12 jan, 2024 - 19:00 • Diogo Camilo
O aumento do salário mínimo em Espanha para os 1.134 euros brutos, pagos 14 vezes por ano, volta a colocar o salário mínimo português a mais de 300 euros de diferença. Desde 2015, ano em que começou a governação de António Costa como primeiro-ministro, a diferença entre os salários mínimos de Portugal e Espanha duplicou.
Contas feitas, o aumento aprovado por Pedro Sánchez para 2024 é de 5% e traduz-se, no final do mês, em mais 54 euros. A subida está acima da inflação média do país no ano passado (3,5%), e vai beneficiar cerca de 2,5 milhões de pessoas que recebem o salário mínimo.
Comparado com Portugal, onde a subida será de 60 euros em 2024, para os 820 euros mensais, o aumento é inferior, mas o salário mínimo espanhol continua a ser quase 40% superior ao português.
Mas nem sempre foi assim. Há 20 anos, a diferença entre os salários mínimos na Península Ibérica era inferior a 100 euros. Em 2015, quando António Costa se tornou chefe de Governo, a discrepância era inferior a 150 euros.
Desde então, Espanha aumentou o seu salário mínimo em quase 500 euros, enquanto o de Portugal subiu pouco mais de 300 euros. A diferença entre salários mínimos português e espanhol é agora superior a 300 euros, o dobro do que era em 2015.
Em solo espanhol, o salário mínimo superou a barreira dos 1.000 euros no ano passado, quando teve um aumento de 8% em janeiro, para os 1.080 euros.
Em Portugal, o novo líder do PS, Pedro Nuno Santos, anunciou planos de atingir os 1.000 euros de salário mínimo no final da próxima legislatura, em 2028 - seis anos depois de Espanha.
Comparado com o resto da Europa, Espanha mantém o 7.º mais alto salário mínimo europeu, mas muitos Estados-membros - como a Dinamarca, a Itália, a Áustria, a Finlândia e a Suécia - não têm um.
Nos 21 países que o têm, os valores oscilavam, em 2023, entre os 2.508,24 euros pagos 12 vezes por ano no Luxemburgo e os 398,81 euros na Bulgária. Ajustando os valores a 14 meses, Portugal tinha o 11.º salário mínimo mais elevado, à frente de Lituânia e Malta. A subida para os 820 euros apenas permite passar Chipre e Grécia.
Segundo os dados mais recentes do Eurostat, o salário médio espanhol estava nos 2.161 euros em 2022. Em Portugal, o mesmo indicador fica quase 700 euros abaixo: nos 1.463 euros.
O salário médio português subiu 284,50 euros desde que António Costa se tornou primeiro-ministro, em 2015. Ao mesmo tempo, o salário médio em Espanha subiu apenas 233 euros.
A diferença entre ambos, nestes sete anos, passou então de 750 euros para menos de 700. Em termos de percentagem, o salário médio português subiu 24%, o dobro do espanhol, que aumentou apenas 12%
De acordo com os dados do INE para o segundo trimestre do ano, o salário médio português aumentou, no segundo trimestre de 2023, para os 1.539€, uma subida de 360 euros no espaço de sete anos.
Ainda assim, estas não são propriamente boas notícias. Em 2002, o salário médio português era de 971 euros, para uma subida de menos de 500 euros em 20 anos. Isto faz com que Portugal seja o 4.º país da União Europeia onde o salário médio menos subiu neste espaço de tempo - um aumento de apenas 50%.
Pior que Portugal? Só Itália, Chipre e Grécia. E Espanha está pouco melhor.
Neste espaço de tempo, quatro países quintuplicaram o seu salário médio - Bulgária, Lituânia, Roménia e Letónia.
Desde 2015, Portugal deixou-se ultrapassar por Estónia e Lituânia no salário médio, vendo ainda a República Checa e a Letónia aproximarem-se.