18 set, 2022 - 23:46 • Maria João Cunha , enviada especial a Londres
Num mesmo espaço, todos os problemas do mundo. No palácio de Buckingham, este domingo à tarde, Marcelo Rebelo de Sousa revelou que os líderes mundiais se manifestaram preocupados com a crise económica e financeira. A receção oferecida pelo Rei Carlos III foi um momento único, que nem nas Nações Unidas acontece porque os líderes “chegam, falam e vão embora”.
“Não se imagina o número de questões que ao longo de duas horas e meia acabam por ser tratadas pelos chefes de Estado e de Governo”, contou o Presidente da República aos jornalistas, na residência da embaixada de Portugal em Londres. “Não vos escondo que esteve presente [nas conversas] dos que se encontraram hoje: a situação económica financeira social à escala do mundo.”
“Há uma guerra que está para durar, estava lá a primeira-dama de um país que foi invadido [Ucrânia], estão países vizinhos, chefes de Estado, estavam países que são candidatos à adesão à NATO. Só para dar um exemplo”, revelou.
Antes, o Presidente da República passou no velório de Isabel II, em Westminster Hall, um momento em que levou consigo “os pêsames e a dor com que Portugal acompanhou este momento”, que para o Presidente foi “único e inesquecível”, e em que reviu o filme da História e da sua história pessoal com a rainha.
“No fundo, é estar perante 100 anos de história. Naquele momento, perante restos mortais de quem viveu praticamente 100 anos, atravessou a II Guerra [Mundial], o pós-guerra, o período eufórico que se se seguiu à queda do muro de Berlim, a entrada e saída do Reino Unido na União europeia”, começou por elencar.
Depois, Marcelo passou para o campo pessoal: “a audiência de 2016 com a Rainha e tudo aquilo que era a visão que ela tinha da história, como se já fosse historia por um lado quando ainda fazia história por outro.”
Marcelo Rebelo de Sousa destacou ainda a “coragem, sentido de Estado, sabedoria, experiência, estabilidade e a afabilidade” com que a rainha Isabel II viveu “períodos sucessivos e difíceis da história do mundo”.
No livro de condolências, Marcelo escreveu mais de uma página inteira e recordou a aliança de 650 anos com o Reino Unido. E mais tarde, em conversa com o rei Carlos III, não resistiu a corrigi-lo. “Presidente, estamos a celebrar agora a data”, terá dito Carlos.
O Presidente português disse que não, que era “para o ano”. “Mas eu patrocinei”, retorquiu Carlos. E Marcelo respondeu: “Eu sei, o Presidente de Portugal também patrocinou”.
O Presidente da República disse ainda aos jornalistas que os três dias de luto nacional em Portugal são justificados. A mesma homenagem já havia sido prestada a outros chefes de Estado “não tão importantes em termos da História de Portugal”.
“Foi uma homenagem não apenas à rainha isabel II, mas ao papel histórico em momentos cruciais primeiro da Inglaterra e depois do Reino Unido, trabalhando pela nossa independência no seculo XIV. Uma parte da nossa independência deve-se a este país.”