Três grandes em São Bento e um inimigo invisível que deixa as pessoas "aterrorizadas" em casa

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PORTUGAL

Hoje convidamo-lo a ler uma grande reportagem e uma entrevista que expõem, por um lado, as dificuldades de lidar com o coronavírus e, por outro, os efeitos nefastos que o vírus pode causar na sociedade, ainda que de forma indireta.

• Quando a solidão nos idosos também é um vírus, há ajuda que bate à porta. A Renascença acompanhou equipas da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa que fazem visitas domiciliárias a idosos. Uma coleção de histórias de necessidade e solidão, mas também de solidariedade e companhia. Jaquelina vê a Covid-19 como “uma guerra que veio limpar pessoas”. Ainda mais encerrados do que antes por causa da pandemia, estes idosos de Lisboa precisam de quem os ouça. “É o que quero: eu quero é falar. Falar do quê? Falar do medo. Vivemos um medo terrível. É muito difícil combater um inimigo invisível. É o pavor.”
• O coordenador do estudo divulgado na revista da Ordem dos Médicos, que levanta a hipótese de Portugal ter registado quatro a seis vezes mais mortes do que a média, desde o início da pandemia (e que a DGS diz desconhecer), diz à Renascença, que “as pessoas estão aterrorizadas em casa com medo de morrer com o vírus, e pura e simplesmente recusam tratamento”. António Vaz Carneiro aponta a redução da procura de cuidados de saúde em contexto de pandemia, como eventual casa para o número excessivo de mortes. “Há cerca de 30 a 40% dos doentes que deveriam ir à urgência, fazer biópsias, endoscopias, ser internados, deveriam ser operados e ir a consultas e estão a morrer sem tratamento”, diz.
• Marcelo Rebelo de Sousa já disse que não vai ser renovado o estado de emergência, embora rejeite um cenário de facilitismos. Os partidos já reagiram, com alguns a avisar que o surto ainda não está controlado e a DGS diz que está preparada para uma eventual subida dos números de mortos nos cuidados intensivos no pós-confinamento, mas quanto aos números de hoje há a registar mais 20 mortos. Na conferência de imprensa de ontem a DGS disse que não é uma emergência testar todos os lares de idosos, mas as misericórdias discordam.
• Todos reconhecem o valor dos profissionais de saúde, muitos dos quais trabalham sem descanso no combate à Covid-19. Como agradecimento criou-se um voucher para irem descansar quando tudo isto passar. O Governo contratou mais de 1.800 profissionais para reforçar o SNS, mas a capacidade de internamentos em caso de segunda vaga tem limites: 4.000
• A crise também está a afetar estudantes que, sem dinheiro para propinas, vivem dias de angústia. Ainda no âmbito do ensino, a Câmara de Lisboa ofereceu 3.300 computadores a alunos do primeiro ciclo na cidade.
• Os ginásios preparam o regresso ao exercício em maio, para que você possa regressar ao seu.
• Cerca de 600 mil pessoas e 70 mil empresas vão receber apoios do Estado por causa do coronavírus, mas só 61% dos pedidos de lay-off simplificado foram aprovados pelo Governo.
• Os três grandes do futebol juntos em São Bento. Um momento raro. Benfica, FC Porto e Sporting reuniram-se com o primeiro-ministro, Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e Liga de Clubes para discutir o regresso do campeonato. A retoma das competições de futebol profissional em Portugal será decidida "nos próximos dias", garantiu no final o presidente do FPF, Fernando Gomes.
• Isto no dia em que o CEO da Altice revelou, em entrevista à Antena 1, que a empresa suspenderá o pagamento de abril aos clubes de futebol, pelos direitos de transmissão. “Não havendo conteúdo desportivo nesses canais, não faz sentido serem realizados os pagamentos correspondentes por um serviço que não está a ser disponibilizado", justificou Alexandre Freitas. A Altice patrocina vários clubes da I Liga e é uma das detentoras dos direitos de transmissão televisiva dos campeonatos profissionais. O presidente executivo da empresa garantiu que os montantes relativos a março foram liquidados.

MUNDO

Enquanto cada vez mais países ocidentais dão sinais de reabrir a economia, um português em Seoul explica como é que a Coreia do Sul derrotou a pandemia.

• Na Austrália, a discussão sobre a proteção de dados, expostos nas aplicações desenvolvidas para rastreio da Covid-19, não parece estar a preocupar a população. Cerca de 2,4 milhões de australianos já descarregaram a app estatal de rastreio de contactos no âmbito da pandemia do novo coronavírus, de acordo com o ministro da Saúde, Greg Hunt.
• No dia em que França ultrapassou os 23.600 mortos e anunciou que vai começar a reabrir a economia, o Reino Unido anunciou que poderá haver vacina já em setembro.
• Em Espanha o número de mortos diários diminuiu, mas manteve-se acima dos 300 e nos Estados Unidos foram mais de 1.300. No postal de quarentena de hoje um português radicado na Coreia do Sul diz que foi com estranheza que assistiu ao mundo ocidental a ignorar o que se passava em Wuhan, enquanto Seoul adotava medidas rigorosas e evitava uma catástrofe.
• O Papa pede respeito pelas recomendações para evitar uma segunda vaga. Numa altura em que vários países começam a aliviar restrições, Francisco rezou para que o povo de Deus seja obediente às disposições com vista ao fim do confinamento.
• O Ramadão começou, e este ano vive-se de uma forma muito particular. O imã da Mesquita de Lisboa fala em “violência espiritual”.
• 25 de maio é a data limite, imposta pela UEFA, para ligas e federações nacionais apresentarem plano de retoma dos campeonatos. Numa carta às 55 federações que compõem a organização, o presidente Aleksander Ceferin notificou, ainda, que todas as ligas que não retomarem os campeonatos devem enviar a lista de clubes que participarão nas competições europeias, na próxima temporada, bem como justificação para a decisão de terminar prematuramente a época atual.
• A UEFA adiou o Euro 2020 por um ano, mas pretende terminar a Liga dos Campeões e a Liga Europa. O organismo tem apelado às federações que tentem completar as temporadas e, para isso, não colocou uma data limite para fim da época. França já disse que futebol, só em setembro.