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Entrevista ao diretor da Faculdade de Medicina da Católica

“Não me parece que haja médicos a mais em Portugal, julgando pelas listas de espera nos hospitais”

03 set, 2021 - 06:33 • João Carlos Malta (texto), Joana Bourgard (fotos)

António Medina de Almeida ocupa desde março o cargo diretor da Faculdade de Medicina da Universidade Católica Portuguesa. A poucos dias de ter início o primeiro curso privado em Portugal, põe em causa a tese do Conselho de Escolas Médicas Portuguesas de que há médicos suficientes em Portugal. A formação nesta nova faculdade custará 100 mil euros, em seis anos, mas Medina de Almeida não considera a faculdade que dirige seja elitista, apesar de reconhecer que é um fator que restringe a opção apenas aos que conseguem pagar.

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Ao final de décadas de espera, a Universidade Católica Portuguesa (UCP) vai abrir o primeiro curso de Medicina numa escola de ensino superior em Portugal. No próximo dia 13, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o primeiro-ministro António Costa, vão inaugurar o novo pólo da UCP em Rio de Mouro, Sintra, nas imediações do Tagus Park.

Neste primeiro ano, foram recebidas 600 candidaturas e a UCP selecionou 50 candidatos. A nota de acesso variou entre os 19,3 e os 17,4 valores. Para o ano o número de alunos irá duplicar. O movimento para criar mais oferta no ensino superior nesta área − depois de muitos anos de estagnação − parece aliás estar a andar a todo o gás, pelo menos tendo em conta as palavras do ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, que quer abrir mais três cursos de Medicina até 2023: em Aveiro, Vila Real e Évora.

Em entrevista à Renascença, o diretor da Faculdade de Medicina da Católica, António Medina de Almeida, fala sobre as críticas que foram apontadas à abertura da faculdade que comanda e explica porque é que vai custar 100 mil euros a quem queira que o filho estude naquela instituição.

O médico, que também é diretor de serviço da unidade de hematologia do Hospital da Luz, − unidade que é a principal parceira clinica da UCP neste projeto − rejeita a ideia de que haja médicos a mais em Portugal. E o argumento de que existe oferta formativa em excesso desafia, na sua opinião, a lógica: "Quando há um novo curso de economia ninguém pergunta se há economistas a mais em Portugal, ou não. É mais uma oferta, quem quer vai, se o curso for bom vai ter sucesso, as pessoas vão querer ir porque tem saída profissional",

O curso de Medicina da Universidade Católica diz querer inovar introduzindo desde o primeiro ano uma componente prática à formação dos futuros médicos. Em que medida é que isso é uma mais-valia, e porque fazia falta à formação superior desta área em Portugal?

Antes de mais nada, tudo o que seja um acréscimo de oferta formativa faz sempre falta. Não falo só por Medicina, falo de qualquer curso superior. Quanto mais oferta formativa houver, mais escolha nós podemos dar às pessoas e mais escolha podemos dar aos estudantes para poderem seguir o percurso que querem. Medicina é uma carreira muito vocacional, tem muitos aspetos de competência para além dos aspetos teóricos.

Claro que o nosso curso vai ter todos os aspetos teóricos salvaguardados, e os alunos vão ter que estudar, vão ter que saber todas as partes que todos os outros alunos das outras faculdades vão ter.

Vamos ter integrado no curso, de uma maneira sistemática e assertiva, o ensino de competências. Vamos ensinar a comunicação, como é que se comunica com o doente, como se comunica com familiares do doente, como é que se reage em situações diferentes, de maneira aos alunos quando chegarem à fase profissional estarem preparados.

Vamos ter centros de simulação pré-graduado, um centro de simulação clinico pós-graduado no Hospital da Luz de Lisboa − onde os alunos vão poder treinar várias técnicas e várias competências inerentes à carreira médica de forma a que quando chegarem aos doentes sentirem-se confortáveis e que os doentes também se sintam confortáveis com a competência que veem no médico que têm à sua frente.

Não é que os outros cursos não ensinem a parte prática, mas a grande diferença que temos aqui − e não é exclusivo nosso, é feito noutras faculdades do país como a do Minho − é o de começar desde o princípio este treino sistemático de competências em paralelo com o treino teórico, científico que um médico precisa de ter.

É a primeira vez que um curso de Medicina põe entrevistas como critério de seleção. Porque é que o fizeram?

