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Diário de Guerra

Dia 83. Combatentes ucranianos retirados de Azovstal, Amnistia estima mais de 10 mil crimes de guerra

17 mai, 2022 - 20:23 • João Malheiro

Ainda a continuar a marcar a semana, Suécia e Finlândia devem apresentar o pedido de adesão à NATO na quarta-feira.

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Futuro incerto para soldados ucranianos retirados em Azovstal
Futuro incerto para soldados ucranianos retirados em Azovstal

O 83.º dia de guerra entre a Ucrânia e a Rússia fica marcado pelo fim da resistência ucraniana no complexo industrial de Azovstal, com a retirada de combatentes ucranianos, por troca de soldados russos.

A Amnistia Internacional indicou que terá de se investigar mais de 10 mil possíveis crimes de guerra cometidos por tropas russas, desde o início do conflito.

Ainda a continuar a marcar a semana, Suécia e Finlândia devem apresentar o pedido de adesão à NATO na quarta-feira.

A Renascença resume os pontos principais de mais um dia de conflito.

Combatentes ucranianos retirados de Azovstal

A vice-ministra da Defesa da Ucrânia, Hanna Malyar, confirmou a retirada de 264 soldados ucranianos da siderurgia de Azovstal, em Mariupol.

Numa comunicação ao país, durante a madrugada desta terça-feira, a governante referiu que esses combatentes, alguns deles feridos, vão ser alvo de um processo de troca de prisioneiros.

“No dia 16 de maio, 53 pessoas gravemente feridas foram retiradas de Azovstal e foram transportadas até um hospital em Novoazovsk para receberem assistência médica. Outras 211 pessoas foram retiradas a partir de corredores humanitários e levadas até Olenivka. Para que possam regressar a casa vamos dar início a um processo de troca”, adiantou Hanna Malyar, numa mensagem em vídeo.

Já o negociador russo Leonid Slutsky defendeu que os soldados ucranianos do Batalhão Azov retirados do complexo industrial de Azovstal, em Mariupol, devem enfrentar a pena de morte.

"Eles não merecem viver depois dos monstruosos crimes contra a Humanidade que eles cometeram e que estão continuamente a ser cometidos contra os nossos prisioneiros", declarou o também deputado, num debate na câmara baixa do Parlamento russo.

Apesar de a Rússia ter uma moratória sobre a pena de morte, Leonid Slutsky defende que a questão deve ser repensada para os soldados ucranianos do Batalhão Azov, que foram retirados da siderurgia de Azovstal.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, já disse que os militares de Azovstal que se renderam serão tratados “de acordo com as normas internacionais”.

Futuro incerto para soldados ucranianos retirados em Azovstal
Futuro incerto para soldados ucranianos retirados em Azovstal

Amnistia estima que Kiev terá de investigar mais de 10 mil crimes de guerra

A diretora executiva da Amnistia Internacional (AI) na Ucrânia, Oksana Pokalchuk, revelou à Lusa que as autoridades ucranianas já abriram investigações a mais de 10 mil casos de crimes durante a invasão russa.

De passagem por Lisboa, Pokalchuk mostrou-se preocupada com a real eficácia do sistema judicial ucraniano em lidar com a "enorme quantidade" de violações de direitos humanos por parte das forças russas.

A representante da AI na Ucrânia explicou que, num futuro próximo, as autoridades ucranianas terão de lidar com casos de violações, assassínios extrajudiciais e de torturas, executados por tropas russas em territórios provisoriamente ocupados no leste da Ucrânia.

Suécia e Finlândia apresentam pedido de adesão à NATO na quarta-feira

Suécia e Finlândia apresentarão o pedido de adesão à NATO na quarta-feira, em Bruxelas, anunciaram hoje, conjuntamente em Estocolmo, a primeira-ministra sueca, Magdalena Andersson, e o Presidente da Finlândia, Sauli Niinisto.

"Até amanhã (quarta-feira) vamos apresentar o pedido à NATO. É uma mensagem forte e um sinal claro de que estamos juntos no futuro", disse Niinisto, numa conferência de imprensa conjunta com Andersson.

O anúncio surgiu depois de o Parlamento finlandês ter ratificado, por maioria, a entrada do país na Aliança Atlântica, numa decisão formalizada há dois dias pelo Presidente e pelo Governo, e depois de também o Governo sueco ter anunciado, na segunda-feira, que iria solicitar a entrada na organização.

Sobre esta alteração da configuração geopolítica europeia, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo desvalorizou os pedidos de adesão da Finlândia e da Suécia, afirmando que os dois países já costumam participar em exercícios militares com a aliança.

“A Finlândia e a Suécia, assim como outros países neutros, participam de exercícios militares da NATO há muitos anos”, disse Sergei Lavrov, citado pela agência Reuters.

Reiterando que a formalização do pedido de adesão “não faz muita diferença”, o ministro sublinha que Moscovo vai olhar com mais atenção para a forma como o território destes dois países vai ser utilizado na prática.

Ainda não há acordo para proibir importação de petróleo russo

Os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia ainda não chegaram a um acordo sobre o sexto pacote de sanções à Rússia. A Comissão Europeia propôs um embargo à importação de petróleo russo até ao final do ano, mas a Hungria opõe-se, apesar de a proposta prever um ano suplementar de transição.

Apesar de várias reuniões a nível diplomático e de a proposta conceder à Hungria e à Eslováquia um prazo de transição mais longo, até 31 de dezembro de 2023, ainda não há consenso sobre as novas sanções.

Na segunda-feira, o chefe da diplomacia da União Europeia reconheceu as dificuldades em garantir o apoio da Hungria à proposta para sancionar o petróleo russo, devido à dependência do país das importações da Rússia. Josep Borrell disse que será feito “tudo o que for possível para desbloquear a situação”, mas admitiu não poder garantir que isso aconteça, “porque as posições são muito fortes”.

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