06 nov, 2024 - 19:38 • Diogo Camilo
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Donald Trump é o Presidente eleito dos Estados Unidos, com projeções de vitórias em cinco dos estados decisivos (Pensilvânia, Wisconsin, Michigan, Carolina do Sul e Geórgia) e vantagens gordas nos outros dois (Arizona e Nevada). Para isso, contribuiu em grande parte o voto latino, que subiu 13 pontos percentuais no candidato republicano em relação às últimas eleições, e o voto jovem, com seis pontos de subida para 2020, enquanto o voto das mulheres em democratas caiu com Kamala Harris, em relação a Joe Biden.
A sondagem à boca das urnas da Edison Research para a Reuters ajuda a montar o “puzzle” da vitória de Trump, onde o voto feminino não ajudou Kamala, o voto jovem cresceu com Trump e a comunidade latina - especialmente masculina - deu uma forte guinada à direita para os republicanos.
Historicamente democratas, a comunidade deu cerca de 60% dos seus votos a Joe Biden há quatro anos, uma vantagem dentro da margem típica para republicanos. No entanto, em 2024, Trump terá recuperado entre hispânicos 13 pontos, conseguindo 46% dos votos, enquanto Kamala teve apenas 54%.
Em contas simples, e contando que a população representa 13% dos eleitores nos EUA, são mais de dois milhões de eleitores latinos que passaram a votar em Donald Trump, em vez de voltarem em Kamala Harris.
A confirmar-se esta percentagem, é o melhor resultado de um candidato republicano entre latinos desde que há registo, pulverizando os 40% de George W. Bush em 2004 e os 37% de Ronald Reagan em 1984.
Para contexto, a população hispânica que pode votar nos Estados Unidos é de 36 milhões, mais quatro milhões do que nas últimas eleições, ultrapassando a população de negros no país. Entre eles estão descendentes de países como México, Cuba, República Dominicana, países da América do Sul e do território de Porto Rico.
Um em cada quatro vive na Califórnia e os estados com maior percentagem de latinos na população são o Novo México, a Califórnia, o Texas e dois dos estados decisivos destas eleições, Arizona e Nevada.
Nestes estados, a margem de votos democrata já tinha diminuído seis e cinco pontos entre 2016 e 2020, recuando mais de 10 pontos em estados como Pensilvânia e Geórgia, que agora são de Trump.
Uma das causas para isso estará nos homens latinos, onde o candidato republicano subiu uns impressionantes 18 pontos percentuais, conseguindo 54% e batendo Kamala, que teve apenas 44%. Entre mulheres latinas, os votos de Trump subiram sete pontos percentuais, para os 37% - contra 61% de Kamala.
Isto fez com que a percentagem de voto das mulheres no geral em Trump subisse dois pontos, ainda que tenha baixado entre mulheres brancas (52% para o republicano, contra 47% de Kamala) e entre mulheres afro-americanas (7% para Trump, contra 92% para Kamala).
A percentagem de voto em Trump manteve-se semelhante às de 2016 e 2020 entre homens brancos (caiu dois pontos, dentro da margem de erro) e subiu um ponto entre homens afro-americanos.
Outra das chaves destas eleições pode estar na idade. Os republicanos continuam na senda de conquistar votos entre os jovens e Trump conseguiu 42% dos votos numa população que na América vota tradicionalmente à esquerda.
São seis pontos de diferença entre a população com 18 a 29 anos em apenas quatro anos, numa faixa etária em que os democratas conseguiram sempre 60% ou mais nas eleições em que venceram.
Desta vez, Kamala não foi além dos 55%, a mesma percentagem que Hillary Clinton tinha recolhido quando perdeu para Trump em 2016.
Do outro lado, Kamala Harris tornou-se a primeira democrata em 20 anos a vencer entre a população dos 65 ou mais anos desde Al Gore, em 2000. Algo importante numa eleição renhida, mas que acabou em ambos os casos em derrota.
A democrata teve 50% dos votos nesta população, enquanto Trump teve 49% - menos três pontos que nas últimas eleições.
No Michigan, um dos estados que foi confirmado para Trump e que em 2020 tinha votado em Biden, a população jovem votou em força em Trump (52%) e a população idosa em Kamala (55%).
Para a sondagem, responderam à Edison Search mais de 22 mil eleitores, uma amostra representativa do país.