Guerra na Ucrânia

Dia 68. Evacuação de Mariupol “muito difícil”. As origens de Zelenskiy e o pedido de desculpas a Israel

02 mai, 2022 - 20:32 • Rosário Silva

Esta segunda-feira, a UEFA anunciou a exclusão da equipa de futebol feminino da Rússia do Europeu de futebol. Será Portugal a participar na competição.

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Ao 68.º dia de guerra, um ataque com míssil voltou a atingir, nesta segunda-feira a cidade de Odessa, no sul da Ucrânia, causando vários mortos e feridos, anunciou o governador local, Maksym Marchenko, no Telegram, sem, contudo, fornecer mais detalhes.

Também neste dia, um outro ataque, com míssil russo, atingiu uma ponte estrategicamente importante no estuário do Dniester, na região de Odessa. A ponte, que já foi atingida duas vezes pelas forças russas, fornece a única ligação rodoviária e ferroviária no território ucraniano para uma grande parte sul da região de Odessa.

Isto no dia em que várias equipas de trabalhadores terão começado a reparar uma ponte no sudoeste da Rússia, perto da fronteira com a Ucrânia, que foi danificada no que as autoridades locais descreveram como um “ato de sabotagem”, noticiou a agencia Associated Press.

O governador regional de Kursk, Roman Starovoit, disse no domingo que a ponte foi danificada com explosivos por agressores não identificados e o comité de investigação, a agência de investigação estatal da Rússia, lançou um alerta para o que descreveu como um "ato terrorista".

Entre argumentos de um e de outro lado, a verdade é que segundo o gabinete de direitos humanos das Nações Unidas informou que o número de mortos na Ucrânia desde o início da invasão russa ultrapassou as 3.000 pessoas. Foram contabilizados, até agora, 3.153 mortos, mais 254 em relação a sexta-feira.

Rússia está a reposicionar forças de Mariupol, diz Kiev

Os militares ucranianos afirmaram esta segunda-feira que a Rússia reposicionou algumas das suas forças do porto de Mariupol para se juntarem à ofensiva no leste da Ucrânia.

O Estado Maior General das Forças Armadas ucranianas indicou que vários batalhões russos foram enviados de Mariupol para a cidade de Popasna, na região oriental de Lugansk.

Popasna tem sido um dos epicentros dos combates no leste, uma vez que os militares russos têm procurado romper as defesas e cercar as forças ucranianas no leste.

O Estado Maior General das Forças Armadas ucranianas acrescentou que os russos estavam também a pressionar os ataques desde Izyum até às cidades de Slovyansk e Barvinkove.

Em declarações à Associated Press (AP), o analista militar ucraniano Oleh Zhdanov disse que a redistribuição das forças de Mariupol para a linha da frente no leste reflete o fracasso em ganhar terreno nessa área.

Os militares russos estão ainda a lutar para neutralizar a última bolsa de resistência ucraniana que resta no gigantesco complexo industrial metalúrgico de Azovstal, em Mariupol.

Um “muito difícil” processo de evacuação

Entretanto, as Nações Unidas continuam a coordenar esforços para retirar os civis que têm estado abrigados no complexo industrial.

A chegada de civis de Mariupol a Zaporíjia acontece depois das negociações que permitiram criar um corredor humanitário.

A estes vão juntar-se, em breve, os primeiros 100 civis que foram retirados numa complexa evacuação do complexo siderúrgico Azovstal. Operação que ainda está em curso e que o autarca da cidade ucraniana de Mariupol considerou de “muito difícil” e estando dependente da cooperação russa.

"Conseguimos retirar mais de 100 pessoas dos abrigos antiaéreos, que agora estão a caminho de território controlado pela Ucrânia. Estamos à espera que as tropas russas nos permitam fazer isso", disse Vadym Boichenko à televisão ucraniana.

A CNN confirmou que Boichenko se estava a referir às pessoas retiradas no domingo do complexo siderúrgico Azovstal.

"O processo de evacuação está a ocorrer diretamente com a participação do presidente da Ucrânia e vice-primeira-ministra Iryna Vereshchuk. Enfatizo, é muito difícil", continuou.

Quanto à retirada das centenas de soldados ucranianos que continuam na fábrica de Azosvtal, Boichenko explicou que “é um procedimento separado e um processo de negociação separado". “As negociações estão em curso”, acrescentou.

Polónia quer ajudar Alemanha e espera mais atitude da União Europeia

A Polónia disse que está pronta para ajudar a Alemanha a deixar de depender petróleo russo. "Estamos prontos para apoiar as ambições de suspensão da Alemanha com nossa refinaria em Gdansk", disse a ministra Anna Moskwa. "Queremos que este pacote [de sanções] inclua uma data e um requisito muito específicos e claros para todos os países, que seja um pacote completo, sem lacunas", sustentou, ainda, a governante.

