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"​Estamos todos convocados para responder ao desafio da JMJ", diz presidente da Região de Turismo do Centro

23 fev, 2023 - 00:20 • Ana Carrilho

Novo aeroporto em Santarém seria a melhor opção, defende Pedro Machado. Muitos portugueses descobriram o Centro durante a pandemia e Fátima já não é só um destino de Turismo Religioso são outras das ideias fortes da entrevista à Renascença.

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A Região de Turismo do Centro espera ansiosamente pelo regresso dos turistas estrangeiros, especialmente de mercados de longa distância que têm como foco principal Fátima. Mas o objetivo é dar a conhecer os diferentes e diversos produtos turísticos disponíveis para todo o tipo de turista nos 100 concelhos, diz Pedro Machado, presidente da Entidade Regional de Turismo, em entrevista à Renascença.

A Jornada Mundial da Juventude (JMJ 2023), que inclui a vinda do Papa Francisco, é o maior evento nacional de 2023, que também vai ter impacto no Centro, especialmente em Fátima. E para que os jovens e todos os outros levem uma boa imagem de Portugal, ficando com vontade de regressar, tudo tem de correr bem. “Isso exige a mobilização de todos, estamos todos convocados para responder ao desafio porque devido à exposição mediática a que vamos estar sujeitos, se não correr bem, os efeitos nefastos serão para todo o país”, alerta Pedro Machado.

Boa parte dos jovens e peregrinos vai chegar de avião ao Aeroporto de Lisboa. Por enquanto não se sabe onde será construída a nova aerogare, mas Pedro Machado defende Santarém.

2022 foi um ano turístico muito bom a nível nacional. Na Região Centro já se nota a recuperação, embora ainda não ao nível desejável?

2022 consagra, de facto, esta retoma do crescimento, em particular, do mercado nacional, mas também dos mercados externos. Os dados que existem em relação ao Centro de Portugal dizem que se atingiu a fasquia de 2019, ou seja, ultrapassámos os sete milhões de dormidas.

Notas particulares: em 2022 tivemos mais portugueses e mais receita. Onde é que ainda não nos recuperamos? Nos mercados externos: China, Coreia, Filipinas, Tailândia. Estamos a falar essencialmente de mercados que vão para Fátima. Este destino representa 1,3 milhões de dormidas e é exatamente estes mercados que ainda não recuperámos.

Em 2020, 2021 e 2022, os portugueses descobriram o seu país, viajaram por Portugal e pelo Centro, pelo Interior e procuraram mais a nossa paisagem, os nossos lugares, os castelos, as bacias hidrográficas, as barragens. Falta-nos agora consolidar este crescimento com o mercado internacional.

E os portugueses, estão fidelizados?

Acho que sim, porque os portugueses sentem que Portugal é um destino turístico extraordinário. Os nossos vinhos, gastronomia, clima, a nossa hospitalidade são superiores ou, pelo menos, iguais ao que de melhor se encontra no mundo inteiro. O Centro tem essa vantagem competitiva.

Temos cinco regiões vitivinícolas que permitem um enoturismo cada vez mais qualificado e estão hoje associadas a boas experiências e boas práticas. O Centro tem a vantagem competitiva de poder oferecer mar e serra dentro da mesma região. É possível, num horizonte temporal de duas horas, irmos de uma praia oceânica até ao coração da Serra da Estrela.

Temos nove sítios com a chancela UNESCO, o que significa que o património mundial está muito presente. Ou seja, é possível ter uma experiência imersiva qualificada dentro daquilo que hoje é expectável que um turista nacional ou estrangeiro possa vir a usufruir, mas simultaneamente, também dentro de preços muito razoáveis. Por isso, acho que a nossa relação qualidade/preço é significativa e permite alavancar a procura portuguesa.

E já se consegue, por exemplo, que aqueles turistas que vêm com o seu foco em Fátima, fiquem mais tempo para exatamente ter esse tipo de experiências?

Há uma multiplicidade de motivações. Concluímos que parte substantiva de quem vem a Fátima vem por motivos religiosos, o que significa que há uma componente cultural muito forte. Esse turista também quer conhecer mais e podemos oferecer-lhe a possibilidade de usufruir de Tomar, da Batalha, Alcobaça, da Nazaré ou visitar Leiria, Coimbra ou a Figueira da Foz, dentro do espírito de uma viagem relativamente curta, de 35-45 minutos.

