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Diário de Guerra

Dia 76. Setúbal é caso pontual, mas "inaceitável". República Checa no lugar da Rússia nos Direitos Humanos da ONU

10 mai, 2022 - 19:45 • André Rodrigues

Chefe da missão de Direitos Humanos das Nações Unidas na Ucrânia admite que o número de vítimas mortais é muito superior aos 3.381 atuais. Mariupol é o local onde poderão ter sido mortas mais pessoas que não estão contabilizadas nas estimativas.

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No 76.º dia da guerra na Ucrânia, as atenções centraram-se na audição parlamentar sobre o caso dos refugiados ucranianos acolhidos em Setúbal.

Depois da Alta-Comissária para as Migrações (ACM), Sónia Pereira, ter reconhecido que só soube do pela comunicação social do envolvimento de uma associação russa, alegadamente pró-Kremlin, no acolhimento de refugiados ucranianos em Setúbal, foi a vez da ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, ter considerado este caso “inaceitável”, embora “isolado”.

A ministra insiste que os imigrantes e as pessoas deslocadas “merecem o mesmo tratamento humanitário e humanista” e que “o acolhimento tem sido sempre considerado pelo ACM” que tem protocolos “com várias instituições de solidariedade social, autarquias e associações de imigrantes e que se pautam por valores que partilhamos no quadro da ONU, na UE ou das recomendações do Conselho da Europa”.

No entanto, segundo a Associação dos Ucranianos em Portugal, o envolvimento de associações com alegadas ligações ao regime de Moscovo é uma questão antiga e que os primeiros alertas foram feitos em 2011.

"Percebemos que ia ser difícil dentro do Alto Comissariado alterar esta situação e fizemos então a denúncia aos serviços de informação da República Portuguesa", disse o presidente dos Ucranianos em Portugal, Pavlo Sadoka, esta terça-feira no Parlamento.

Sadoka insistiu que, após o início da guerra, a associação a que preside começou a receber denúncias de "organizações que o Alto Comissariado reconhece como de ucranianos", mas que são, de facto, defensoras do regime do Presidente russo.

Direitos Humanos. República Checa substitui a Rússia

A partir de hoje, a República Checa passa a ocupar o lugar da Rússia no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas.

A votação foi feita em voto secreto entre os 193 membros da Assembleia-Geral das Nações Unidas, depois da Rússia ter visto o seu lugar suspenso após alegações de crimes de guerra praticados por militares russos na Ucrânia.

A inclusão da República Checa, que era o único candidato ao órgão da ONU que conta com 47 membros, foi aprovada com 157 votos a favor e 23 abstenções entre os 180 membros que apresentaram voto.

Os checos irão ocupar o lugar da Rússia até ao final de 2023.

No terreno, as Nações Unidas estimam que o número de civis mortos é superior à estimativa inicial.

“Temos vindo a trabalhar em estimativas, mas tudo o que posso dizer por agora é que o número real será em muitos milhares superior ao que estamos a dar”, referiu Matilda Bogner, a chefe de missão de Direitos Humanos da ONU.

O número oficial de vítimas mortais é de 3.381 atuais.

Bogner acrescenta que a cidade de Mariupol será o local onde terão sido mortas mais pessoas não contabilizadas nas estimativas. “Um buraco negro”, sublinha a responsável.

A ofensiva russa continua a visar, sobretudo, o complexo siderúrgico de Azovstal na zona portuária de Mariupol que, ao que tudo indica, está a servir de refúgio a cerca de uma centena de civis.

Outro número a reter neste dia: já há mais de oito milhões de deslocados internos na Ucrânia, mais 24% do que os valores publicados anteriormente, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM).

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