28 abr, 2022 - 22:00 • João Malheiro
A guerra na Ucrânia pode fazer da Transnístria "uma nova zona de conflito", alerta o historiador Fernando de Sousa.
Em foco nas últimas semanas, a Transnístria é uma região da Moldávia que, desde 1992, se assume como independente do Governo do país e tem maior proximidade com a Rússia, sendo uma das consequências da dissolução da antiga União Soviética.
"A região está num impasse. A Moldávia tem procurado dar-lhe alguma autonomia administrativa e política, de modo a não levantar uma guerra civil. Desistiu de impôr pela força a sua soberania", explica Fernando de Sousa, ouvido pela Renascença.
A situação "estava adormecida", até à ocupação da Crimeia, em 2014, indica o historiador, que teme que a guerra na Ucrânia e os fenómenos separatistas do Donbass "possam exacerbar a população russófona" da Transnístria, o que poderia resultar em mais um conflito na Europa.
Guerra na Ucrânia
"Hello, do you speak English?", "Niet". Conheça a (...)
A região tem estado em foco nos últimos dias, após uma série de explosões em Tiraspol, a capital da região separatista moldava pró-Moscovo.
A Situação levou o presidente da Transnístria a apelar às autoridades da Moldávia e da Ucrânia para que preservem a paz.
Também do lado moldavo têm surgido apelos à calma, com o país a reforçar a segurança, após uma série de explosões ocorridas na Transnístria e após declarações de um general dizendo que o objetivo de Moscovo seria o controlo do Donbass, do sul da Ucrânia e também da região separatista da Moldávia onde, segundo o Kremlin, "há povos que falam russo e estão a ser oprimidos".
Fernando de Sousa refere que, se a Rússia continuar a avançar pelo Ocidente, "poderá estabelecer um corredor entre a Crimeia, uma Odessa conquistada e chegar à Moldávia, através da Transnístria".
No entanto, este é um cenário que o historiador não acredita que possa mesmo vir a acontecer, devido aos custos que uma operação dessa escala exigiria.
"Vai prolongar a guerra muito mais tempo e a Rússia vai ter muito mais baixas", aponta.
E também é preciso ter em conta que "a Ucrânia não pode aceitar um isolamento do Mar Negro" e vai fazer tudo para não o permitir.
"Não pode aceitar deixar de ser uma potência marítima para ser uma potência unicamente terrestre, sem acesso ao mar", realça, Fernando de Sousa.
Os serviços de informações militares ucranianos as(...)