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Turismo. "Alentejo não está na moda. Veio para ficar"

14 fev, 2023 - 22:02 • Ana Carrilho

Em entrevista à Renascença, o presidente da Entidade Regional de Turismo critica o facto de o setor motor da economia continuar a não merecer um Ministério e espera que a TAP – instrumento de política externa – não seja privatizada a 100%.

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A poucos dias do início da Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), a maior feira nacional do setor, o presidente da Região de Turismo do Alentejo e Ribatejo não tem dúvidas que 2022 foi o melhor ano de sempre.

Em entrevista à Renascença, Vitor Silva sublinha o esforço de todos os que contribuem para que a região e o país se tornem cada vez mais notados a nível internacional pelos melhores motivos. Mas critica o facto de o setor motor da economia continuar a não merecer um Ministério. E espera que a TAP – instrumento de política externa – não seja privatizada a 100%.

2022 foi o melhor ano de sempre para o turismo nacional, contrariando todas as expectativas, depois de dois anos de pandemia. E o Alentejo não foi exceção. Já tem números concretos?

É verdade que tivemos o melhor ano turístico de sempre. Mas atenção: a recuperação no nosso território já começou em 2021. Se olharmos para as estatísticas de 2022, vemos o crescimento do Alentejo e do Ribatejo, mas não foi tão acentuado como noutras regiões porque recuperámos 80% do que tínhamos perdido no ano anterior.

Porque as pessoas procuravam muito destinos mais calmos.

É verdade. O turismo vive muito de fatores psicológicos e as pessoas pensavam que uma região de baixa densidade como o Alentejo seria mais segura para passarem férias ou fins de semana. Eu tenho a dizer que isso é uma ilusão: as taxas de Covid que tivemos são idênticas às do resto do país. Mas o facto é que as pessoas chegaram, nomeadamente do mercado nacional, e tiveram ocasião de conhecer melhor uma região que, se calhar, conheciam mal.

Somos a região que tem maior percentagem de mercado nacional – dois terços da nossa procura – mas muitos portugueses que antes não passavam férias em Portugal, devido às contingências da pandemia, foram obrigados a ficar cá. E tiveram também a oportunidade de conhecer - ou conhecer melhor - um território que os espantou. E que levou a que neste ano de 2022 – só com restrições no primeiro trimestre, conseguíssemos estes bons resultados.

E quais foram?

Em termos de dormidas ultrapassámos os valores de 2019 - poucochinho, poucochinho - mas fundamentalmente à custa do mercado nacional. Ainda nos falta recuperar 5% - já não é muito - do mercado internacional. Em termos dos proveitos é que tivemos um resultado espetacular: segundo as últimas estatísticas, fecharemos o ano com uma subida de 27% nos proveitos. Somos a melhor região em proveitos ou quase; talvez a Madeira tenha conseguido melhor.

É claro que eu digo sempre que parte destes proveitos são custos de contexto, de energia, produtos alimentares, até de mão-de-obra. E ainda bem, digo eu.

Ainda assim, o saldo é positivo?

Destes 27% creio que entre 10% a 15% - mais próximo dos 15% - serão lucros líquidos. Demonstra que temos o melhor ano turístico de sempre.

Metade dos turistas não quer barulho, não quer andar aos saltos, não quer moengas, não quer nada disso. Quer é ver coisas bonitas, comer bem e beber melhor. E estar tranquilo

O Turismo já merecia um Ministério?

E se me permite, também aqui queria referir uma conclusão que já tive ocasião de partilhar com responsáveis políticos, nomeadamente ao nível da economia e do turismo: já vai sendo tempo de assumir que somos um país turístico e que não tem um Ministério do Turismo.

Já tivemos ministros que ligavam mais ao turismo, mas outros que nem sequer sabiam como é o turismo estava organizado a nível nacional. Não é um tema consensual e há quem diga que o que interessa é a importância que se dá à Secretaria de Estado. Mas eu acho que o turismo devia estar sentado à mesa [do Conselho de Ministros].