Entretanto, a companhia elétrica finlandesa Fennovoima anunciou que rescindiu o contrato com a empresa estatal russa Rosatom para a construção de um reator nuclear na nova central Hanhikivi 1 localizada na costa oeste da Finlândia.

A Fennovoima justificou a decisão referindo-se a "importantes atrasos e incapacidade da RAOS Project (empresa subsidiária da Rosatom) para entregar o projeto" de construção e instalação a que se somam também os riscos relacionados com a invasão militar da Ucrânia.Da Alemanha chega um outro aviso.

As sanções impostas à Rússia como resultado da invasão da Ucrânia não serão levantadas até que Moscovo chegue a um acordo de paz com Kiev, assegurou, nesta segunda-feira, o chanceler alemão, Olaf Scholz, acrescentando que cabe à Ucrânia decidir a paz que deseja.

Entrevistado na estação de televisão pública ZDF, Scholz afirmou que Putin está enganado se pensa que pode ganhar território ucraniano, declarar o fim das hostilidades e ver os países ocidentais retirarem as sanções à Rússia.

"Ele não pensou bem na sua operação na Ucrânia", disse Scholz. "Não pensou que a Ucrânia resistiria assim. Não achou que nós a apoiaríamos durante tanto tempo... Não iremos levantar as sanções a menos que Putin chegue a um acordo com a Ucrânia".

As origens de Zelenskiy e o pedido de desculpas a Israel

Sergei Lavrov sugeriu, numa entrevista, que Hitler tinha “sangue judeu”, tal como Volodymir Zelensky. O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia falava à televisão italiana, no domingo, reiterando que o objetivo da “operação especial” na Ucrânia é “desnazificar” o território.

Segundo Lavrov, Zelensky “apresenta um argumento: que tipo de nazismo podem ter na Ucrânia se ele é judeu?”.

“Posso estar errado, mas Hitler também tinha sangue judeu. Não significa absolutamente nada. O povo judeu sábio diz que os antissemitas mais fervorosos geralmente são judeus”, acrescentou o chefe da diplomacia russa.

Esta segunda-feira, Israel convocou o embaixador russo para esclarecer a situação e exigiu um pedido de desculpas.

“As declarações do ministro Lavrov são imperdoáveis e ultrajantes, além de um terrível erro histórico”, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Yair Laid.

Entretanto, também Dmytro Kuleba reagiu às afirmações do homólogo russo, dizendo que Lavrov não consegue “esconder o antissemitismo profundamente enraizado das elites russas”.

“Os seus comentários são hediondos são ofensivos para o presidente”, escreveu o chefe da diplomacia ucraniana no Twitter.

Costa reúne com primeiro-ministro ucraniano quarta-feira

O primeiro-ministro, António Costa, vai reunir-se com o seu homólogo ucraniano, Denys Shmygal, na quarta-feira, por videoconferência, tendo as conversações como temas centrais as relações bilaterais e a guerra provocada pela invasão russa da Ucrânia.

Segundo um comunicado divulgado pelo gabinete de António Costa, a reunião entre os dois primeiros-ministros decorrerá às 11h30 horas de Portugal continental.

De acordo com a mesma nota, na quinta-feira, o primeiro-ministro português participará, também por meios digitais, na Conferência Internacional de Doadores de Alto Nível para a Ucrânia, que terá lugar em Varsóvia.

"A iniciativa é coordenada pelos primeiros-ministros da Polónia e da Suécia, em parceria com os presidentes do Conselho Europeu e da Comissão Europeia", refere-se.

Portugal já atribuiu 34.562 proteções temporárias

Por cá, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) atribuiu, desde o início do conflito na Ucrânia, 34.562 proteções temporárias a cidadãos ucranianos e a estrangeiros que residiam naquele país. Destes, 11.775 são menores.

Em comunicado, o SEF afirma que os municípios com o maior número de proteções temporárias concedidas continuam a ser Lisboa, Cascais, Sintra, Porto e Albufeira.

O SEF acrescenta ainda que desde o início do conflito já comunicou ao Ministério Público 607 menores “que se apresentaram na presença de outra pessoa que não o seu progenitor ou representante legal comprovado, sem perigo atual ou iminente; e à CPCJ 15 menores não acompanhados e/ou na presença de outra pessoa que não o seu progenitor ou representante legal comprovado, em perigo atual ou iminente”.

UEFA exclui Rússia e Portugal participa no Europeu de futebol feminino

No campo desportivo também há novidades. A UEFA anunciou a exclusão da equipa de futebol feminino da Rússia do Europeu de futebol. Com esta decisão será Portugal a participar na competição.

A UEFA revelou também que a seleção russa não poderá disputar a Liga das Nações e as equipas da Rússia não poderão disputar as competições europeias como a Liga dos Campeões, Liga Europa, Liga Conferência Europa, UEFA Youth League e a Liga dos Campeões feminina.

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