Tempo
|

Espanha. Eleições regionais podem mostrar "cartão amarelo" ao Governo

26 mai, 2023 - 06:30 • João Malheiro

Doze dos 17 governos regionais e cerca de oito mil representantes locais vão ser eleitos este domingo. Eleições regionais são teste ao panorama político antes das eleições gerais do final do ano.

A+ / A-

As eleições regionais em Espanha realizam-se este domingo, apenas a seis meses das eleições gerais, em que o Governo de Pedro Sanchez (PSOE) tentará a reeleição.

O momento eleitoral é visto como uma antecâmara importante para as eleições gerais do final do ano e reflete, em parte, as tensões que se vive atualmente entre o executivo espanhol e as forças de oposição.

A Renascença explica o que está em causa nas eleições deste domingo.

Que regiões vão a votos?

Doze dos 17 governos regionais e cerca de oito mil representantes locais vão ser eleitos este domingo.

São chamadas às urnas as comunidades de Aragão, Astúrias, Ilhas Baleares, Ilhas Canárias, Cantábria, Castela-Mancha, Extremadura, La Rioja, Madrid, Múrcia, Navarro e Valência.

Ao todo, tratam-se de 737 dos 1.212 mil lugares que existem em parlamentos regionais, em Espanha.

As cidades autónomas de Ceuta e Melilla também vão a votos.

Os restantes governos regionais - Andaluzia, País Basco, Catalunha e Galícia - só vão ser chamados às urnas em 2024.

Quem governa atualmente nas regiões?

Dos 12 governos regionais que vão a eleições este domingo, o PSOE - partido do centro-esquerda e do primeiro-ministro Pedro Sanchez - governa em nove.

O PP, o principal partido de oposição do centro-direita, governa em Madrid e em Múrcia. Na Cantábria, o governo regional é do PRC - Partido Regional da Cantábria - que só perdeu uma eleição nesta região em quase 30 anos.

Já nas cidades autónomas, Juan Jesús Vivas, do PP, é o autarca em Ceuta. Em Melilla, o autarca é Eduardo de Castro, que se tornou independente depois de ter saído do Ciudadanos, em 2021.

Que regiões vão ter eleições disputadas?

Segundo as sondagens mais recentes, pode-se esperar disputas renhidas em Aragão, Ilhas Baleares, La Rioja, Castela-Mancha, Cantábria e em Valência.

Todas estas regiões, com exceção de Cantábria, são governadas atualmente pelo PSOE.

Se o Partido Socialista Espanhol sofrer derrotas nestas regiões ou até noutras, poderá ser um sinal negativo para Pedro Sanchez, a seis meses das eleições gerais.

Que temas têm estado em destaque na campanha?

Para lá de especificidades de cada região, a economia e o ambiente têm sido dois dos tópicos mais importantes.

O PSOE aponta para números económicos favoráveis e tentam valorizar a governação de Pedro Sanchez. E é precisamente a figura do primeiro-ministro espanhol que o PP tenta usar como uma espécie de antagonista que tem de ser derrotado já nestas regionais.

As alterações climáticas, que têm afetado particularmente a região do sul de Espanha, que registou recordes de temperaturas altas em abril, também têm estado sob forte discussão.

A seca é outro tema forte em Espanha, à semelhança das preocupações que se vivem em Portugal.

Partidos do centro vão conseguir governar sem coligações?

Tal como é o caso do Governo minoritário de Pedro Sanchez, também em muitas regiões já se fazem contas sobre possíveis coligações governativas que terão de ser formadas.

O PSOE olha para parceiros na esquerda e o PP olha para parceiros à direita e ambos os lados têm trocado críticas, tentando definir quem é que está a radicalizar-se mais.

À esquerda, as candidaturas do partido EH Bildu, pró-independência do País Basco e visto como sucessor das forças políticas do ETA, apresentou uma lista de candidatos em que 44 são antigos membros do grupo terrorista condenados pela Justiça. Desses 44, sete foram condenados por homicídio.

O EH Bildu, entretanto, retirou as candidaturas dos sete candidatos mais problemáticos, depois do próprio Pedro Sanchez, que já contou com votos favoráveis do EH Bildu para iniciativas legislativas, ter condenado a decisão. No entanto, o partido mantém os restantes 37 candidatos que já foram condenados por ações enquanto membros do ETA.

Já o PP tem estado sob constante alvo de críticas por estar mais ou menos próximo do VOX - partido de extrema-direita liderado pelo controverso Santiago Abascal. Os dois partidos formalizaram uma coligação na região de Castela-Leão e, segundo especialistas, poderão ser obrigados a fazer o mesmo para garantir governação a nível regional.

Independentemente dos resultados das eleições de domingo, é expectável que o próximo Governo nacional de Espanha seja minoritário, ou seja, quer o PSOE, quer o PP, deverão ter de continuar a ficar dependentes de acordos com forças mais radicais das suas casas políticas.

Há polémicas a marcar as eleições?

Em vésperas do dia eleitoral, um alegado esquema de compra de votos por correspondência foi esta semana desmantelado em Espanha.

Sete pessoas foram detidas em Mojacar, na Andaluzia e mais dez em Melilla, por suspeitas de fraude eleitoral referentes às eleições deste domingo.

Tanto o PSOE, no poder, como o principal partido da oposição, o Partido Popular (PP) estão implicados nas alegações de fraude eleitoral, adianta a Efe.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+