As entrevistas foram uma experiência muito importante para nós, e acho que também para os alunos. Os candidatos sentiram-se valorizados por serem entrevistados, sentiram que a escolha era pessoal.

Ou seja, a faculdade escolhia-os pessoalmente e avaliava-os pessoalmente e não só por umas notas e uns números que depois vêm numa pauta. Também permite identificarmos os alunos que tenham mais motivação e mais caraterísticas que nós consideramos importantes.

Vale 15% da nota final. Na nossa nota de candidatura, que usamos para seriar os candidatos, as notas do secundário representam 85%, e os outros 15% consistem na resposta a umas perguntas que nós fizemos. São respostas escritas a perguntas motivacionais, como "Por que é que querem estudar na Católica?" ou "Por que é que querem ser médicos?".

Isto não desvaloriza a capacidade científica e pedagógica dos candidatos?

De maneira nenhuma, tanto que a parte científica e académica conta 85% para a nota de seriação. Não estou a escolher um aluno só com base na entrevista. Para ter uma nota boa para entrar, dentro dos 50 alunos, tem de ter uma boa nota de secundário.

É um somatório, é um valorizar de outras caraterísticas, juntamente com as caraterísticas académicas.

Já disse em entrevistas que: "a nossa formação será a melhor do país em Medicina". Não é arriscado dizê-lo quando está a falar de outras escolas com uma história tão longa de ensino?

O que devo ter dito é "espero que a nossa formação seja a melhor". Tem toda a razão, não posso dizer que a nossa formação vai ser a melhor. Temos excelentes médicos em Portugal, formados pelas faculdades portuguesas, não podemos ter essa presunção, nem quero.

A minha postura sempre vai ser a de uma faculdade nova que quer colaborar com as outras faculdades, que quer trazer uma mais-valia para o país juntamente com as outras faculdades e não em dissonância de maneira nenhuma.

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"Os candidatos sentiram-se valorizados por serem entrevistados, sentiram que a escolha era pessoal"

Mas ao introduzirmos uma oferta formativa diferente, uma coisa nova no país, vamos ter alguns fatores de distinção. Isto como o Hospital de Santa Maria, o Hospital de São João, têm fatores que os distinguem uns dos outros e que são muito importantes. Isso é o que traz a riqueza da educação no país, cada um ter os seus pontos fortes de maneira a que todos juntos consigamos aumentar o perfil e a excelência do ensino médico em Portugal.

Ao final de mais de 10 anos, a Universidade Católica conseguiu abrir o seu curso de Medicina. No entanto, o processo foi muito complexo e alvo de muitas críticas. Havia pouca vontade de vários organismos que esta área se abrisse ao setor privado do ensino superior? Por que acha que é assim?

Não acho que seja. Acho que há uma preocupação legítima das outras entidades envolvidas na formação dos médicos, falo nas faculdades, mas também na Ordem dos Médicos, e até o Ministério da Educação, o Ministério do Ensino Superior, e o Ministério da Saúde, de que o curso que viesse, que fosse feito, tivesse qualidade. Primeiro, isto reflete a qualidade do ensino médico em Portugal. Formamos excelentes médicos.

Segundo, reflete uma preocupação legítima de quem está envolvido na educação querer manter essa excelência, querer ter a certeza de que um novo curso que venha, é um curso que mantém os padrões de qualidade. Acho completamente legítimo as preocupações que foram expressas.

Não acha excessivo o tempo de espera desde a ideia até consumar a abertura do curso?

Acho que é muito importante contextualizarmos o sonho de criar uma Faculdade de Medicina na Católica já vem de há muitos anos, provavelmente 20 ou 30 anos.

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"Acho completamente legítimo as preocupações que foram expressas [em relação à abertura do curso]"

Só agora é que a Universidade Católica viu, e se assegurou de que havia, condições para criar uma Faculdade de Medicina e para termos outro curso de Medicina em Portugal.

Temos infraestrutura dentro da Universidade para poder ter um corpo docente, poder ter um edifício dedicado, como temos hoje, e para termos um hospital de apoio − um hospital que vai fazer o ensino clínico com as valências necessárias e com a dimensão necessária.

Até agora, esses hospitais eram hospitais públicos que já estavam envolvidos noutras universidades. Criar outra faculdade iria tirar lugar aos alunos que já lá estavam, e isso seria impensável. Não queríamos fazer isso.

