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Presidenciais EUA 2024

Eleições dos EUA a dois meses. Kamala deixou de ganhar terreno a Trump

05 set, 2024 - 09:00 • João Pedro Quesado

A campanha norte-americana entrou na fase decisiva e as sondagens dos sete estados que vão decidir a eleição mostram um cenário misto para a vice-presidente dos EUA. A única certeza continua a ser que todos os votos vão ser importantes, já que as margens entre Harris e Trump são muito reduzidas. E um mero erro ligeiro nas atuais sondagens pode mudar tudo.

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Kamala Harris parou de ganhar vantagem sobre Donald Trump nos sete estados decisivos para o resultado no Colégio Eleitoral nas eleições presidenciais de 2024 nos Estados Unidos da América (EUA), segundo as sondagens mais recentes. A dois meses das eleições de 5 de novembro, a campanha aumenta a velocidade: os primeiros boletins de voto para eleitores ausentes são enviados pela Carolina do Norte esta sexta-feira, o primeiro debate está marcado para 10 de setembro e a votação antecipada começa 10 dias depois, em alguns estados.

As sondagens mais recentes têm sido um misto de notícias boas e não muito interessantes para Kamala Harris, que operou uma recuperação de quase cinco pontos nas sondagens dos estados mais importantes da noite eleitoral após substituir Joe Biden na candidatura do Partido Democrata à Casa Branca.

Uma sondagem divulgada pela “CNN” esta quarta-feira mostrava um cenário misto em seis estados – Arizona, Geórgia, Michigan, Nevada, Pensilvânia e Wisconsin. Enquanto a atual vice-presidente lidera as intenções de voto (além da margem de erro de quase cinco pontos percentuais) dos prováveis eleitores no Wisconsin e no Michigan, Donald Trump consegue essa liderança no Arizona.

Sobram a Geórgia e o Nevada, onde Harris consegue 48% face aos 47% do ex-Presidente, e a Pensilvânia, onde há empate, com cada partido a recolher 47% das intenções de voto.

Segundo as médias de sondagens do “The New York Times”, Kamala Harris lidera em três estados - Wisconsin, Michigan e Pensilvânia - e está empatada com Donald Trump em quatro - Geórgia, Nevada, Carolina do Norte e Arizona. O “The Washington Post” coloca a democrata a liderar nos mesmos estados, mas coloca o Wisconsin fora da margem de erro. O empate surge apenas no Nevada, com Trump a liderar na Carolina do Norte, Arizona e Geórgia.

Em todos os casos, é quase sempre a margem de erro que impera, o que faz os especialistas do “The Cook Political Report” considerar o destino de 93 votos eleitorais como imprevisível.

A margem de erro obriga a recordar eleições anteriores. Em 2016, erros acima da margem mudaram a figura das eleições - Trump estava a ser subestimado pelas sondagens nos estados decisivos, em alguns casos por seis pontos. Em 2020, as sondagens também subestimaram Trump – por nove pontos, no Wisconsin -, mas Biden tinha uma vantagem suficiente para continuar a vencer.

Caso seja Kamala Harris a ser subestimada – como aconteceu com Barack Obama em 2012 –, a democrata terá uma noite eleitoral mais tranquila do que se prevê atualmente. Caso seja outra vez Donald Trump, mesmo que por apenas um ponto, serão poucos os estados decisivos que vão escapar ao republicano.

Os dados da sondagem divulgada pela “CNN” mostram ainda que a economia continua a ser o tema mais importante para os eleitores, por larga margem. A seguir estão a proteção da democracia e o aborto e direitos reprodutivos. A sondagem mostra que Trump recebe mais confiança dos eleitores no tema da economia – apesar de alguns ganhos, Kamala Harris ainda não conseguiu ultrapassar essa barreira.

Pensilvânia, a chave da eleição - e o estado mais caro

O estado da Pensilvânia é frequentemente considerado o mais importante das eleições presidenciais, por simples razões matemáticas do Colégio Eleitoral. Desde que a Flórida abandonou o clube dos ‘swing states’ que é a Pensilvânia ter mais votos eleitorais (19) entre esses estados.

