09 nov, 2024 - 09:00 • Diogo Camilo
Donald Trump venceu a corrida presidencial a Kamala Harris para ser eleito o 47.º Presidente dos Estados Unidos da América. Para isso, recuperou quatro estados que tinha perdido para Joe Biden em 2020 e prepara-se para vencer os sete estados que eram considerados, à partida para estas eleições, decisivos para definir o vencedor.
Com projeção de vitória na Pensilvânia, Michigan, Wisconsin e Geórgia e Carolina do Norte, além de estar bem encaminhado para vencer Arizona e Nevada, Trump está a caminho de igualar o feito de Ronald Reagan, em 1984, o último a vencer estes sete estados em simultâneo numa corrida presidencial, na altura contra o democrata Walter Mondale.
Para vencer todos os estados que tinha perdido em 2020, o republicano recorreu a estratégias diferentes de campanha e teve de agradar a diferentes gerações, diferentes etnias e com diferentes níveis de educação, beneficiando até de menor participação em alguns dos estados.
Na Geórgia, os mais velhos votaram mais em Trump, enquanto no Michigan, ao contrário de outros estados, o republicano foi mais votado que Kamala entre os jovens. No Nevada, contribuiu o aumento da população latina e no Wisconsin foi uma menor afluência da comunidade afro-americana que deu a vitória a Trump. Na Pensilvânia, o voto da população menos instruída ajudou muito o republicano.
Tudo se conjugou para uma vitória folgada, decidida ainda durante a manhã de quarta-feira e que deverá terminar com 312 votos eleitorais para Trump - um resultado melhor que o obtido em 2016 e até melhor que o de Biden, há quatro anos.
Quando estão contados 99% dos votos na Pensilvânia, Trump soma quase 3,5 milhões (para 50,5% dos votos), enquanto Kamala tem menos 134 mil votos que o republicano (48,5%).
Em 2020, Biden venceu no estado com menos votos que os que Trump teve este ano, mas mais 115 mil que os que Kamala tem atualmente. O agora Presidente eleito, por seu lado, conta já com mais 90 mil votos que há quatro anos, num estado onde a participação caiu um ponto percentual - de 69,9% para 68,9%, segundo projeções do Washington Post.
Até ao momento foram contados quase 6,9 milhões de votos, menos 50 mil que há quatro anos, com a Pensilvânia a ser possivelmente o único dos sete estados decisivos com menos votos do que os registados em 2020.
Aqui, quase todos os condados viraram à direita, com os principais (Erie, Monroe, Northampton, Bucks) que Biden tinha vencido em 2020 a voltarem a girar para Trump este ano. Em Filadélfia, apesar da vitória folgada, Kamala Harris teve menos 50 mil votos que Biden.
Olhando para as sondagens à boca das urnas da Edison Research para a Reuters, poucas foram as mudanças nas bases sociais do eleitorado norte-americano neste estado, exceto dois fatores que saltam à vista para o lado de Trump: o de mais jovens e mais pessoas sem grau de Ensino Superior a votar no republicano.
No estado da Pensilvânia, a percentagem de Trump entre os mais jovens (45 ou menos anos) subiu sete pontos percentuais, dos 37% contra Biden em 2020 para 44%. Kamala foi quem recolheu mais votos na faixa etária, mas muito menos do que os que seriam precisos.
Estes 44% podem parecer pouco, mas foram mais do que Trump conseguiu a nível nacional (42%) e o quarto melhor resultado do agora Presidente eleito em jovens entre os sete estados decisivos. A somar a isto, Trump venceu Kamala entre os mais velhos (52% contra 47%), faixa etária onde a democrata recolheu mais votos a nível nacional.
Entre os eleitores com menos habilitações - ou “poorly educated”, como Trump lhes chama -, o republicano subiu três pontos percentuais, dos 54% para os 57%. O resultado é o melhor de qualquer um dos candidatos nesta faixa da população entre os sete estados decisivos e foi determinante para a vitória, já que representa 60% do eleitorado no estado.
Nos mais instruídos, Trump teve o seu pior resultado de todos os estados decisivos (39%), com Kamala a subir quatro pontos e a recolher 60% dos votos, insuficiente para vencer os votos eleitorais.
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Numa altura em que estão contados quase todos os votos no Michigan, Donald Trump conta com quase 2,8 milhões (49,7%), mais 80 mil que Kamala Harris (48,3%).
Quando Biden venceu o estado há quatro anos, o democrata teve exatamente 2,8 milhões de votos - um número que Trump pode alcançar ainda. O republicano conta já com mais 150 mil votos do que os teve em 2020 (2,65 milhões). Em relação à participação, estão contados já mais 80 mil votos (5,6 milhões no total) que nas últimas eleições.
No Michigan, as diferenças não se fizeram na educação dos eleitores, mas os padrões de voto nas faixas etárias foram contrários ao resto do país: aqui, os jovens votaram mais em Trump do que em Kamala (52% contra 46%), naquele que foi o único estado decisivo em que o republicano foi mais votado di que a candidata democrata nas idades dos 18 aos 29 anos, segundo a sondagem à boca das urnas da Edison Research.