Submetemos o primeiro pedido de acreditação em 2018, e esse pedido voltou com umas indicações daquilo que lhes parecia preocupante, nomeadamente como o corpo docente ia se recrutado.

O Conselho de Escolas Médicas Portuguesas, por exemplo, tem sido crítico quanto à abertura de novos cursos, afirmando não existir “qualquer evidência que consubstancie a necessidade de aumentar o número de entradas em Medicina em Portugal”. Recorrem aos números que mostra que somos o terceiro país da OCDE com o maior rácio de médicos por mil habitantes e o oitavo em termos de formação em Medicina. O que pensa destes argumentos? Há um excesso de médicos?

Não acho que haja um excesso de médicos, esses números são sempre um bocadinho difíceis porque são difíceis de citar em Portugal.

O que nós queremos é apresentar uma nova oferta formativa, e o não temos dúvidas é de que há alunos portugueses com boas notas, academicamente muito bons, que não conseguem entrar nas faculdades portuguesas que estão sobrelotadas e têm de ir para o estrangeiro. Acho que é importante retermos esse talento no país.

A segunda grande questão é a de que queremos dar formação, oferta e possibilidade de escolha. Isto passa-se nos outros cursos, quando há um novo curso de Economia ninguém pergunta se há economistas a mais em Portugal, ou não. É mais uma oferta, quem quer vai, se o curso for bom vai ter sucesso, as pessoas vão querer ir para o curso porque tem saída profissional. Se não for bom, a saída profissional vai falar por si.

O mesmo se aplica a Direito, a Arquitetura, a todos os outros cursos. No fundo, eu não tenho nenhuma pretensão com 100 alunos por ano de resolver os problemas do Serviço Nacional de Saúde (SNS), nem de o inundar com médicos. O que quero resolver é dar mais oferta.

Não compra então o argumento de que há médicos a mais em Portugal...

Não acho que haja médicos suficientes em Portugal, se saírem mais 100 por ano não vai inundar o mercado, nem vai trazer problemas a esse nível.

Não me parece que haja médicos a mais em Portugal, julgando pelas listas de espera que vimos nos hospitais.

Sabemos que há muitas pessoas à espera de consultas, à espera de tratamentos, à espera de cirurgias e, para suprir isso, é preciso ter mais recursos, e parte disso serão recursos humanos. Falo por mim, e penso que por todos os meus colegas, todos trabalhamos muito.

Se trabalhamos muito e há pessoas à espera, é preciso mais médicos.

Já a Ordem dos Médicos está preocupada com o facto da parceria público-privada (PPP) do Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, não ser renovada. O acordo com o Grupo Luz Saúde termina em janeiro de 2022 e seria naquele hospital que a maior parte da formação clínica seria depois feita. Como é que a Universidade Católica vai resolver este problema?

Da mesma maneira que temos um acordo com o Grupo Luz Saúde, e é o nosso parceiro clínico principal, temos um acordo separado com o Hospital Beatriz Ângelo (HBA).

Mesmo que o HBA saia da gestão do Grupo Luz Saúde, continua como entidade autónoma a fazer parte e a colaborar com a Faculdade de Medicina. O acordo com o Beatriz Ângelo é separado, da mesma maneira que a proposta que temos para criar o centro académico inclui o Hospital Beatriz Ângelo como entidade independente.

O que é que lhe diz o facto de o último aluno dos 50 colocados ter uma média um valor abaixo do último colocado numa faculdade pública de Medicina, a Nova de Lisboa, com 18,45?

Acho que esse é um número é muito difícil de interpretar. Todos os que estamos na educação sabemos que as médias este ano vão ser mais baixas.

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"Não me parece que haja médicos a mais em Portugal, julgando pelas listas de espera que vimos nos hospitais"

Dito isto admito que seria natural [isto acontecer] numa faculdade nova, que ainda não tenha nenhuma fama para além da fama que uma instituição como a Universidade Católica tem, mas que nós como faculdade ainda não temos.

Acho que é natural que os alunos que tenham médias para entrar no Estado, possam querer entrar no Estado, porque isto é um risco que os alunos e os pais têm para assumir: o de estar numa faculdade nova.

Nós temos as condições: o edifício, o equipamento, o corpo docente. Temos tudo para que isto corra muito bem, mas como todas as novidades, aderir é um risco. Por isso percebo que os melhores alunos, nesta fase da vida da faculdade, possam escolher outras que tenham a sua reputação mais estabelecida.