Depois, percebe-se que há uma consciência também dos empresários. Fátima tem novas unidades de alojamento mais qualificadas, mais bem preparadas para receber e poder prolongar a visita dos turistas. Mesmo algumas casas de acolhimento foram-se transformando em verdadeiras unidades hoteleiras de quatro estrelas, algumas de cinco. E esta mudança também ajuda a fixar os turistas mais tempo. Sairmos dessa cifra de uma noite de estadia média para podermos ter pelo menos 1,7-1,8 ou mesmo duas noites. Algumas unidades já estão a conseguir.

E qual é a estadia média do Centro?

1,8 noites e precisamos de aumentar essa estadia média. Mas há ainda outros produtos associados à Serra d’Aire e às grutas que podem ajudar a motivar uma visita por mais tempo. Está aqui um desafio de podermos fazer com que esse 1,5 milhões, 1,3 milhões de dormidas que temos em Fátima, logo que o mercado esteja recuperado, possa também contribuir para aumentar o número médio de noites que passam no nosso território.

Este ano, com a Jornada Mundial da Juventude e a vinda do Papa Francisco, esses números vão certamente disparar.

Este é um ano particularmente feliz para Portugal e para o Centro, porque temos alguns grandes eventos. Ainda antes da visita do Santo Padre e da Jornada Mundial da Juventude – que está a mobilizar muita gente - temos os Coldplay em Coimbra, que é um espetáculo de montra mundial e vamos ter sobre nós o foco mundial da cultura e da música; ou o Campeonato do Mundo de Rális, ainda antes dos Coldplay.

Ou seja, há um conjunto de eventos que, somados com esse que é o evento das JMJ, vão ajudar a reposicionar Portugal e o próprio Centro de Portugal.

Aliás, se lembrarmos 2017, com a visita do Santo Padre Francisco, o Centro Portugal teve, no caso de Fátima, melhores indicadores do que tivemos em 2019. A visita do Santo Padre acrescenta sempre várias centenas de milhares de dormidas ao destino.

Aguardamos com muita expectativa e também com responsabilidade. Por força da JMJ, temos vindo a potenciar um conjunto de reuniões com a AHRESP e outras organizações do setor, que são absolutamente críticas para que a experiência das Jornadas fique associada a uma boa imagem do destino e, em particular, do serviço. Queremos que estes milhares de jovens de todo o mundo que vêm para Portugal e, no caso, para a Região Centro, possam levar daqui essa boa impressão para que depois possa ser replicada por tantos outros e que ao longo dos próximos anos, tiremos partido de facto, desta visita.


Que seja um investimento a longo prazo?

Claramente, um investimento. Há dias alguém dizia – e é certo - a propósito desta polémica que se tem criado à volta do preço dos palcos -que se fosse tudo racional, provavelmente nunca se teriam construídos os Jerónimos nem outros dos ex-libris de Portugal, que são agora as âncoras mais importantes do património classificado pela UNESCO e que fazem de Portugal uma montra para o mundo inteiro.

Há pouco falou na qualidade do serviço e isso implica mão-de-obra, que temos falta. Há condições para que tudo corra bem nessa área?

Eu acho que estamos todos convocados para que isso aconteça porque o acréscimo previsível da Jornada Mundial pode causar uma de duas: ou uma boa experiência, com os esforços e a criatividade que os portugueses têm para resolver as coisas à última hora e fazem com que tudo corra bem; ou eventualmente, podemos ter aqui uma experiência particularmente dolorosa.

Estamos a falar de um tempo particularmente difícil, muito quente e sabemos o que isso pode significar para as pessoas mais idosas ou mais vulneráveis e o facto de haver espaços compatíveis com esse volume de pessoas. Não há, seguramente, gente suficiente que permita garantir essa qualidade de serviço agudizada pelas condições climatéricas, especialmente num período de pico de procura. Porque Portugal já é, por excelência, um destino particularmente procurado no pico do Verão e mais um milhão. Podemos dizer que Portugal recebeu 27 milhões de turistas em 2019 e agora é mais um milhão.

