11 out, 2024 - 21:07 • João Pedro Quesado
Leiria vai ter uma nova estação para comboios de alta velocidade. Esta é a principal novidade da cerimónia de adjudicação da concessão para a construção dos primeiros 71 quilómetros da linha de alta velocidade entre Porto e Lisboa, que aconteceu na quinta-feira. A Infraestruturas de Portugal (IP) revelou ainda imagens atualizadas do projeto para as estações de Porto Campanhã, Santo Ovídio em Vila Nova de Gaia, e a nova ponte sobre o Rio Douro.
A apresentação da IP revelou a opção de construir uma nova estação de alta velocidade em Leiria, que será em Barosa, na margem oeste do rio Lis – a localização do projeto da alta velocidade em 2009. A atual estação ferroviária de Leiria, da Linha do Oeste, é na margem leste.
A escolha da localização, que pendia entre a construção da nova estação ou a adaptação da atual, já estava em debate com as entidades locais desde o final de 2023. A concelhia local do PSD, por exemplo, mostrou-se contra a utilização da atual estação, dizendo que era a opção “mais dispendiosa”, segundo o jornal “Região de Leiria”. Também o PCP de Leiria disse preferir a construção da nova estação em Barosa, de acordo com o “Jornal de Leiria”.
A definição da localização fecha a última questão pendente sobre a segunda fase da linha de alta velocidade, que se estende entre Soure e o Carregado, injetando aí os comboios rápidos na Linha do Norte para a chegada a Lisboa, na estação de Oriente. Estes 120 km da segunda fase vão ser os últimos a serem construídos - têm conclusão prevista para 2032. O estudo de impacte ambiental, diz a IP, foi entregue à Agência Portuguesa do Ambiente em setembro.
O troço entre Campanhã e Oiã, em Oliveira do Bairro, foi o primeiro a ter contrato da parceria público-privada assinado. A concessão é de 30 anos – 5 anos para construir e 25 anos para a manutenção e disponibilização à IP. Segundo a gestora das infraestruturas públicas, o contrato apenas deve entrar em vigor em julho de 2025, após receber o visto do Tribunal de Contas.
O vídeo mostrado pela IP durante o evento revelou como vão ficar os três principais projetos destes primeiros 71 km da linha – a estação de Porto Campanhã, a nova ponte sobre o rio Douro, e a estação subterrânea de Santo Ovídeo, em Vila Nova de Gaia.
O projeto para renovar a estação de Campanhã - com direito a mais duas plataformas para acomodar o maior número de comboios – conta com um novo edifício, que se parece com uma ponte por cima de todas as linhas. O edifício liga os dois lados da estação e permite o acesso às plataformas. Já a cobertura destas não muda muito - não cobre as plataformas por completo nem se estende por cima das linhas de comboio.
A nova ponte, que vai ter o nome de Ponte D. António Francisco dos Santos, tem agora uma nova versão do desenho. Enquanto o tabuleiro superior vai permitir a passagem dos comboios de alta velocidade, o tabuleiro inferior vai cumprir a função rodoviária que tinha sido pensada para o projeto original da Ponte D. António Francisco dos Santos - e que acabou a ser fundido com a necessidade de uma nova ponte ferroviária.
A nova estação em Vila Nova de Gaia é, provavelmente, o projeto mais ambicioso de toda a linha de alta velocidade entre Porto e Lisboa. Construída a 60 metros de profundidade, a estação de Santo Ovídio vai permitir recolher os passageiros do terceiro município mais populoso do país (atrás de Lisboa e Sintra), e fazer ligação direta às linhas Amarela e Rubi do Metro do Porto.
A primeira parceria público-privada da linha de alta velocidade vai custar 1.978 milhões de euros, distribuídos pelos 30 anos do contrato. A primeira fase da linha, que inclui a segunda PPP (para o troço Oiã-Soure), tem o financiamento de 813 milhões de euros em fundos europeus e 3 mil milhões em financiamento do Banco Europeu de Investimento. A IP diz que vai candidatar-se, em janeiro, a mais fundos europeus.