03 nov, 2024 - 20:00 • Diogo Camilo
O vencedor das eleições presidenciais nos Estados Unidos desta terça-feira vai liderar o destino de uma nação com mais de 300 milhões de pessoas, mas será decidido por apenas dezenas de milhares de votos em pouco mais de meia dúzia de estados.
Isto porque, em apenas sete dos 50 estados a votos no dia 5 de novembro há incerteza sobre o vencedor entre Democratas e Republicanos, segundo as sondagens recentes e o histórico da política norte-americana.
Entre esses sete empates técnicos destaca-se a Pensilvânia, por ser o mais populoso e o que decide mais votos do Colégio Eleitoral, tornando-se determinante - mas não obrigatório - para a vitória de Kamala Harris ou de Donald Trump.
Como nos EUA o vencedor das eleições presidenciais não é baseado no voto popular, mas sim no sistema do Colégio Eleitoral, é possível ter uma maioria dos 538 votos eleitorais - ou seja, alcançar a tão desejável barreira dos 270 -, e nem ser o candidato mais votado, como aconteceu com Trump em 2016, frente a Hillary Clinton. No caso de um empate a 269 votos eleitorais, é o Congresso que decide - e aí há vantagem para Trump.
Se todos os 43 estados e território federal de Washington DC votarem com a disparidade que existe nas sondagens, Harris parte para a batalha nos estados decisivos com 226 votos eleitorais e Trump com 219, com outros 93 por disputar. Um último inquérito de uma empresa bem cotada aponta para uma ascensão de Kamala no Iowa, onde os Republicanos dominam, mas o resultado não será suficiente para contrariar a vitória de Trump.
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São sete os estados que podem cair para qualquer lado a 5 de novembro: o trio do “Rust Belt”, no norte dos EUA, que inclui Michigan, Pensilvânia e Wisconsin, e o quarteto do “Sun Belt”, no sul e sudeste do país, com Arizona, Nevada, Geórgia e Carolina do Norte.
Os três primeiros foram historicamente dos Democratas até 2016, quando Trump venceu a Hillary em todos eles, com Biden a reconquistar a cintura quatro anos depois.
Em 2020, Biden venceu também Geórgia e Arizona, dois estados do sul que, historicamente, votavam em Republicanos.
Quanto à Carolina do Norte, embora renhida nas últimas eleições, apenas por uma vez nos últimos 40 anos - Obama, em 2008 - foi vencida por Democratas. Já o Nevada “acertou” sempre no vencedor do voto popular nas últimas 11 eleições.
Com a conjuntura atual, existem então 20 combinações possíveis de uma vitória para Kamala Harris e 21 para uma vitória de Donald Trump, com três cenários de empate.
A dois dias das eleições, os sete estados decisivos permanecem “too close to call” - ou na tradução para português, “demasiado renhidos para atribuir”.
Na sondagem final do New York Times, divulgada este sábado, Trump surge à frente no Arizona por quatro pontos, enquanto Kamala lidera Nevada por três pontos, Wisconsin e Carolina do Norte por dois e Geórgia por um, com empates na Pensilvânia e Michigan.
O cenário permitiria, assim, a vitória a Kamala Harris apenas com Michigan, que dá 15 votos eleitorais -, sem precisar de vencer a Pensilvânia (que tem 19).
A média de sondagens do jornal norte-americano dá uma vantagem a Donald Trump no Arizona superior a três pontos, com uma liderança de um ponto no estado da Geórgia e inferior a um ponto na Carolina do Norte e Nevada. Kamala Harris está à frente no Wisconsin e no Michigan por menos de um ponto e ambos estão literalmente empatados na Pensilvânia, onde tudo se pode decidir.
Outros agregadores de sondagens conhecidos, como o site “FiveThirtyEight” e o “Silver Bulletin” colocam também Trump e Kamala lado a lado na Pensilvânia e com vantagens inferiores a um ponto no Wisconsin, Michigan e Nevada.
Se Trump vencer onde tem uma vantagem maior nas sondagens, no Arizona, Geórgia e Carolina do Norte (que têm 11, 16 e 16 votos eleitorais, respetivamente), bastaria ganhar um de Michigan, Wisconsin ou Pensilvânia para garantir a presidência pela segunda vez.
Mas ao equilíbrio nas sondagens junta-se a margem de erro que todas as sondagens têm - entre os três a quatro pontos percentuais -, o que significa que qualquer um dos dois candidatos pode estar à frente nestes sete estados.
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Uma sondagem divulgada este sábado colocou em órbita outro estado: no Iowa, Kamala surge à frente de Trump com 47% contra 44%, uma vantagem de três pontos para a democrata que inverte a tendência registada em setembro - quando o republicano estava a frente com 47% contra 43% da vice-presidente.
No mesmo dia, para resfriar os ânimos, é divulgada outra sondagem - de uma empresa não tão bem cotada no meio -, que dá uma vantagem de nove pontos a Trump no Iowa.
O estado dá apenas seis votos eleitorais, mas as sondagens podem ajudar algo que não se sabe explicar ainda com os estados do “Iron Belt”, como o vizinho Wisconsin ou o Michigan.
Assim, a corrida parece estar ainda mais imprevisível que em 2020, quando apenas 43 mil votos em Biden espalhados por três estados - cerca de 0,3% dos votos de todos os eleitores - teriam sido suficientes para a reeleição de Trump.