09 jul, 2021 - 14:30 • João Carlos Malta
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A Renascença quis saber junto da "task-force" da vacinação da Covid-19 e do Ministério da Educação qual a percentagem de pessoal docente e não docente das escolas que estão vacinados, mas nem um nem outro organismo têm esse dado.
A informação não existe, seja em termos nacionais ou em regionais, e também não há dados oficiais sobre os professores e funcionários escolares que se recusaram a serem inoculados com uma das vacinas da Covid-19.
A pergunta era: “Até ao momento, que percentagem da comunidade escolar está vacinada (1.ª e 2.ª dose)?”. Contudo, a resposta da task-force, no início deste mês, não foi ao encontro da questão colocada.
A equipa que lidera o processo de vacinação declarou, em resposta escrita: “De acordo com a informação disponível até ao momento, já foram vacinados cerca de 215.200 docentes e não docentes com pelo menos uma dose. Destes, cerca de 200.400 já tem a vacinação completa”.
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Os dados da task-force não batem certo com os que são fornecidos numa publicação do site oficial do SNS de 17 de abril deste ano, no qual se escreve que naquele fim de semana seriam vacinados 170 mil professores e funcionários das escolas. E que no fim de semana anterior tinham sido vacinados 60 mil. Ou seja, um total de 230 mil teriam uma dose naquela data.
A Renascença insistiu na questão, mas nenhuma resposta oficial foi dada sobre a percentagem de vacinados nas escolas.
As outras duas perguntas enviadas também não obtiveram resposta: uma era sobre o número de recusas de professores e pessoal não docente à vacinação, e a outra relativa aos números da vacinação nas escolas em termos regionais e de agrupamentos.
O passo seguinte foi contatar o ministério da Educação. As questões eram as mesmas. O ministério optou por mandar um texto em quatro parágrafos no qual também não responde diretamente às perguntas.
Começa por dar conta que “o universo de trabalhadores docentes e não docentes, nas escolas públicas e privadas, ronda os 200 mil”.
Isso poderia levar a crer olhando para os números absolutos enviados pela task-force que a percentagem seria se não de 100%, muito próxima desse valor. Mas na mesma resposta, o ministério liderado por Tiago Brandão Rodrigues esclarece que para “efeito de vacinação foram considerados todos os trabalhadores que diariamente entram nas escolas e contactam com os alunos”.
Nele incluem-se, por exemplo, trabalhadores de refeitórios (incluindo os concessionados), professores ou técnicos especializados das Atividades Extracurriculares (AEC), cujas entidades empregadoras são empresas, autarquias ou outras, como associações de pais.
O ministério da Educação afirma ainda que “recolheu junto de cada escola as listas dos seus trabalhadores, remetendo-as para a task-force, que aplicou posteriormente os critérios de saúde devidos para efeito de convocatórias”.
Na mesma nota ministerial enviada à Renascença é dito que a informação obtida junto das escolas sobre vacinação em contexto escolar “indica que a esmagadora maioria dos trabalhadores elegíveis das Escolas acederam ao processo, apesar de não ser obrigatório”.
A mesma perceção tem Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos de Escolas. “Neste momento, os professores das escolas públicas portuguesas e os funcionários estão, na totalidade ou quase na totalidade, vacinados. Isso é positivo, porque trouxe redobrada confiança às escolas que são lugares já de si seguros e passaram a ser de facto lugares, muito, muito seguros”.
Lima lamenta que não haja dados oficiais porque “se estes números fossem trazidos a público, e pensamos que são numa ordem elevada, acho que as pessoas das comunidades educativas ficariam mais tranquilas”.
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Ainda assim, este dirigente associativo crê que “cada escola saberá” quantos professores estão inoculados, mas “o número global era importante para se saber quantos professores e funcionários estão vacinados”.
“A perceção é de que é um número elevado, mas é uma perceção, não é um dado cientifico”, repete.
Também João Dias da Silva, da Federação Nacional de Sindicatos de Professores, também contata que “não há dados que tenhamos conhecimento”. “Não há dados específicos da vacinação na área da educação”, afiança.
O mesmo Dias da Silva diz que o que conhece desta realidade lhe diz que o nível de cobertura da vacinação é elevado, e que “só não é vacinado quem efetivamente não quer”.
O processo de vacinação em Portugal está a acelerar, nos últimos dias têm-se batido recordes com valores acima das 150 mil doses diárias administradas.
Um total de 3.720.680 pessoas têm a vacinação completa contra a covid-19 em Portugal, o equivalente a 36% da população residente, revela o relatório semanal da vacinação divulgado pela Direção-Geral da Saúde.
EVOLUÇÃO DA VACINAÇÃO EM PORTUGAL
Segundo o relatório, que reporta dados até domingo, o número de pessoas com pelo menos a vacinação iniciada ascende a 5.740.878 (56%).
Estes números colocam Portugal como o 17º país do Mundo que em termos percentuais tem mais população vacinada, num ranking liderado por Malta. Em termos de doses por 100 habitantes, Portugal segue acima da média da UE a 27 e é o 19º país com melhores números no planeta.