Não temos dúvidas é de que há alunos portugueses com boas notas, academicamente muito bons, que não conseguem entrar nas faculdades portuguesas que estão sobrelotadas e têm de ir para o estrangeiro. Acho que é importante retermos esse talento no país.

Mas pelo que percebo pensa que, no curto-médio prazo, essa diferença será esbatida...

À medida que vamos formando médicos e que os médicos vão conseguindo as colocações que querem nas especialidades e nos lugares que querem, vamos ter a credibilidade para conseguir atrair alunos cada vez melhores.

Os alunos formados na Católica vão ter alguma diferença em relação aos que são formados noutras escolas em relação a matérias de consciência como o aborto e a eutanásia?

Acho que como em todas as áreas da educação, a função e o objetivo primário do educador é o de dar a informação. Informação que seja correta, atualizada, com todos os componentes que essa informação tem de ter: médicos, clínicos, científicos como éticos, dos atos que um médico tem de fazer.

Depois cabe a cada um, à sua consciência, decidir.

Naturalmente que a Universidade Católica e a Faculdade de Medicina têm uma posição muito clara sobre esses temas, seja a eutanásia, seja o aborto. Nas questões éticas − sei que a eutanásia e o aborto são sempre muito valorizados − o que nós queremos é impor e ensinar uma cultura de respeito pelo doente em todas as suas dimensões: no sofrimento, na dor, nas alegrias, nas dificuldades que têm, no respeito pela sua liberdade individual e pelas escolhas individuais. A escolha pelo doente é que tem de vingar e ser mais importante do que tudo.

Vamos ter uma posição pública naturalmente, vamos ensinar aos alunos os factos científicos e os alunos terão a possibilidade de, com esses factos, tomar as suas decisões éticas no futuro.

A ética vai ser uma componente muito importante da nossa faculdade, porque a ética premeia toda a ação médica. Não só nessas questões mais fraturantes e difíceis, mas no dia-a-dia, na relação com o doente, na privacidade.

A reitora Isabel Capeloa Gil disse numa entrevista ao Diário de Notícias que: "será um curso que não formará médicos que queiram ser milionários à custa do sofrimento dos outros". Qual é alcance destas palavras?

[pausa] O importante aqui é que queremos criar uma cultura em que haja respeito pela dignidade do ser humano, em que o médico encarne a sua dimensão de cuidador, com toda a perícia técnica que tem de ter.

Naturalmente que a Universidade Católica e a Faculdade de Medicina têm uma posição muito clara sobre esses temas, seja a eutanásia, seja o aborto. Nas questões éticas − sei que a eutanásia e o aborto são sempre muito valorizados − o que nós queremos é impor e ensinar uma cultura de respeito pelo doente em todas as suas dimensões: no sofrimento, na dor, nas alegrias, nas dificuldades que têm, no respeito pela sua liberdade individual e pelas escolhas individuais

Aprender toda a parte teórica e científica o mais aprofundadamente possível, mas que consiga transmitir e usar isto com conceitos éticos para tratar os doentes. O essencial do que ela quer dizer é que nós queremos formar médicos que cuidem dos doentes.

A frase parece ser por oposição ao que existe, e que esta faculdade será diferente...

Como em todas as profissões, há profissionais que são mais atraídos pelo dinheiro e pela parte monetária, e outros mais pela vocação. Isso vale para todas as profissões, vemos isso nos médicos, nos economistas, nos jornalistas. Há sempre essas caraterísticas que vêm sempre ao de cima no indivíduo. Não me parece que isso seja a caraterística principal dos médicos em Portugal de momento.

Acho que continua a haver muito cuidado e muita preocupação com o bem-estar do doente, e da maneira como o doente vai estar, mas temos de salvaguardar isso e perceber que apesar de termos como parceiro a medicina privada, não é a medicina privada no seu conceito de fazer dinheiro que se pratica no grupo Luz − o que se pratica na Luz é medicina de excelência e cuidado pelos doentes, e de ter a certeza de que os doentes são bem cuidados até ao fim, com tudo do melhor que a tecnologia e a medicina hoje em dia pode providenciar.

O foco é que a cultura é o cuidado do doente, mesmo em sacrifício do que o médico possa ganhar com isso.