Mas é mais um milhão só numa semana…

Esse é que é o problema. Por isso, a convocatória é para Portugal porque o que acontecer nesta Jornada Mundial, com a visibilidade e a quantidade de comunicação social que vai estar presente, se não correr bem, os resultados não serão apenas nefastos para o destino Lisboa ou Porto; serão para o país. É a imagem de Portugal que está em causa.

Já aqui referiu a grande diversidade de oferta turística nos 100 concelhos da Região Centro. Mas tem apontado, de alguma forma criticamente, o facto de ainda se apostar muito no sol, praia e mar, deixando para trás alguns dos produtos turísticos tão presentes na sua região. É uma crítica à estratégia do Turismo de Portugal?

Não, foi uma constatação durante muitos anos. Portugal tem três problemas estruturais para resolver. Tem um problema de forte sazonalidade e se aposta em demasia na internacionalização do destino Portugal como sol e praia, está no fundo, a colocar-nos duas balizas: a baliza do mono produto e a baliza da sazonalidade. A época estival são três, quatro meses do ano, o que significa que ficam oito meses por cobrir, do ponto de vista da promoção.

Felizmente já não acontece. Além desse, temos um problema de estadia média e temos um problema da litoralização do turismo. Como é que combatemos isto? A sazonalidade, obviamente, que alargando aquilo que o mercado hoje procura. Os consumidores já não querem só sol e praia e não querem sol e praia durante 15 ou 30 dias, como acontecia há 20-30 anos. Hoje querem “cross selling” entre os vários produtos turísticos.

Claro que temos de continuar a promover o sol e praia, não podemos escamotear a importância destas estâncias e temos que continuar a promover estes destinos associados, no caso do Centro de Portugal, aos seus 279 quilómetros de costa atlântica. E também não queremos promover o Interior à custa de diminuirmos a procura no nosso Litoral.

O que temos que fazer é tornar o Interior – os territórios de baixa densidade - tão competitivo, tão atrativo como foi possível fazer durante anos em relação ao produto sol e praia. Porque o mercado hoje assim o exige, porque os consumidores - não falo dos “baby boomers”, não falo dos “millennials”, mas falo da “Geração X” - valorizam outros produtos turísticos. Ou dos novos mercados emergentes, os Estados Unidos, o Canadá, que querem trekking (caminhadas por trilhos e montanhas), pedestrianismo, cicloturismo, gastronomia, natureza, serra e à noite, uma boa cama.

Hoje a estratégia de Portugal está centrada em 22 produtos turísticos (consolidados, em crescimento e emergentes) em 25 mercados internacionais, é bom referi-lo. O sol e praia já não são, felizmente, do nosso ponto de vista, o foco principal. A Agenda para o Interior que o atual secretário de Estado do Turismo, Nuno Fazenda, traz para dentro da nossa atividade, também é sinal disso.

E a Estratégia para o Turismo Transfronteiriço. O que acrescenta para o Centro, que tem vários concelhos a confinar com a vizinha Espanha?

Interessa-nos particularmente por três ordens de razões. Primeiro, Espanha é o nosso principal mercado externo. É o mercado que está ali ao lado, tem contiguidade geográfica, tem contiguidade logística, tem afinidade cultural, tem afinidade linguística. É um mercado particularmente apetecível.

Segundo, porque nos permite mudar a tal estratégia de visibilidade para estes territórios. Se pensarmos, por exemplo, no novo traçado que já está anunciado pelo governo do IC 31, que liga Cáceres a Salvaterra do Extremo, Salvaterra do Extremo e Monfortinho, Monfortinho a Idanha e Idanha a Castelo Branco, temos o Centro de Portugal à mesma distância – por estrada – de Madrid e de Lisboa. A Idanha, por exemplo, ficará a 3h00 de Lisboa e a 3h30 de Madrid.

Isto abre-nos uma enormíssima porta de oportunidades para estes territórios e, sobretudo para podermos ter o mercado espanhol – que são 50 milhões de consumidores, sem contarmos com os estrangeiros que chegam a Espanha. Porque se pensarmos nos 10 milhões de portugueses com 27 milhões de turistas internacionais, somos 37 milhões. É este o mercado nacional. Se pensarmos nos 50 milhões de espanhóis com os 87 milhões de turistas estrangeiros que chegam a Espanha, fazem da Península Ibérica a maior placa turística do mundo. Portanto, são centenas de milhões que estão disponíveis porque estão ao nosso lado.

