30 mai, 2022 - 20:15 • João Malheiro
No 96.º dia de guerra, o chefe da missão portuguesa da Organização Mundial das Migrações (OIM), das Nações Unidas, admite à Renascença de poder vir a existir uma segunda vaga de refugiados ucranianos.
Um jornalista francês morreu esta segunda-feira em resultado de um ataque do Exército russo no Leste da Ucrânia.
Já ao final do dia, Putin abriu porta a uma colaboração com a Turquia para a livre circulação de mercadorias no mar Negro.
A Renascença resume mais um dia do conflito.
A hipótese de uma segunda vaga de refugiados ucranianos é real. O alerta é deixado pelo chefe da missão portuguesa da Organização Mundial das Migrações (OIM), das Nações Unidas, em entrevista à Renascença.
De acordo com Vasco Malta, se a guerra se prolongar, e face às carências que já se sentem, é possível que uma parte significativa dos oito milhões de deslocados internos - obrigados a sair das suas casas, mas ainda dentro da Ucrânia - venham a optar por deixar o país.
E se isso acontecer, Vasco Malta aconselha a Europa a definir, de uma vez por todas, um plano para acolher estas pessoas, e a passar a controlar com mais rigor quem as acolhe.
O jornalista francês Frédéric Leclerc-Imhoff, da BFMTV, morreu esta segunda-feira em resultado de um ataque do Exército russo em Lugansk.
A notícia da morte do repórter de imagem, de 32 anos, foi avançada pelo chefe da administração militar de Lugansk, Serguéi Gaidai, citado pelo jornal espanhol "El Pais", e confirmada pela estação de televisão BFMTV.
“Hoje, a nossa viatura blindada de evacuação foi recolher dez pessoas e foi atingida por fogo inimigo. Os projéteis perfuraram a blindagem da viatura e uma jornalista francesa que estava a cobrir a operação de evacuação foi atingida na zona do pescoço e morreu”, declarou o chefe militar.
Através de uma comunicação em vídeo, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, disse que em Severodonetsk, a maior cidade sob controle ucraniano, na região do Donbass (zona leste), as tropas russas já destruíram infraestruturas importantes.
“Como resultado dos ataques russos a Severodonetsk, todas as infraestruturas essenciais da cidade foram destruídas. 90% das casas foram danificadas e mais de dois terços de todas as habitações da cidade ficaram totalmente destruídas. Não há comunicações na cidade e os bombardeamentos são constantes. Controlar Severodonetsk é fundamental para os ocupantes, independentemente das vidas que tiverem de sacrificar”, acusa.
Zelenskiy garante que o exército ucraniano está a fazer todos os possíveis para conter o avanço das forças de Moscovo. “Todos os dias tentamos conseguir mais armas para proteger a nossa pátria e o nosso povo”, especifica.
Os combatentes ucranianos do regimento Azov que se renderam após terem combatido em Mariupol, sudeste da Ucrânia, serão julgados e arriscam a pena de morte, afirmou hoje um responsável do território separatista russófono de Donetsk (DNR).
"Todos os prisioneiros de guerra encontram-se em território da DNR", declarou à televisão russa Iuri Sirovatko, ministro da Justiça desta autoproclamada república situada no leste do país.
"Concretamente, temos 2.300 prisioneiros de guerra da [siderurgia] Azovstal", precisou, antes de acrescentar que o "regimento Azov é considerado como uma organização terrorista" e que "todos serão objeto de inquéritos criminais" na perspetiva de um processo.
A Rússia está disposta a colaborar com a Turquia para a livre circulação de mercadorias no mar Negro, declarou esta segunda-feira o Presidente russo Vladimir Putin durante um contacto com o seu homólogo turco Recep Tayyip Erdogan.
No decurso da conversa telefónica, Putin "sublinhou que a parte russa está disposta a facilitar o trânsito marítimo de mercadorias sem entraves, em coordenação com os parceiros turcos. Isso também se aplica à exportação de cereais provenientes de portos ucranianos", indicou o Kremlin em comunicado.
A circulação marítima no mar Negro está perturbada desde o início da invasão russa da Ucrânia no final de fevereiro.