A propina do curso de Medicina na Universidade Católica vai ser de 1.625 euros mensais. Um ano custará a um aluno cerca de 16.250 euros. Ao longo dos seis anos de formação, o custo total é de 97.500 euros. Fazer o curso de Medicina numa das sete faculdades públicas custa cerca de 4.200 euros – um valor que corresponde a menos de três meses de propinas no novo curso da Católica. Isto torna o curso que dirige elitista?

Inevitavelmente faz com que o curso tenha um público que pode pagar esses valores. Mas é importante que tenhamos uma coisa em mente, os 100 mil euros é o que custa formar um médico em qualquer universidade do mundo, em algumas até mais. É o que custa formar um médico numa universidade do Estado. A grande diferença é que um aluno que entra numa faculdade do Estado é financiado pelo Estado, e só em parte pela família.

Um aluno que entre na nossa faculdade, com em qualquer outra na Europa, tem esse custo que é financiado pela família.

Ainda assim, vamos ter bolsas de mérito, e bolsas de apoio social. As de mérito para distinguir os alunos que academicamente ou noutro campo se distingam, e as de apoio social para apoiar os alunos que possam não ter rendimentos suficientes para frequentar este curso.

Qual é a percentagem para as bolsas de apoio social?

Temos duas a 100% − que pagam a propina inteira. Obviamente dentro do regulamento o aluno tem de ter aproveitamento para ser pago nos anos seguintes. Não faz sentido pagar a propina de um aluno que não está a ter aproveitamento académico.

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"Acho que é natural que os alunos que tenham médias para entrar no Estado, possam querer entrar no Estado"

Estamos a negociar com os patrocinadores ter mais bolsas de apoio social, para ser viável que mais alunos que não tenham capacidade financeira de estudarem Medicina aqui.

A decisão do A3ES (entidade credenciadora de cursos de ensino superior) é a de autorizar o funcionamento por um ano para depois avaliar. Não lhe passa pela cabeça que a licença não possa ser renovada?

[risos] Nem a nós, nem a eles. A autorização condicional da agência é para este ano, acaba agora. E o que eles queriam, até agora, é que tivéssemos o edifício pronto. Já está, estamos em fase de limpezas. [Queriam] que tivéssemos os órgãos da faculdade formalmente designados: conselho executivo, conselho científico, conselho pedagógico que também já está feito; que tivéssemos uma expansão do centro de investigação na medicina clínica − incluindo médicos do Grupo Luz Saúde que também já está concretizado; e que tivéssemos o centro de investigação planeado e orçamentado, o que também já está feito.

O que pediram não era nem mais nem menos do que teríamos de fazer para ter o curso pronto.

Ao fim dos quatro anos, vamos ter de evidenciar o programa de doutoramento, vamos ter evidenciar o centro de investigação em funcionamento. São condições, mas não são condições impossíveis, nem fora de contexto. São o que seria esperado de uma faculdade de Medicina em desenvolvimento conseguir atingir neste espaço de tempo

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  • João Pestana
    04 set, 2021 Madeira 11:12
    Muitos nem médicos deviam ser. Não têm vocação e querem é viver à grande, nem um sorriso fazem ao doente.
  • Joao
    03 set, 2021 Lisboa 13:59
    Podem formar os médicos que quiser, se não os conseguirem cativar no SNS com boas condições de trabalho, oportunidades de progressão na carreira, oportunidades de formação e investigação e salário justo para o que fazem, nunca vão resolver as listas de espera. Não é com 1200eur por mês e horas extra por pagar que vão cativar alguém, abram as faculdades que abrirem. Aos jornalistas da RR, façam jornalismo de qualidade e desvendem este problema de uma forma clara e directa para o público. Façam serviço público.
  • Bruno
    03 set, 2021 aqui 06:15
    O sr. reitor está a ser manipulador. As listas de espera não se resolvem mesmo que houvesse um médico por cada português uma vez que e necessário logística para que as consultas e cirurgias sejam realizadas. Abrir vagas de medicina indiscriminadamente é uma ilusão uma vez que existe um número limitado de vagas para a especialidade. Todos os anos há centens de médicos recém-licenciados que não conseguem entrar ma especialidade e são atirados para a precariedade, trabalhando a recibos verdes como tarefeiros nas urgências dos hospitais do SNS. Isto cria uma situação de desigualdade inadmissível uma vez que quem tem dinheiro é atendido no privado por um médico especialista mas quem recorre ao SNS é atendido por um médico inexperiente, que não terminou a sua formação.

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