E terceiro, de uma vez por todas tiramos a tal perceção negativa do interior. Nós deixamos de ser Interior e passamos a estar no meio entre grandes capitais, neste caso entre Lisboa e Madrid. Este triângulo Porto-Lisboa -Madrid faz com que os territórios do Centro de Portugal estejam no coração desta operação. E é esta mudança de perceção que eu acredito que a cooperação transfronteiriça faz - com a Extremadura e com o Alentejo, com a Castilla y Leon e com o Porto e Norte Portugal -em produtos como a gastronomia, os vinhos, o turismo cultural, o turismo patrimonial, o turismo religioso, o turismo, natureza e o mar.

E com todo esse potencial, há alojamento para tanta gente?

Felizmente, há muitos projetos novos. Aveiro vai inaugurar em breve um hotel de cinco estrelas, o Grupo Vila Galé também vai abrir um hotel em Tomar este ano, depois de ter aberto outro, o ano passado, em Manteigas. O Grupo Trip/Melia está com vários projetos. O Hotel da Guarda finalmente teve luz verde e já há protocolo com o Grupo Pestana. Ou seja, há novos investimentos, nova atratividade e capacidade de carga que ainda não está utilizada.

E que mercados e turistas é que o Centro quer atrair?

Desde logo os nossos mercados de consolidação: Espanha, Brasil, Itália, França e Alemanha. O Reino Unido é o nosso sexto mercado, não é um dos mercados tão importantes como é para o conjunto de Portugal. E depois, abrirmos a novos mercados focados no Turismo Religioso. Fátima abre-nos as fronteiras para os Estados Unidos, mas particularmente para a China, Coreia do Sul, Vietname, Filipinas, Tailândia, um conjunto de mercados internacionais de longa distância. Só que, como sempre, a ambição de crescermos em mercados internacionais fica muito dependente da marca Portugal já estar nesses mercados. Porque não é a marca Centro que alavanca a marca Portugal mas sim, o contrário. E a conectividade, porque apostar em mercados que tenham pouca conectividade aérea com Portugal será um investimento pouco produtivo.

Coisa diferente é o aeroporto internacional. E nesse caso, com o que está a ser anunciado, provavelmente para nós a melhor solução seria Santarém. Era o que melhor serviria os interesses da Região Centro. É onde está a maioria da população, a maioria da indústria e das empresas

Por falar em conectividade, é essencial falar de aeroportos e da TAP. Que prejuízo traz ao país e ao turismo esta indecisão sobre o novo aeroporto de Lisboa?

No conjunto da Europa, Portugal é um país semiperiférico. Como outros países, está muito dependente de um raio de 2-3 horas de voo para ter, digamos, grande capacidade de ser, ele próprio, captador de grandes fluxos internacionais. E mais de 90% do tráfego mundial de turismo faz-se por avião. Estas duas condições fazem-nos refletir sobre a necessidade e a importância dos aeroportos.

O Centro de Portugal é a única Região Plano que não tem aeroporto; só tem uma estrutura aeroportuária em Monte Real que, sempre dissemos, poderia constituir uma excelente alternativa. Mas não ao Aeroporto de Lisboa, isto que fique bem claro. Mas ser um aeroporto com características muito semelhantes a muitos que conhecemos em Espanha, na Alemanha e noutros países. A estrutura aeroportuária de Monte Real podia ser um elemento estruturante não só no domínio da indústria do turismo mas também da própria economia e desenvolvimento de negócios.

Ou seja, poderia aliviar algum do tráfego que vai para Lisboa e cujos turistas e outros passageiros, se calhar, têm mais como destino o centro do país.