Isso faz com que seja o mercado onde as campanhas gastam mais dinheiro na transmissão de anúncios - de longe. Segundo as contas da empresa “AdImpact”, divulgadas no final de agosto, as campanhas gastaram quase 190 milhões de dólares em anúncios no estado desde março - 99,4 milhões do lado dos democratas e 89,4 milhões dos republicanos.

Apesar dos democratas gastarem mais – não só na Pensilvânia, mas em todos os sete estados decisivos (mais de 352 milhões de dólares, contra 232 milhões dos republicanos) – são os republicanos que estão a pôr as fichas quase todas na Pensilvânia. Além dos gastos já relatados, a Pensilvânia e a Geórgia representam mais de 81% das reservas de anúncios da campanha de Donald Trump até ao dia 5 de novembro.

A razão é simples: se as atuais sondagens estiverem corretas, e se Donald Trump voltar a ganhar na Carolina do Norte (o único dos sete estados decisivos que venceu em 2020), o ex-Presidente não vence sem os votos eleitorais da Pensilvânia e da Geórgia. Se Kamala Harris vencer num desses dois estados a par do Michigan, Wisconsin, Arizona e Nevada, será a próxima Presidente dos EUA.

O Arizona, onde Trump parece ter uma ligeira vantagem, é a terceira hipótese: captar os 11 votos eleitorais desse estado na fronteira sul significa ganhar mesmo sem a Pensilvânia ou a Geórgia. Isto desde que tenha conseguido manter o voto eleitoral do segundo círculo eleitoral no Maine (que venceu em 2016 e 2020), o que parece provável.

O primeiro debate – talvez o único

Um dos marcos da próxima semana será o primeiro debate televisivo entre Kamala Harris e Donald Trump, originalmente agendado para ser o segundo debate entre Joe Biden e o republicano. O debate, organizado pela “ABC News”, vai ser a primeira vez que os dois candidatos se vão encontrar em pessoa, já que Donald Trump recusou estar presente na tomada de posse de Joe Biden, a 20 de janeiro de 2021, após a tentativa falhada de reverter o resultado das eleições a seu favor.

Depois de uma disputa pública sobre desligar o microfone quando o outro candidato falaalgo que a campanha de Kamala propôs, numa estratégia para expor os comentários menos comuns de Trump – as regras do debate parecem estar estabelecidas, e vão ser semelhantes ao primeiro.

Com uma duração de 90 minutos e dois intervalos, os candidatos vão estar o tempo todo de pé, sem a ajuda de apontamentos e sem público na plateia. Kamala Harris e Donald Trump vão ter dois minutos para responder a cada pergunta, dois minutos para reagir a outro candidato, e um minuto extra para acrescentar mais detalhes ou responder à reação.

Trump vai ser o último a falar, num debate em que lhe basta não ser demasiado agressivo para ser considerado "presidencial" – outra vez. Já Kamala Harris tem a pressão de não se deixar afetar por possíveis ataques pessoais do adversário, incluindo repetições dos comentários sobre a sua identidade racial, enquanto mostra aos eleitores o que propõe para os próximos quatro anos dos EUA.

Numa carta à "ABC News" revelada pelo "Politico", conselheiro de comunicação de Kamala Harris, disse que esta é colocada em desvantagem pelo desligar dos microfones, que "vai servir para proteger Donald Trump de trocas diretas com a vice-presidente", mas que a campanha aceitou as regras para não colocar o debate em perigo, apontando às ameaças de desistência de Trump já fez.

Donald Trump chegou a propor um outro debate, a 25 de setembro, na “NBC News” - além de um na “Fox News”, a 4 de setembro. Nada foi confirmado sobre essa possível segunda data – a campanha de Kamala Harris apenas disse que estaria disponível para um debate em outubro, avaliando essa hipótese depois do debate de setembro.

O outro debate que está confirmado, para 1 de outubro, é entre os candidatos a vice-presidentes – Tim Walz do lado democrata e J.D. Vance do lado republicano. Esse é um debate habitualmente menos visto e com menor impacto – a história, até a deste ano, mostra que a performance dos candidatos à Sala Oval é a que importa.

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