20 out, 2021 - 20:21 • Teresa Almeida , André Rodrigues
O nome Boyan Slat é pouco conhecido, mas este jovem de 27 anos é uma versão masculina de Greta Thunberg e concebeu o Ocean CleanUp, uma organização ambiental de engenharia, sem fins lucrativos, com sede nos Países Baixos, que desenvolve tecnologia para extrair plástico dos rios e dos oceanos.
Nos últimos dias, este projeto conseguiu atingir o recorde de quatro toneladas de plástico do Oceano Pacífico.
Slat criou um dispositivo que, para além de retirar plástico do mar, retira, também, lixo dos rios para que não chegue aos oceanos.
Trata-se de uma embarcação movido a painéis solares que dispõe de uma espécie de rede para apanhar o plástico.
Para já, o Ocean CleanUp dispõe de dois intercetores, na Indonésia e na Malásia, locais onde, segundo Francisco Ferreira, da associação ambientalista Zero, “faz todo o sentido este tipo de equipamento”.
"Os ganhos são maiores exatamente em países do sudeste asiático, onde temos uma concentração de plásticos maior, porque, também, temos uma concentração populacional muito grande", pelo que o efeito deste projeto nestas regiões "é muito mais visível e mais efetivo, porque temos aí uma quantidade muito maior de plástico concentrado do que na nossa zona do Atlântico", refere, nestas declarações à Renascença.
O passo seguinte será instalar mais mecanismos de recolha de plástico do mar no Vietname e na República Dominicana, locais onde existem autênticos mares e rios de plástico.
De resto, segundo a Ocean CleanUp, há cerca de mil rios responsáveis por 80% da poluição dos oceanos.
O objetivo do projeto é eliminar 90% do plástico dos oceanos até 2040. Se nada for feito até 2050, a quantidade de plástico nos oceanos, vai superar a de peixes.
Em Portugal, o problema não atinge esta dimensão e Francisco Ferreira assinala que, no caso português, “estamos a fazer a recolha, principalmente, não tanto no mar, mas através da recolha das praias, que é onde chega grande parte deste lixo".
Nos últimos três anos, a figura de Greta Thunberg ganhou relevância mundial pelo seu ativismo dirigido para convencer, primeiro a sociedade sueca, para reduzir a sua própria pegada de carbono.
O movimento iniciado pela jovem ativista sueca ganhou expressão global através da promoção das greves pelo clima e pela crescente notoriedade que alcançou ao conseguir ser ouvida por líderes mundiais e por organizações como as Nações Unidas.
Contudo, para Francisco Ferreira, da ZERO, o ativismo de Greta Thunberg “tem um impacto decisivo na política climática pela mobilização. É, também, um pouco o produto das circunstâncias e numa forma que foi trabalho político junto dos governos”.
Já o projeto Ocean CleanUp, dinamizado por Boyan Slat, menos conhecido do que Greta, “acaba também por ser um exemplo à escala internacional, mas mais numa lógica de ação do que numa lógica de intervenção política”.
Mas, além destes dois casos, Francisco Ferreira lembra que “há, felizmente, muitos cidadãos e jovens desconhecidos que não têm reconhecimento nacional ou internacional, mas que estão a dar o melhor de si mesmos em prol de uma sociedade com menores impactos em matéria de clima, em matéria de produção de plásticos”.
Ninguém é dispensável nesta luta, “a ação de cada um de nós é fundamental, independentemente da dimensão que ela tenha”, conclui o responsável pela ZERO.