciais.

Já depois do país desconfinar por completo, prevê-se que se continue a testar, como medida de prevenção e segurança.

Além da massificação dos testes, outra arma que mudou o jogo na guerra contra a pandemia foi a criação das primeiras vacinas contra o vírus da Covid-19. Em tempo recorde, cientistas de todo o mundo ajudaram a descobrir a fórmula para começar a imunizar a população.

Em Portugal, o processo de vacinação começou nos últimos dias de 2020 e, depois de algumas afinações, entrou em fase de cruzeiro, com a abertura de centros em todo o país. Com quase 85% da população com a vacinação completa para a Covid-19, o país está no top mundial da vacinação.

 Início de campanha gratuita de rastreio, em Castro Marim. Foto: Luís Forra/Lusa
Início de campanha gratuita de rastreio, em Castro Marim. Foto: Luís Forra/Lusa
Foto: Luís Forra/ Lusa
Foto: Luís Forra/ Lusa
Campanha de testagem a professores e funcionários no regresso às aulas, no agrupamento de escolas D. Dinis. Foto: Mário Cruz/ Lusa
Campanha de testagem a professores e funcionários no regresso às aulas, no agrupamento de escolas D. Dinis. Foto: Mário Cruz/ Lusa

"Lay-Off"

Tratou-se de uma medida excecional e temporária que se destinou à manutenção dos postos de trabalho nas empresas total ou parcialmente encerradas por imposição legal, podendo estas optar entre a redução dos períodos normais de trabalho ou a suspensão de contratos de trabalho.

Foi uma das medidas implementadas pelo Governo para combater a precariedade e proteger as empresas.

A 1 de janeiro de 2021, o Governo passou a poder assegurar a remuneração a 100% dos trabalhadores, com as devidas exceções.

O número de trabalhadores em "lay-off" tradicional, o regime previsto no Código do Trabalho, registou um novo máximo desde 2006.  Foto: José Coelho/ Lusa
O número de trabalhadores em "lay-off" tradicional, o regime previsto no Código do Trabalho, registou um novo máximo desde 2006. Foto: José Coelho/ Lusa
O complemento de estabilização pago a trabalhadores que estiveram em
O complemento de estabilização pago a trabalhadores que estiveram em 'lay-of' abrangeu 334 mil pessoas e custou 56 milhões de euros. Foto: José Coelho/ Lusa
Cerca de 500 empresas viram recusado o pedido de acesso ao
Cerca de 500 empresas viram recusado o pedido de acesso ao 'lay-off' simplificado, por dívidas à Segurança Social, anunciou a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho. Foto: António Cotrim/ Lusa

Moratórias

O setor bancário, em articulação com o Banco de Portugal e o Governo, anunciaram, em março de 2020, uma moratória de capital e juros para determinados empréstimos, para particulares e empresas particularmente afetados pela crise provocada pela pandemia.

Muitos particulares e empresas retomaram já os pagamentos dos respetivos créditos e outros preparam-se para o fazer. As moratórias das famílias acabam a 30 de setembro.

Os bancos tiveram de verificar se, a 31 de agosto, ou seja, um mês antes do fim das moratórias, os clientes tinham as condições para retomar o pagamento das prestações do crédito.

Terminadas as moratórias, as famílias devem ter um plano negociado com os seus bancos para começarem a cumprir o plano de pagamento do crédito.

As moratórias abrangeram mais 120 mil famílias que já recomeçaram a pagar o crédito à habitação, num valor de empréstimos de 3,7 mil milhões de euros. Foto: Lusa
As moratórias abrangeram mais 120 mil famílias que já recomeçaram a pagar o crédito à habitação, num valor de empréstimos de 3,7 mil milhões de euros. Foto: Lusa

Bazuca

Uma bazuca ou uma metralhadora? No fim de contas, é o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) português, que aplicará dinheiro da União Europeia para ajudar a recuperar o país no pós-pandemia.

Serão quase 14 mil milhões de euros, que Portugal não terá de devolver.

A sua aplicação será o tema político desta legislatura e estará em avaliação nas próximas eleições legislativas.

António Costa assumiu o papel de porta-estandarte da "bazuca" europeia, no processo de recuperação da economia nacional, depois do forte impacto da pandemia de Covid-19. Foto: Tiago Petinga/ Lusa
António Costa assumiu o papel de porta-estandarte da "bazuca" europeia, no processo de recuperação da economia nacional, depois do forte impacto da pandemia de Covid-19. Foto: Tiago Petinga/ Lusa
Ursula von der Leyen, António Costa, na entrega do cheque para o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Foto: Tiago Petinga/ Lusa
Ursula von der Leyen, António Costa, na entrega do cheque para o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Foto: Tiago Petinga/ Lusa
António Costa Silva foi a escolha do primeiro-ministro para presidir a Comissão Nacional de Acompanhamento (CNA) do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Foto: Mário Cruz/ Lusa
António Costa Silva foi a escolha do primeiro-ministro para presidir a Comissão Nacional de Acompanhamento (CNA) do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Foto: Mário Cruz/ Lusa

Estádios sem público

Uma consequência do confinamento que deixou o desporto sem uma parte essencial.

O futebol foi o exemplo mais óbvio, mas as restantes modalidades - pelo menos aquelas que não foram obrigadas a parar - também sofreram do mesmo.

