Emissão Especial. "Trump vai fazer todo o possível para forçar Ucrânia" a negociar com a Rússia

O que esperar da nova presidência de Donald Trump? E que implicações externas pode ter a vitória do republicano? Estas foram algumas das perguntas colocadas na emissão especial da Renascença dedicada às eleições presidenciais dos Estados Unidos.

Os convidados são Margarida Marques, antiga eurodeputada pelo PS e antiga secretária de Estado dos Assuntos Europeus; Martins da Cruz, antigo embaixador de Portugal em Bruxelas e em Madrid, e antigo ministro dos Negócios Estrangeiros; o economista João Duque, presidente do ISEG; e o jornalista José Pedro Frazão, enviado da Renascença aos EUA.

A vitória de Donald Trump nas eleições norte-americanas representa preocupação e um novo desafio para a Europa, diz à Renascença Margarida Marques.

A antiga secretária de Estado dos Assuntos Europeus e ex-eurodeputada aponta as questões comerciais, mas também de segurança e tecnológicas.

Sobre a guerra na Ucrânia, Margarida Marques sublinha que a Europa tem que reforçar a sua autonomia estratégica, para continuar a apoiar Kiev sem a ajuda dos Estados Unidos.

Trump vai "forçar negociações" Ucrânia-Rússia

Na leitura de António Martins da Cruz, embaixador e antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, a Ucrânia vai ser também um tema sensível para a Europa, nomeadamente quanto às questões de segurança e económicas.

Em concreto, sobre a guerra na Ucrânia, António Martins da Cruz acredita que Donald Trump vai procurar a via das negociações para chegar a um cessar-fogo. "Não vai resolver o problema em 24 horas, mas Trump vai fazer todo o possível para forçar a Ucrânia" a negociar um acordo com a Rússia, afirma.

O embaixador acrescenta que a Europa não tem autonomia estratégica que assegure as questões de defesa e defende, por isso, um reforço da NATO.

Ainda sobre o resultado das eleições nos EUA, Martins da Cruz considera que “as sondagens falharam completamente e 99% dos comentadores portugueses nas rádios, televisões e jornais falharam tão completamente como as sondagens”.

Na análise do economista João Duque, habitual comentador da Renascença e presidente do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), apesar da linha protecionista anunciada pelo candidato republicano, Donald Trump pode ter de enfrentar alguns entraves para colocar em prática os seus objetivos.