28 jan, 2020 - 12:06 • Marta Grosso , Ricardo Vieira
O coronavírus já matou mais de três centenas de pessoas na China e fez a primeira vítima mortal fora do país, com um caso fatal confirmado nas Filipinas.
Portugal continua livre da doença. Dois casos suspeitos deram negativo.
Mas o coronavírus já chegou à Europa. Primeiro, a França e, depois, à Alemanha, Finlândia, Suécia, Reino Unido, Rússia, Itália e Espanha.
Na Europa, tal como também já aconteceu no Japão, há doentes que apanharam a doença por transmissão pessoal. Ou seja, não estiveram na China, mas contactaram com outras que estiveram em Wuhan, o epicentro do surto.
Nesta altura (2 de fevereiro), são 25 os locais além da China continental com casos confirmados de coronavírus, num total de 177 casos.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o estado de emergência global, a 30 de janeiro. A prioridade é partilhar informações, "apoiar países com Serviços Nacionais de Saúde mais frágeis, acelerar produção de vacinas e combater desinformação". A OMS opõe-se à restrição de viagens.
Organização Mundial de Saúde "opõe-se a todas as r(...)
Vários países, entre os quais Estados Unidos, Austrália, Singapura, Nova Zelândia e Vietname, proibiram a entrada de cidadãos estrangeiros que tenham estado recentemente na China. Várias companhias aéreas suspenderam os voos para cidades chinesas.
Desde o início que a China está a tomar medidas para conter a propagação do vírus. Nesta altura, 30 cidades e províncias lançaram o Nível 1 de resposta de emergência. São perto de 60 milhões de pessoas sob isolamento total ou parcial.
E, nesta terça-feira, a região administrativa de Hong Kong anunciou o encerramento temporário de algumas fronteiras com a China e o condicionamento das viagens, por exemplo, feitas por comboio de alta velocidade.
O número de voos também será bastante reduzido e suspensas as permissões de viagens pessoais para a China continental.
Numa região de Pequim do distrito de Shunyi, foi anunciada uma nova regra: “se estiver cá, não saia. Se eles saíram, não os deixe voltar”. É uma norma para toda a família. Nas estradas em redor da pequena comunidade, foram colocadas fitas vermelhas.
Desde a semana passada, foram instalados sistemas de comunicação aos residentes, alertando para não convidarem pessoas para casa e pedindo a todos quantos estiveram em Wuhan que se registem junto das autoridades.
“Cada casa é uma zona de quarentena”, diz uma aldeã à agência Reuters.
Em Wuhan, o estigma de ser a origem do surto começa a criar efeitos psicológicos nas pessoas. “Sinto-me a pessoa mais sozinha do mundo neste momento”, diz uma estudante de 23 anos. Está a estudar numa universidade de Pequim e o surto impede-a agora de voltar a casa, em Wuhan.
Carmen Wang diz que os colegas a evitam, que avisaram outros para não a visitar, pelo que opta agora por encomendar comida e ver televisão sozinha.
A Comissão Europeia anunciou nesta terça-feira disponibilidade para acionar o Mecanismo Europeu de Proteção Civil, usado para catástrofes naturais, para repatriar cidadãos da União Europeia (UE) na China.
“O Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças está a discutir com os Estados-membros ações para resposta imediata, incluindo a utilização do Mecanismo Europeu de Proteção Civil, se for solicitado por um dos países”, declarou o porta-voz do executivo comunitário para a gestão de crises, Balazs Ujvari.
Também através deste instrumento, o centro europeu “poderá disponibilizar […] apoio logístico para o transporte de medicamentos e equipamentos médicos entre os Estados-membros”, bem como “transporte de equipamento especializado destinado ao despiste do vírus”, adiantou Balazs Ujvari.
Vários países já anunciaram a intenção de retirar os seus cidadãos da China, incluindo Portugal. Nesta terça-feira, o Japão enviou um voo fretado para Wuhan com o mesmo objetivo.
Segundo o ministro japonês dos Negócios Estrangeiros, haverá perto de 650 cidadãos japoneses à espera de voltar para casa.