No sentido contrário, Trump caiu seis pontos entre os mais velhos, registando apenas 43% (contra 55% de Kamala) dos votos entre os maiores de 65 anos, para o segundo pior resultado nesta faixa etária entre os sete estados decisivos - só melhor que no Wisconsin.
Os dois acabam por anular-se mutuamente, ficando o "fator latino" a explicar a vitória de Trump. O estado foi o único dos decisivos em que a comunidade hispânica votou mais em Trump do que em Kamala (62% para o republicano, contra 35%), tendo uma importância ainda maior já que a população latina no Michigan duplicou nos últimos quatro anos - representando agora 6% do eleitorado, quando em 2020 era 3%.
O estado do Wisconsin foi, até ao momento, a vitória mais magra de Trump nestas eleições: o candidato republicano venceu por menos de 30 mil votos, recolhendo 49,7% contra 48,8% de Kamala.
Os quase 1,7 milhões de votos são quase mais um milhão do que os conseguidos há quatro anos, enquanto a democrata conseguiu mais 38 mil votos do que Biden em 2020 e mesmo assim perdeu. Em relação há quatro anos, e numa altura em estão contabilizados 99% dos votos, já há mais 115 mil que em 2020.
Nas sondagens à boca das urnas salta à vista o pior desempenho de Kamala Harris entre a comunidade afro-americana nos estados decisivos, com apenas 77% dos votos - a nível nacional conseguiu 86%. Aqui, ao contrário de outros estados, Trump portou-se pior entre a comunidade latina, não indo além dos 39% de votos.
A vitória foi conseguida entre os mais jovens, novamente. O republicano teve 49% dos votos na faixa etária dos 18 aos 29 anos e subiu cinco pontos em relação à sua prestação nas últimas eleições, subindo também a percentagem de votos nas faixas etárias médias, até aos 64 anos, e caindo 11 pontos entre os mais velhos - em que Kamala teve 58% dos votos e Trump 41%.
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Na Geórgia, o segundo estado decisivo a ser declarado para o republicano na noite eleitoral, Donald Trump conta com 2,6 milhões de votos (50,7%), mais 115 mil que Kamala Harris (48,5%), numa altura em que estão contados 98% dos votos.
São quase 200 mil votos a mais em relação à prestação do republicano em 2020 e mais 500 mil que na primeira vitória presidencial, em 2016. Já Kamala conseguiu mais 70 mil votos que Biden na sua vitória nas últimas eleições, numas eleições que já contabilizam mais 238 mil votos contados do que há quatro anos.
A vitória na Geórgia escreveu-se com diferenças acentuadas nas faixas etárias: ao contrário do resto dos estados decisivos, aqui a percentagem de voto dos mais jovens em Trump caiu quatro pontos, enquanto a de mais velhos subiu três pontos.
Na faixa etária dos 18 aos 29 anos, Trump teve apenas 39%, contra 59% de Kamala. Na de maiores de 65 anos, o republicano somou 59% - a mais alta de todos os estados decisivos -, enquanto a democrata teve apenas 40% - a mais baixa dos sete territórios que decidiram as eleições.
Vencido por Biden em 2020, o Nevada prepara-se para ser o quinto estado a cair para o lado republicano em 2024. Com grande parte dos votos contados, mas ainda sem vencedor declarado, Trump segue com uma vantagem superior a 50 mil votos e de quase quatro pontos - com 51%, contra 47,2% de Kamala Harris.
Mesmo faltando para acabar a contagem, o Presidente eleito conta já com mais 30 mil votos do que os que recolheu em 2020, enquanto a democrata tem menos 55 mil que os de Biden nas últimas eleições. Atualmente estão contados 1,37 milhões de votos no estado, prevendo-se que supere o recorde de 1,4 milhões do ato eleitoral anterior.
A provável vitória de Trump aqui é explicada pela forte comunidade latina, num estado em que hispânicos têm maior peso no voto (17% do eleitorado). Aqui, ao contrário do resto do país, Kamala não venceu (ambos recolheram 47% dos votos), graças a uma subida de 11 pontos percentuais de Trump em relação há quatro anos.
Além da comunidade latina, Trump reforçou ainda a vitória no voto jovem - onde a sua percentagem subiu seis pontos em relação a 2020.
Uma das hipóteses iniciais apontadas para a derrota da candidata democrata foi a participação, mas no geral, esta deverá ser semelhante à de 2020, quando mais de 158 milhões de norte-americanos votaram.
Embora em alguns estados o número de votantes tenha ficado aquém, na maioria dos estados decisivos a percentagem de participação manteve-se e o número de votos aumentou.
No Wisconsin, Michigan, Geórgia e Carolina do Norte houve mais votos registados do que há quatro anos, numa altura em que a contagem nestes estados está ainda a 99%.
Na Pensilvânia, a contagem está muito semelhante à de 2020, e o recorde no Nevada está prestes a ser batido, quando estão contados apenas 90% dos votos. No Arizona ainda é cedo para dizer, mas projeções da Associated Press apontam que estão contados 71% dos votos, o que indica que o número de 2020 será batido.