Crédito ao consumo aumentou mais de 46% em cinco anos

29 mar, 2023 - 06:30 • Sandra Afonso , com Diogo Camilo (gráficos)

Nos últimos cinco anos, a tendência tem sido de subida. Entre fevereiro de 2018 e o mesmo mês deste ano ,o valor pedido aumentou 6,5 mil milhões de euros.

A+ / A-

Os empréstimos para o consumo voltam a ficar mais caros a partir de 1 de abril. O Banco de Portugal (BdP) já anunciou o aumento das taxas máximas em todo o tipo de créditos, desde as despesas pessoais até à compra de carro ou cartões de crédito.

Ainda assim, as famílias continuam a recorrer a estes empréstimos. Dados também do regulador, publicados esta semana, mostram que nos últimos cinco anos a tendência tem sido de subida. Entre fevereiro de 2018 e o mesmo mês deste ano o valor pedido aumentou 6,5 mil milhões de euros.

Em janeiro desde ano registou-se um ligeiro recuo, mas em fevereiro estes pedidos já voltaram a aumentar.

“No final de fevereiro de 2023, os empréstimos ao consumo totalizavam 20,6 mil milhões de euros, o que reflete um crescimento de 4,6% relativamente a fevereiro de 2022”, revela o BdP.

Em comparação com fevereiro de 2018, o crédito ao consumo subiu mais de 46% nos últimos cinco anos.

Famílias pedem crédito para pagar contas da casa e em cartões

No início do ano, a grande finalidade do crédito ao consumo era a aquisição de cartões de crédito, linhas de crédito, contas correntes bancárias e facilidades de descoberto. Este destino reuniu o maior número de novos créditos, que em janeiro chegaram aos 73.799.

O segundo maior destino foram outros créditos pessoais, com 40.315 novos créditos.

O que é que estes dois destinos têm em comum? São empréstimos que servem tanto para despesas de última hora como para despesas correntes que deixam de estar acessíveis, como as contas da casa (luz, água, gás), a conta da oficina, a substituição de um eletrodoméstico ou mesmo a consolidação de dívidas.

Tendo em conta o montante pedido, o crédito pessoal para outros fins surge no topo, com 279 milhões de euros emprestados às famílias. Seguem-se 205 milhões, a juros de consumo, para compra de carro.

Apesar deste valor pedido para compra de automóvel a crédito, fica abaixo do dinheiro pedido no mês anterior e do mês homólogo. Outro dado relevante é que o dinheiro destinado a usados é cinco vezes superior à verba para carros novos.

Crédito ao consumo mais caro a partir de abril

Já a partir de sábado, o limite máximo dos juros aplicados no crédito ao consumo sobe, são dados para o próximo trimestre, de abril a junho, fixados pelo Banco de Portugal:

  • No crédito pessoal, para educação, saúde, energias renováveis e locação financeira de equipamentos: taxas máximas aumentam de 6,3% para 6,7%;
  • Para os outros créditos pessoais (sem finalidade específica, lar, consolidado e outras finalidades): taxas sobem de 13% para 13,9% no segundo trimestre;
  • No crédito automóvel, a taxa para carros novos sobe para 4,1% e 9,5%, consoante se trate de locação financeira ou reserva de propriedade. Nos usados, passa para 6,2% nos contratos com locação financeira, e para 12,7% nas operações com reserva de propriedade;
  • Nos cartões de crédito, linhas de crédito, contas correntes bancárias e facilidades de descoberto: a taxa máxima sobe de 15,7% para 16,9%;
  • Nos casos em que haja ultrapassagens de crédito, a taxa de juro anual nominal (TAN) aumenta de 15,7% para 16,9%

Explicador crédito ao consumo

O que é o crédito ao consumo e para que serve?

É um empréstimo para pequenas despesas, como computadores, viagens, automóveis ou mesmo tratamentos de saúde. Este dinheiro é depois pago com juros, acima do que é cobrado nos créditos à habitação.

Há diferentes tipos de crédito aos consumidores?

Sim. Pode ser um crédito pessoal (para diversos fins), um crédito automóvel (para compra de carro), um cartão de crédito, facilidade de descoberto e ultrapassagem de crédito (desde que não seja garantido por hipoteca ou equivalente sobre um bem imóvel).

Quanto tempo tem o consumidor para pagar estes créditos?

O Banco de Portugal reduziu as chamadas maturidades, em três anos. Salvo três excepções – educação saúde e energias renováveis – desde abril de 2020 que o prazo limite para o pagamento do crédito ao consumo passou a ser de sete anos.

Os créditos que mantém o limite de 10 anos, têm de ser “devidamente comprovados”, segundo o Banco de Portugal.

Qual o juro a pagar no crédito ao consumo?

Existe apenas um valor máximo, que é fixado trimestralmente pelo Banco de Portugal, para os diferentes tipos de crédito aos consumidores.

São calculadas com base nas TAEG (Taxas Anuais de Encargos Efetivas Globais), sobre as quais é aplicada uma fórmula inscrita em decreto-lei.

Além dos juros, há mais custos associados a este crédito?

  • Já falámos da TAEG, a Taxa Anual de Encargos Global: inclui todos os encargos suportados pelo cliente, designadamente juros, impostos e comissões, seguros exigidos, comissão de abertura de conta à ordem caso seja obrigatória, custos com operações de pagamento e utilização de crédito, se aplicável. É a melhor ferramenta para comparar as ofertas de diferentes bancos.
  • A TAN, Taxa Anual Nominal, depois de multiplicada pelo capital em dívida, gera os juros a pagar pelo crédito no período de um ano, representa “o custo associado aos juros do empréstimo”, segundo o Banco de Portugal.
  • Também aqui há tributação, neste caso o imposto de selo sobre a utilização do crédito, cobrado no momento da contratação do crédito.
  • Fechamos com as comissões: há bancos que cobram uma comissão inicial (pode surgir como comissão de estudo, comissão de dossier, ou outro nome equivalente) para avaliar o crédito, é ainda possível encontrar uma comissão de contratação.

Desde 2021, os bancos estão proibidos de cobrarem comissões por processamento de prestações de crédito.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+