Talvez não haja maior símbolo do efeito da pandemia no desporto que os Jogos Olímpicos de Tóquio, que se realizaram com as bancadas despidas de público.

A I Liga regressou em junho de 2020 sem público, com máscaras e distanciamento social. Foto: Luís Forra/ Lusa
A I Liga regressou em junho de 2020 sem público, com máscaras e distanciamento social. Foto: Luís Forra/ Lusa
Famalicão homenageou os profissionais de saúde que combateram a Covid-19. Foto: José Coelho/ Lusa
Famalicão homenageou os profissionais de saúde que combateram a Covid-19. Foto: José Coelho/ Lusa
Todas as partidas da jornada arrancam com um minuto de silêncio em homenagem às vítimas da Covid-19. Foto: José Coelho/ Lusa
Todas as partidas da jornada arrancam com um minuto de silêncio em homenagem às vítimas da Covid-19. Foto: José Coelho/ Lusa

Telescola

Tal como os pais, as crianças também tiveram de ir trabalhar para casa, devido ao confinamento.

A RTP decidiu retomar uma prática antiga, para ajudar os mais novos a não perder a matéria desse ano letivo.

O #EstudoEmCasa, conhecido coloquialmente por Telescola, começou a preencher a programação da RTP Memória.

Surgiram memes, picos de audiência pouco vistos para o canal público e uma aparição especial do Presidente da República.

Mais de 850 mil alunos do ensino básico foram abrangidos pela "Telescola". Foto: Paulo Novais/ Lusa
Mais de 850 mil alunos do ensino básico foram abrangidos pela "Telescola". Foto: Paulo Novais/ Lusa
A iniciativa do Governo contou com o apoio de 112 docentes de seis escolas públicas, duas privadas e da ciberescola, no âmbito do programa "Estudo Em Casa". Foto: Sofia Freitas Moreira/ RR
A iniciativa do Governo contou com o apoio de 112 docentes de seis escolas públicas, duas privadas e da ciberescola, no âmbito do programa "Estudo Em Casa". Foto: Sofia Freitas Moreira/ RR
Uma investigação realizada em Portugal, Espanha e França revelou que 64% dos pais ficaram sobrecarregados com as tarefas escolares.Foto: Carlos Barroso/ Lusa
Uma investigação realizada em Portugal, Espanha e França revelou que 64% dos pais ficaram sobrecarregados com as tarefas escolares.Foto: Carlos Barroso/ Lusa
O primeiro dia da telescola garantiu à RTP Memória a maior audiência de sempre, com uma assistência de quase quatro milhões de telespectadores. Foto: André Kosters/ Lusa
O primeiro dia da telescola garantiu à RTP Memória a maior audiência de sempre, com uma assistência de quase quatro milhões de telespectadores. Foto: André Kosters/ Lusa

"Take away"

Uma prática já bastante comum, com a pandemia tornou-se a única forma de muitos restaurantes manterem o negócio.

As plataformas de encomendas passaram a ter muito mais clientes e o setor da restauração tentou aguentar-se com a único método que lhe permitia aceder aos pedidos.

O "take away" não foi um revolução, mas tornou-se uma ferramenta mais recorrente para muitos negócios.

A pandemia veio reforçar as condições precárias dos trabalhadores de estafetas da Uber Eats e Glovo. “É cada um por si”, defendeu um destes trabalhadores em entrevista è Renascença. Foto: DR
A pandemia veio reforçar as condições precárias dos trabalhadores de estafetas da Uber Eats e Glovo. “É cada um por si”, defendeu um destes trabalhadores em entrevista è Renascença. Foto: DR
Os restaurantes a funcionar em regime de take away durante o confinamento geral não tiveram limites nos horários de funcionamento. Foto: Remko de Waal/ EPA
Os restaurantes a funcionar em regime de take away durante o confinamento geral não tiveram limites nos horários de funcionamento. Foto: Remko de Waal/ EPA

Funerais

Na pandemia, o luto tornou-se mais difícil.

As restrições e medidas de precaução impediram famílias de identificarem o corpo do seu familiar antes de o enterrarem e os funerais não permitiram que todos pudessem marcar presença.

Milhares de funerais foram condicionados desde a chegada da Covid-19.

Com o fim da pandemia, estas cerimónias voltam à normalidade, mas, para muitos, este ano e meio deixou marcas difíceis de apagar.

Mais de 17 mil portugueses morreram de Covid-19, desde março de 2020.  Foto: Mário Cruz/ Lusa
Mais de 17 mil portugueses morreram de Covid-19, desde março de 2020. Foto: Mário Cruz/ Lusa
Durante largas semanas foram proibidas todas as celebrações religiosas e condicionados funerais, em Portugal. Foto: Sofia Freitas Moreira/ RR
Durante largas semanas foram proibidas todas as celebrações religiosas e condicionados funerais, em Portugal. Foto: Sofia Freitas Moreira/ RR
Só entre março de 2020 e março de 2021, morreram 134.238 pessoas no país. O valor mais elevado dos últimos 40 anos. Foto: Martin Divisek / EPA
Só entre março de 2020 e março de 2021, morreram 134.238 pessoas no país. O valor mais elevado dos últimos 40 anos. Foto: Martin Divisek / EPA

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  • Ivo Pestana
    25 set, 2021 Funchal 09:38
    A saúde mental é menor.

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