Valas comuns em Manhush: 9 mil pessoas podem estar enterradas nos arredores de Mariupol

22 abr, 2022 - 06:59 • Redação com Lusa

"Os invasores tentaram esconder evidências dos seus crimes". O autarca local compara Putin a Hitler e apela a uma forte reação do mundo inteiro.

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Valas comuns em Manhush, arredores de Mariupol. Clique para a direita para ver a evolução entre os dias 23 e 26 de março de 2022. Foto: Maxar Technologies Handout/EPA
Valas comuns em Manhush, arredores de Mariupol. Clique para a direita para ver a evolução entre os dias 23 e 26 de março de 2022. Foto: Maxar Technologies Handout/EPA

O cenário encontrado na cidade de Bucha pode repetir-se nos arredores de Mariupol. Imagens de satélite apontam para a possível existência de mais de 200 valas comuns em Manhush.

O autarca de Mariupol estima que possam estar enterrados até nove mil civis em valas comuns nesta vila, mas que no total 20 mil ucranianos possam ter sido mortos na área.

Segundo Vadym Boichenko, as tropas russas usaram camiões para recolher corpos das ruas e transportaram-nos para essa vila. “Secretamente foram atirados para uma vala comum gigante – com 30 metros de largura - num terreno junto ao cemitério. Os invasores tentaram esconder evidências dos seus crimes.”

O autarca compara Putin a Hitler e apela a uma forte reação do mundo inteiro.

As fotografias divulgadas esta quinta-feira surgiram horas depois do Presidente russo, Vladimir Putin, ter reclamado vitória na batalha por Mariupol, apesar de cerca de 2.000 combatentes ucranianos ainda se encontrarem barricados numa siderurgia.

As imagens mostram longas filas de sepulturas que se afastam de um cemitério existente na cidade de Manhush, fora de Mariupol.

O fornecedor de imagens de satélite Maxar Technologies divulgou as fotos, que, supostamente, mostram mais de 200 valas comuns numa cidade onde os responsáveis locais ucranianos dizem que os russos têm estado a enterrar residentes de Mariupol.

O Kremlin não reagiu de imediato. Quando foram descobertas valas comuns e centenas de civis mortos em Bucha e noutras cidades à volta de Kiev, após as tropas russas terem recuado, os oficiais russos negaram que os seus soldados tivessem matado quaisquer civis e acusaram a Ucrânia de encenar as atrocidades.

Em comunicado, a Maxar disse que uma análise das imagens indica que as sepulturas em Manhush foram escavadas em finais de março e expandidas ao longo das últimas semanas.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de dois mil civis, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.

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