1939-2021

O país despede-se do Presidente da inclusão e da proximidade

10 set, 2021 - 21:07 • André Rodrigues , João Malheiro com Lusa

Cerimónias fúnebres decorrem ao longo deste fim de semana. Líderes internacionais marcam presença no domingo.

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As cerimónias fúnebres de Estado de Jorge Sampaio, que decorrem ao longo deste fim de semana, terão vários "momentos de proximidade" abertos ao público.

O modelo foi transmitido aos jornalistas por José Manuel dos Santos, representante da família do antigo chefe de Estado e que foi seu assessor presidencial.

Haverá “momentos em que todos os portugueses podem manifestar e testemunhar a sua proximidade a Jorge Sampaio".

“São cerimónias fúnebres de Estado destinadas a um antigo chefe de Estado e em que há aqui uma mistura entre aquilo que são as características de uma cerimónia pública de Estado com alguns pormenores que têm a ver com a personalidade pessoal e política do Presidente”, referiu aos jornalistas.

O velório aberto ao público decorre no sábado, entre o meio-dia as 23h00, no antigo Museu dos Coches.

No domingo, a partir das 11h00, têm lugar as cerimónias fúnebres oficiais com honras de Estado no Mosteiro dos Jerónimos.

"Não há portugueses dispensáveis"

A proximidade, desde sempre, a imagem de marca do quinto Presidente da República em democracia.

Na tomada de posse para o primeiro mandato como Presidente da República, em 1996, Jorge Sampaio recuperou a declaração de intenções do seu antecessor no cargo.

Se Mário Soares dizia ser o Presidente de todos os portugueses, Sampaio acrescentou que sê-lo-ia, também, de todos os portugueses "sem exceção" e prometeu, ainda, estar "naturalmente atento aos excluídos do sistema ou das políticas, remetidos tantas vezes a um estatuto de dispensáveis. Não há portugueses dispensáveis. Essa é uma ideia intolerável.”

E assim foi durante uma década em Belém. Sampaio falava com todos de igual para igual, afável, sorridente, próximo, elegante, até na forma como procurava fugir às perguntas incómodas da comunicação social, sempre sem ferir os seus interlocutores, por vezes com sentido de humor.

Paixão pela música

"Jorge Sampaio era uma pessoa muito afetiva, um homem de afetos, um presidente, um melómano e um homem muito culto que fez toda a diferença", disse João Gil em declarações à agência Lusa.

O músico lembra que foi o próprio Presidente que desafiou os Trovante - que se tinham separado em 1991 - a reunirem-se uma vez mais para um concerto, que viria a realizar-se em 1999, no Pavilhão Atlântico, em Lisboa, para assinalar os 25 anos do 25 de abril e com a causa da independência de Timor-Leste como pano de fundo.

“Timor”, tema com música deste guitarrista e compositor e letra de João Monge que integrara o último álbum de estúdio da banda antes da extinção, “Um destes dias” (1990), fora o pretexto invocado por Jorge Sampaio para um concerto “de mobilização e de celebração” para a causa daquele território português anexado pela Indonésia desde dezembro de 1975.

“Um momento de celebração coletiva” que o concerto proporcionou – e ao qual o Presidente assistiu – que reuniu os portugueses em torno de uma causa que se arrastava há anos e sobre a qual “durante muitos anos, nem a esquerda nem a direita [política] falavam”, disse.

O concerto viria a dar origem a um disco duplo ao vivo e um DVD, “Uma noite só”, e a uma emissão televisiva.

Lusofonia, Espanha e Guterres nas cerimónias fúnebres

O secretário-geral das Nações Unidas, o rei de Espanha e representantes de todos os Estados-membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) vão marcar presença no domingo nas cerimónias fúnebres de Estado de Jorge Sampaio.

Estas presenças foram anunciadas pelo ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, em declarações aos jornalistas após apresentar os principais momentos das cerimónias fúnebres de Estado pela morte do antigo Presidente da República Jorge Sampaio, que vão decorrer entre sábado e domingo.

Jorge Sampaio, antigo secretário-geral do PS (1989/1992) e Presidente da República (1996/2006), morreu hoje aos 81 anos, depois de ter estado internado no Hospital de Santa Cruz, em Lisboa, desde 27 de agosto, com dificuldades respiratórias.

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