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Diário de guerra

Dia 47. Chanceler austríaco reuniu-se com Putin "para não deixar pedra sobre pedra"

11 abr, 2022 - 19:24 • André Rodrigues

Ministro dos Negócios Estrangeiros português anunciou a retoma das atividades diplomáticas em Kiev. Desde o início da guerra, morreram mais de 1.800 civis, 148 são crianças.

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O 47.º dia de guerra fica marcado pela reunião "dura" entre o chanceler austríaco e o Presidente da Rússia.

Depois de um encontro com Volodymyr Zelensky, este domingo, em Kiev, Karl Nehammer foi o primeiro líder de um estado-membro da União Europeia a encontrar-se presencialmente com o líder russo desde o início da guerra na Ucrânia.

Do encontro não existe qualquer registo fotográfico, apertos de mão ou outras formalidades diplomáticas da praxe. Apenas a confirmação, do lado do chanceler austríaco, de que a visita foi "um dever", "não foi amigável" e que a conversa foi "muito direta, aberta e dura" para não deixar "pedra sobre pedra".

Nehammer referiu ser “importante confrontar o presidente Putin com os factos em privado. Não existe alternativa na procura de diálogo com a Rússia, apesar de todas as diferenças”.

Em relação às suspeitas de crimes de guerra praticados pelas forças russas, o chanceler austríaco garantiu que foram abordados “da maneira mais clara possível” e que as sanções a Moscovo continuarão.

Embaixada portuguesa em Kiev vai ser reativada

O dia ficou também marcado pelo anúncio do ministro dos Negócios Estrangeiros de que vão ser retomadas as atividades diplomáticas em Kiev e que a embaixada na capital ucraniana voltará a estar em plenas funções assim que a situação de segurança o permitir.

Em declarações no Luxemburgo, João Gomes Cravinho confirmou que "Portugal tomou a decisão de pedir o regresso do embaixador e da embaixada a Kiev logo que houver condições", e que isso deverá acontecer, provavelmente dentro de algumas semanas.

Para o chefe da diplomacia nacional, este é "um sinal político muito importante" que tinha sido pedido "pelo Presidente Zelensky e também pelo Alto Representante Borrell, na sequência da visita que ele e a Presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, fizeram na passada sexta-feira a Kiev".

Do terreno de guerra, chegam uma renovada quantificação da tragédia humana: segundo as Nações Unidas, até às 24h00 de domingo, dos mais de 1.800 civis que morreram desde o início da guerra, 148 são crianças.

O relatório diário do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) confirmou, também, cerca de 2.500 feridos civis, dos quais 233 são crianças.

No entanto, este organismo da ONU alerta que os números reais "são consideravelmente mais elevados, especialmente em território controlado pelo Governo" ucraniano, mais sujeito à ofensiva russa.

Exemplo disso é a cidade portuária de Mariupol, com o presidente da câmara a falar de mais de 10 mil civis mortos durante o cerco das tropas russas. O número de mortos pode, mesmo, ultrapassar os 20 mil, tendo por base uma estimativa dos cadáveres que foram encontrados pelas ruas.

A guerra provocou, também, um número por determinar de baixas militares e levou mais 11 milhões de pessoas a fugir de casa, incluindo 4,5 milhões que se refugiram nos países vizinhos.

Zelensky volta a pedir ajuda... à Coreia do Sul

Numa intervenção no parlamento sul-coreano, Volodymyr Zelenskiy admitiu que a Rússia está a reagrupar milhares de soldados para uma próxima ofensiva no Donbass.

O Presidente ucraniano deu o exemplo de Mariupol, uma cidade. "destruída" com dezenas de milhares de mortos, "mas apesar disso, os russos não estão a parar a sua ofensiva".

Zelensky avisou, ainda, que a Rússia "ameaça a Europa, não apenas a Ucrânia, e não vai parar a menos que seja forçada a parar".

Para que tal aconteça, o Chefe do Estado ucraniano voltou a insistir: "a Ucrânia precisa de mais ajuda, se quiser sobreviver à guerra".

Portugal já acolheu 360 crianças ucranianas desacompanhadas

De acordo com o SEF, os menores vindos da Ucrânia representam 35% dos refugiados que chegaram a Portugal desde o início da guerra.

Na nota de balanço sobre os pedidos de proteção temporária concedidos aos cidadãos que fugiram da guerra da Ucrânia, o SEF diz ter reportado à Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ) a situação de nove menores que chegaram a Portugal não acompanhadas, mas com outra pessoa que não os pais ou representante legal comprovado, representando estes casos "perigo atual ou iminente".

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