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Esquerda bate extrema-direita e vence eleições em França, indicam projeções

07 jul, 2024 - 19:00 • André Rodrigues , Ricardo Vieira , Eva Massy, correspondente da Renascença em Paris

Surpresa na segunda volta das eleições legislativas francesas. União Nacional, de Jordan Bardella e Marine Le Pen, deverá ficar em terceiro lugar.

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Festa pela vitória da Frente Popular Nacional na Praça da República, em Paris. Foto: Yoan Valat/EPA
Festa pela vitória da Frente Popular Nacional na Praça da República, em Paris. Foto: Yoan Valat/EPA
Presidente Emmanuel Macron decidiu convocar legislativas antecipadas após derrota nas europeias. Foto: Mohammed Badra/EPA
Presidente Emmanuel Macron decidiu convocar legislativas antecipadas após derrota nas europeias. Foto: Mohammed Badra/EPA

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A Nova Frente Popular, aliança de partidos de esquerda e extrema-esquerda, bateu a União Nacional, extrema-direita, e vence a segunda volta das eleições legislativas em França, indicam as projeções avançadas pelas televisões.

O resultado pode ser considerado surpreendente. As sondagens divulgadas na última semana apontavam para uma vitória da União Nacional, mas os franceses decidiram de forma diferente nas urnas.

A Nova Frente Popular, de Jean-Luc Mélenchon, terá entre 172 e 192 deputados, de acordo com os dados avançados pela France24.

Em segundo lugar, aparece a aliança Ensemble, do Presidente Emmanuel Macron. O resultado estimado é entre 150 a 170 mandatos.

Na terceira posição, a União Nacional, de Jordan Bardella e Marine Le Pen, deverá conseguir entre 132 e 152 assentos na Assembleia Nacional.

Os Republicanos, de direita, estão no quarto lugar. Deverão conseguir entre 57 e 67 deputados no novo Parlamento.

"É necessário salvar a República" e o Presidente Emmanuel Macron deve demitir-se, declarou Jean-Luc Mélenchon, numa primeira reação na sede da Nova Frente Popular.

A aliança é composta pela França Insubmissa, de Mélenchon, o Partido Socialista, Os Verdes, o Partido Comunista e o Novo Partido Anticapitalista.

Mélenchon desafia Macron. "Curve-se e admita a derrota, sem tentar contorná-la"
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Macron atirou França "para os braços da extrema-esquerda"

O líder da União Nacional também já assumiu a derrota nesta segunda volta das eleições legislativas em França. Jordan Bardella acusa o Presidente Macron de ter lançado o país "para os braços da extrema-esquerda".

Macron escolheu paralisar as nossas instituições francesas, acusou Jordan Bardella, de 28 anos, que era apontado pelas sondagens como vencedor das eleições, mas deverá ficar em terceiro lugar.

O líder da União Nacional, delfim de Marine Le Pen, garante que o partido vai agora amplificar o seu trabalho nas fileiras da oposição parlamentar.

Marine Le Pen, em declarações aos jornalistas na sede do partido, afirmou que a situação de Macron é "insustentável".

A figura principal da União Nacional considera que o partido só perdeu as eleições devido à votação tática entre a Nova Frente Popular e bloco de Macron.

“A nossa vitória foi apenas adiada”, sublinhou Marine Le Pen à TF1 TV.

O líder socialista francês, Olivier Faure, afirma que as as eleições legislativas foram uma vitória para a Nova Frente Popular de esquerda e devem, portanto, unir a maioria do povo francês.

“Teremos apenas uma bússola: o programa da Nova Frente Popular”, disse Faure aos seus apoiantes, acrescentando que a política do Presidente francês, Emmanuel Macron, não deve ser continuada e que a sua contestada reforma das pensões deve ser cancelada.

O líder francês de centro-esquerda, Raphael Glucksmann, disse que a França deve encontrar a paz depois de a aliança de esquerda Nova Frente Popular conquistar o maior número de deputados na segunda volta das eleições parlamentares.

A cultura política deve mudar, disse Glucksmann, acrescentando que um Parlamento em que nenhum partido tem uma maioria clara exige abertura ao diálogo.

Macron cauteloso

O Presidente francês, Emmanuel Macron pede “cautela” perante os resultados da segunda volta das eleições legislativas francesas.

É a posição expressa pelo Palácio do Eliseu que, ao início da noite deste domingo, informou que o Presidente francês não vai reagir, por agora, às eleições para a Assembleia Nacional francesa.

Fonte do staff presidencial francês, citada pelo jornal Le Figaro, refere que Macron quer “saber quem pode ser responsável pela formação de governo e congratula-se com o facto de o bloco central estar muito vivo depois de sete anos no poder”.

“Prudência e análise dos resultados: a questão é quem vai governar a partir de agora e alcançar a maioria”, sublinha fonte do Eliseu.

Primeiro-ministro demite-se

O primeiro-ministro francês vai apresentar esta segunda-feira de manhã a sua demissão a Emmanuel Macron.

“Apresentarei a minha demissão ao Presidente da República amanhã de manhã”, anunciou Gabriel Attal no discurso de reação ao resultado das eleições legislativas.

Nas reações nacionais, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, alinha com a posição do homólogo francês, Emmanuel Macron, e prefere para já não alongar-se em comentários. Sublinha apenas que a decisão do povo é sempre uma boa decisão.

“Se o Presidente francês não sabe o que dizer, imaginem o Presidente português sobre o que se passa num país amigo. Observo atentamente o que se passa, porque é muito importante para a Europa. Vamos esperar os resultados finais e depois, amanhã ou depois de amanhã, falarei. O que o povo decide está bem decidido”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações aos jornalistas à saída da Sé de Beja, no final da cerimónia de ordenação episcopal do novo bispo, D. Fernando Paiva.

O presidente do Chega, André Ventura, fala numa “derrocada para a Europa”, com a vitória da aliança de partidos de esquerda e extrema-esquerda.

“Desastre para a economia, tragédia na imigração e mau no combate à corrupção. Se se confirmarem estes resultados em França é uma verdadeira derrocada para a Europa!”, alerta André Ventura, nas redes sociais.

Já Catarina Martins, antiga líder do Bloco de Esquerda escreve que a esperança, a solidariedade venceram o ódio de extrema-direita e a irresponsabilidade liberal.
[em atualização]
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