Brasil

Apoiantes de Bolsonaro invadem Congresso em Brasília

08 jan, 2023 - 18:53 • Fábio Monteiro

Os manifestantes arrancaram grades para entrar na Praça dos Três Poderes enquanto os agentes tentavam contê-los com spray de pimenta.

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Foto: Adriano Machado/Reuters
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Foto: Andre Borges/EPA
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E a história repete-se. À imagem do que aconteceu nos EUA, em 2021, com a invasão do Capitólio por apoiantes de Donald Trump, um grupo de apoiantes do ex-Presidente do Brasil Jair Bolsonaro invadiu, este domingo, o Congresso, o Palácio do Planalto (sede do governo brasileiro) e o Supremo Tribunal Federal, em Brasília.

O motivo do protesto é a eleição de Lula da Silva, que muitos apoiantes de Bolsonaro acreditam ter sido manipulada.

À Renascença, Itamar Montalvão, editor do jornal "Estado de São Paulo", confirmou que as imagens, que estão a ser divulgadas nas redes sociais, são verdadeiras. E adiantou ainda que "o plenário do Supremo [tribunal] está sendo destruído".

Para o sucesso da invasão terá contribuído a conivência das forças policiais – próximas de Jair Bolsonaro. O jornal “ Estadão” revelou fotografias de agentes a abandonarem as grades de segurança e até a comprarem água de coco, numa banca de rua, enquanto os manifestantes entravam no edifício do Supremo Tribunal.

A invasão começou depois de apoiantes de Bolsonaro terem convocado um protesto para a Esplanada dos Ministérios, em Brasília, a pedir uma intervenção militar para derrubar o Presidente recém empossado.

Apesar de a polícia federal ter colocado barreiras de proteção, os bolsonaristas avançaram e furaram o cerco policial.

Há imagens dos invasores dentro do salão verde do Congresso.

Há também imagens da barreira dos polícias na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, a ser "furada" pelos bolsonaristas vestidos de verde e amarelo.

Os manifestantes arrancaram grades para entrar na Praça dos Três Poderes enquanto os agentes tentavam contê-los com spray de pimenta.

Antes da invasão, o ministro da Justiça do Brasil, Flávio Dino, afirmou ter conversado com governadores sobre as convocações dos protestos de "bolsonaristas" e disse esperar que a polícia não necessitasse de agir para conter atos violentos desses grupos.

Em comunicado, o Governo português já fez saber que “condena as ações violentas e desordem”, que apelida de “manifestações anti-democráticas”. E expressou “a sua inteira solidariedade” com Lula da Silva.

Apoiantes de Bolsonaro invadem Congresso do Brasil
Apoiantes de Bolsonaro invadem Congresso do Brasil

Vandalismo ou golpe de Estado?

Em declarações à Renascença, João Gabriel Lima, jornalista brasileiro que colabora com o "Estadão", disse que a invasão é “simplesmente vandalismo”, não um golpe de Estado, tendo em conta que o Presidente Bolsonaro já “não tem poder algum no país”.

O jornalista recordou que "desde o ano passado que algumas pessoas falavam na possibilidade de haver um capitólio brasileiro". Os bolsonaristas que promoveram esta iniciativa “são um grupo extremista”, que "estava já há algumas semanas à frente de quartéis pedindo um golpe militar contra a democracia".

Segundo João Gabriel Lima, era expectável que “a segurança pública do distrito federal desse conta disso". Todavia, não foi isso que aconteceu.

"O secretário de segurança pública do distrito federal que engloba Brasília era um ministro do Presidente Bolsonaro. Ele não está no Brasil. Está nos EUA de férias. E ele foi acionado por vários políticos e muitos o estão a acusar de negligência", explica.

Manifestantes “devem sofrer o rigor da lei com urgência”

O Presidente do senado brasileiro já reagiu às imagens que chegam de Brasília. E deixou avisos. Numa publicação no Twitter, Rodrigo Pacheco defendeu que os manifestantes “devem sofrer o rigor da lei com urgência”.

"Na ação, estão empenhadas as forças de segurança do Distrito Federal, além da Polícia Legislativa do Congresso. Repudio veementemente esses atos antidemocráticos, que devem sofrer o rigor da lei com urgência", escreveu.

"Conversei há pouco, por telefone, com o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, com quem venho mantendo contacto permanente. O governador informou-me que está concentrando os esforços de todo o aparato policial no sentido de controlar a situação", acrescentou ainda.

Por sua vez, Artur Lira, Presidente da Câmara dos Deputados, fez questão de frisar: “O Congresso Nacional jamais negou voz a quem queira se manifestar pacificamente. Mas nunca dará espaço para a baderna, a destruição e vandalismo.”

Sérgio Moro pede “calma”, Pedro Sanchéz condena

O ex-ministro de Bolsonaro e juiz Sérgio Moro acorreu às redes sociais para pedir “calma” aos manifestantes.

“Protestos têm que ser pacíficos. Invasões de prédios públicos e depredação não são respostas. A oposição precisa ser feita de maneira democrática, respeitando a lei e as instituições. Os invasores precisam se retirar dos prédios públicos antes que a situação se agrave”, escreveu.

Pedro Sanchéz, primeiro-ministro espanhol, foi o primeiro representante europeu a reagir ao sucedido em Brasília.

“Todo o meu apoio ao Presidente Lula e às instituições livres e democraticamente eleitas pelo povo brasileiro. Condenamos profundamente a invasão ao Congresso do Brasil e apelamos ao regresso imediato à normalidade democrática”, escreveu no Twitter.

Artur Lira, Presidente da Câmara dos Deputados, veio defender: “O Congresso Nacional jamais negou voz a quem queira se manifestar pacificamente. Mas nunca dará espaço para a baderna, a destruição e vandalismo.”

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