Sessenta e seis por cento da população portuguesa está entre a Península de Setúbal e Braga. Mas a nossa ideia até aqui sobre Monte Real era exclusivamente a criação de um aeroporto de características regionais internacionais, que permitia e era alimentado pela indústria vidreira, pela indústria dos moldes e principalmente pelo turismo religioso. Os seis milhões de visitantes de Fátima seriam suficientes para justificar a operação económica, sabendo nós que um aeroporto tem de ter, segundo a ANAC - Autoridade Nacional da Aviação Civil- 1 milhão a 1,2 milhões de passageiros/ano para poder rentabilizar a sua operação.

Coisa diferente é o aeroporto internacional. E nesse caso, com o que está a ser anunciado, provavelmente para nós a melhor solução seria Santarém. Era o que melhor serviria os interesses da Região Centro. É onde está a maioria da população, a maioria da indústria e das empresas.

E em relação ao que está a acontecer com a TAP, qual é a sua posição?

Sou daqueles que apesar de criticar a incapacidade de rentabilizar o esforço que os portugueses têm feito nos últimos anos, nomeadamente com a última injeção de capital na TAP, continuo a defender que Portugal deve ter uma companhia aérea. A menos que na solução custo-benefício, o facto de podermos alienar capital público em detrimento da operação privada mantenha e justifique esta vantagem competitiva.

Privatização total ou parcial, parece-me qualquer das duas é preferível em relação à situação que temos hoje. A ideia de voltarmos a nacionalizar, a estatizar a TAP já provou que não é uma solução nem eficaz, nem uma solução para o futuro. E a prova disso é tudo o que vivemos nos últimos anos.

E, na sua opinião, a privatização era melhor que fosse só parcial para que o Estado português tivesse uma posição na companhia?

Acho que seria de garantir a salvaguarda do interesse público com uma participação do acionista Estado, desde que o estudo de sustentabilidade económica seja apresentado nesses moldes. Sendo certo que não vejo nenhum impedimento nem vejo nenhum elefante na sala, pelo facto da TAP vir a ser maioritariamente privatizada.

Entretanto, o ministro da Economia, em Madrid, falou no processo de privatização e o ministro das Finanças já disse que vai ser discutido e iniciado em breve, em Conselho de Ministros. Costa Silva deixou a ideia do que o IAG, grupo detentor da Iberia e British Airways, seria bem-vindo ao processo de privatização. Imaginando que esse grupo ganha o concurso, não há aqui um risco enorme de Lisboa perder o hub a favor de Madrid?

A TAP está num grupo chamado Star Alliance que tem muitas mais companhias do que as que referiu. É evidente que há sempre risco num processo de privatização, porque se o privado for maioritário, apesar de defender o interesse nacional, o interesse dos seus consumidores e dos seus cidadãos porque é condição de sustentabilidade da própria empresa, em última instância, não deixará de refletir aquela que é a melhor modalidade para rentabilizar quer os recursos que tem disponíveis, quer a ambição de poder crescer.

E por isso não tenho muito esse fantasma de que poderemos correr novamente o risco que aconteceu com os Filipe de Espanha e voltarmos a ficar sob alçada. Portugal tem uma identidade muito forte.

Não conhecendo nenhum estudo que nos permita tomar a decisão, acho que não podemos ir para o mercado com esta predisposição de ser a companhia A ou B. Estamos num mercado global e absolutamente concorrencial.

Temos agora um secretário de Estado – Nuno Fazenda - que, além do Turismo, também tem de se distribuir nas suas funções pelo Comércio e Serviços. Não lhe parece que se está a desvalorizar cada vez mais um setor que o próprio Governo afirma ser o motor da economia portuguesa?

Sou insuspeito sobre essa matéria porque sou daqueles que sempre defendi a criação de um Ministério para o Turismo. Não é culpa do secretário de Estado Nuno Fazenda, que saúdo e com quem tenho trabalhado bastante desde que tomou posse. Por exemplo, a Agenda para o Interior é mérito seu e espero que tenha o maior sucesso.

Mas, um setor que gera uma receita superior a 20 mil milhões de euros, é como se o Turismo estivesse a dar um PRR anual a Portugal. E do meu ponto de vista, merece ver reconhecido o peso direto e indireto que tem na economia nacional. Há quem diga que prefere um bom secretário de Estado do que um mau ministro. Não é isso que está em causa. É, sim, o reconhecimento e a perceção de que um setor que é responsável por mais de 20% das nossas exportações merecia, claramente, um Ministério.

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