29 nov, 2024 - 07:00 • André Rodrigues
Portugal assiste a “normalização do jogo online ilegal” e “falta vontade para acabar com este problema”, alerta, na Renascença, o presidente da Associação Portuguesa de Apostas e Jogos Online (APAJO) que realizou um estudo sobre os hábitos de jogo dos portugueses.
Ricardo Domingues admite que “mais de 40% dos jogadores utilizam plataformas ilegais”. O problema é que, desse universo, quase dois terços declaram não jogar em operadores ilegais, “em muitos casos porque, simplesmente, não sabem que o estão a fazer”.
“Se os sites ilegais oferecem meios de pagamento como o Multibanco e o MBWay, para a maioria dos consumidores torna-se difícil distinguir a oferta licenciada da oferta ilegal”, explica.
Por outro lado, “existe uma promoção agressiva, nomeadamente através de influenciadores e embaixadores das marcas. Alguns deles têm uma vida com sinais exteriores de riqueza. E nós sabemos que alguns destes operadores pagam os valores muito significativos a estes influenciadores”.
Notícia Renascença
A informação foi enviada à Renascença em resposta (...)
De acordo com a APAJO, há vários casos de famosos, como antigos concorrentes de reality shows e outros influenciadores, como Numeiro, Cláudia Nayara, ritinhayoutuber, GODMOTA e Bruno Savate, todos eles alvo de processo-crime por parte da associação que representa as plataformas de apostas online do mercado regulado.
Além destes embaixadores, a APAJO apresentou queixa contra os operadores Betify, Monro, Weiss, BC.Game, Stake, Wolfi e Starda e Vem Apostar.
O presidente da APAJO denuncia o que diz serem as “práticas predatórias” de alguns destes sites. Ricardo Domingues diz que “são geridos por organizações criminosas” e recebem “centenas de milhões de euros que circulam pelo sistema bancário português”.
“Temos relatos de consumidores que chegaram a ser ameaçados”, conta.
"Os métodos de pagamento, como o Multibanco e o MBWay, contribuem para uma certa normalização”, afiança Ricardo Domingues, que identifica aqui “uma oportunidade para o sistema bancário e o Banco de Portugal poderem olhar para estas transações e bloquearem estes modos de pagamento”.
“Não se compreende que estes operadores ilegais continuem a oferecer pagamentos que deveriam ser exclusivos do mercado regulado. E, quem diz pagamentos, diz, por exemplo, que estes sites aparecem nas pesquisas dos motores de buscas, como o Google”, remata.
Na sequência das alegações do presidente da APAJO, a Renascença pediu esclarecimentos e dados adicionais ao Banco de Portugal e à Polícia Judiciária. Continuamos a aguardar por uma resposta.