13 nov, 2024 - 21:27 • Diogo Camilo
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No dia em que foi nomeado por Donald Trump para chefiar a “eficiência governamental”, Elon Musk surgiu ao lado do Presidente eleito dos Estados Unidos para reuniões com republicanos em Washington D.C. A participação ativa do dono da rede social X na nova administração não é nova: depois da confirmação da vitória republicana, o homem mais rico do mundo participou numa conversa por telefone entre Trump e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.
Agora, vai liderar aquilo que Trump descreve como “potencialmente, o 'Projeto Manhattan’ dos nossos tempos”, em referência ao programa de desenvolvimento que deu origem às primeiras bombas atómicas durante a Segunda Guerra Mundial.
Não é só nas comparações que o novo departamento de Elon Musk é curioso. O nome - Departamento de Eficiência Governamental (ou DOGE) -, faz referência a um meme da Internet que se tornou popular nos últimos anos e que deu origem a uma criptomoeda (a Dogecoin) que viu o seu preço disparar depois do anúncio de Trump como novo Presidente dos EUA - e de publicações sugestivas de Musk nas redes sociais.
Com o DOGE, Trump e Musk têm como objetivo cortar o máximo de despesa governamental e o dono da Tesla e da rede social X já lançou um número ambicioso: “pelo menos” dois biliões de dólares - ou seja, cerca de sete vezes o valor de toda a riqueza de Portugal junta.
Foi num comício de Trump, em Nova Iorque e pleno Madison Square Garden, que Elon Musk afirmou em outubro que o orçamento federal dos EUA poderia ser reduzido neste valor. Para contexto, o último orçamento norte-americano foi de 6,75 biliões de dólares (6,4 biliões de euros), o que significa um corte de 30% dos gastos norte-americanos em setores essenciais como saúde, defesa, segurança social, transportes ou pensões.
Nas redes sociais, Musk prometeu uma abordagem inovadora quanto ao seu trabalho, publicando todas as decisões, para o que diz ser um objetivo de “máxima transparência”. “Sempre que o público entender que estamos a cortar algo importante ou a não cortar algo que consideram desnecessário, podem avisar-nos”, escreveu, prometendo anunciar listas de “gastos idiotas”.
Musk tem experiência reconhecida como gestor em empresas como a Tesla, a SpaceX ou a rede social X, que o permitiram tornar-se no homem mais rico do mundo, mas a tarefa, agora, é reduzir o orçamento de um país em um terço.
O seu parceiro de departamento é Vivek Ramaswamy, fundador da farmacêutica Roivant Sciences e uma voz ativa contra a Food and Drug Administration (FDA), o regulador norte-americano do setor, considerando que “muitas das suas ações e regulamentos são hipócritas, prejudiciais e inconstitucionais”.
Na curta declaração inicial, o Presidente eleito dos EUA anuncia que o novo departamento vai “contribuir com conselhos e orientações” de fora do governo norte-americano, juntando-se à Casa Branca para uma “reforma estrutural em grande escala” e uma “abordagem empresarial nunca antes vista”.
Para “libertar a economia”, Trump quer abolir o Departamento de Educação, cabendo aos estados o controlo do setor. O novo Presidente pretende também acabar com o que chama de “deep state” - o estado profundo, caracterizado por funcionários federais que, segundo o mesmo, têm uma agenda própria que lidera os destinos dos EUA.
Trump fala de cortes drásticos, mas, realisticamente, as mudanças vão depender do Congresso: se no Senado, a maioria republicana está confirmada, na Câmara dos Representantes faltam ainda confirmar lugares, faltando dois a republicanos para assegurar controlo total sobre as decisões da política norte-americana.
Aliado à nomeação do homem mais rico do mundo está, não só a ajuda que este ofereceu durante a campanha - com o sorteio de lotarias para eleitores registados em estados decisivos ou publicações de apoio expresso a Trump na sua conta do X com mais alcance que a de outros utilizadores na rede social -, mas também a valorização das suas empresas desde que foi confirmada a vitória do republicano nas eleições norte-americanas.
Desde a semana passada, a fortuna de Elon Musk cresceu 55 mil milhões de euros (ou cerca de 60 mil milhões de dólares), com as ações da Tesla a chegarem a subir 39% e a bitcoin 37% desde 5 de novembro.
Na segunda-feira, dia 11, a riqueza chegou a atingir os 320 mil milhões de dólares (ou 302 mil milhões de euros), colocando-o com mais 90 mil milhões que o segundo mais rico do mundo, o dono da Oracle, Larry Ellison, também ele um antigo administrador da Tesla e amigo próximo de Musk.
Com apoios anunciados de 123 milhões de euros e a compra do Twitter, agora X, por cerca de 40 mil milhões de euros, pode-se dizer que Musk já “pagou” os seus investimentos, apenas uma semana após a vitória de Trump.