É visto como o motor da economia, o próprio ministro Costa Silva está constantemente a referi-lo. Mas também foi o próprio que criou uma Secretaria de Estado do Turismo, Comércio e Serviços.

Apesar de nos dizerem que ganhou mais peso, não é verdade. Apesar do turismo ter mais tradição, o secretário de Estado tem de se distribuir também por outros setores. Ainda há dias partilhei isto com o ministro da Economia e o secretário de Estado, Nuno Fazenda, que estavam juntos: Portugal ainda não se afirmou como país turístico. E essa ideia tem de perpassar por toda a sociedade. Cá na família do turismo conhecemo-nos todos, mas a opinião pública não conhece números, não sabe quem são os 'players' do Turismo nem o que se faz. E já nem estou a falar dos termos em que o Orçamento do Estado olha para o setor.


E qual foi a resposta que recebeu?

Eles não concordaram comigo, mas reconheceram que há um caminho a percorrer. Somos o setor mais dinâmico, representamos 20% das exportações e um valor elevado do PIB. Quando se fala da contribuição do Turismo para o PIB esquece-se que o setor arrasta um conjunto de atividades. A conta satélite do Turismo leva-nos a valores muito mais elevados.

Falou na forma como o Orçamento do Estado esquece o Turismo...

As verbas para o turismo não aumentam há não sei quanto tempo. Nós estamos um pouco como os salários dos professores e de outros que não aumentam há anos. As pessoas que trabalham no turismo, nomeadamente na promoção internacional – o próprio Turismo de Portugal, as agências regionais, a promoção turística e os empresários – todos fazemos milagres com as verbas que temos.

Quando olho para a Extremadura espanhola e vejo as verbas que eles têm e o que nós fazemos, com muito menos. Por exemplo, temos as mesmas dormidas de estrangeiros que eles. Penso que não é apenas uma questão de dinheiro, é a maneira como, no próprio Orçamento do Estado, se olha para a maneira como o dinheiro público é distribuído. Toda a gente elogia o nosso turismo; agora o que se devia ver é que fazemos milagres com os meios à nossa disposição. Trabalhamos muito bem.

E isso tem trazido proveitos. Podemos dizer que o Alentejo está na moda?

Não, o Alentejo não está na moda. O Alentejo veio para ficar. O Alentejo é!

E as campanhas ajudam bastante, para além do património material e imaterial que tem.

Sim, e agora, até conseguimos vencer a candidatura de Évora a Capital Europeia da Cultura em 2027. A Entidade Regional e Turismo e a Agência de Promoção Turística estão na Comissão Executiva. Agora, é preciso trabalhar muito. O turismo ajudou, mas há pessoas muito mais capacitadas, que têm uma outra visão da cultura… Enfim, esse não é o nosso 'core business'.

Mas não acha que a cultura, o turismo e o património casam bem uns com os outros?

Casam bem, mas foi um casamento difícil. É como aquelas histórias de quando somos novos e queremos arranjar um namorado ou namorada e do outro lado, não se encontra logo recetividade. Mas depois transforma-se num grande amor e num…

…amor para a vida.

Amor para a vida e percebendo que ganham mutuamente com isso. Não estou a dizer que a questão já esteja resolvida, mas quando vim para o Turismo encontrava muita gente da cultura que achava… da “grande cultura”, digamos assim…

Havia um certo preconceito…

Sim, porque se pensava que o turismo ia mercantilizar a cultura. Agora já se percebeu que o turismo traz clientes à cultura e esses clientes gastam dinheiro com ela. Hoje em dia, a cultura também pode ser um grande negócio e o turismo é um dos financiadores. Porque quando as pessoas gastam dinheiro, ajudam a manter os monumentos abertos, a recuperá-los de outra maneira, a organizar eventos culturais, etc.

Quem são os turistas que procuram o Alentejo? E que turistas procura o Alentejo? Já não é um destino para qualquer bolsa.

Não, é um destino em que se paga bem. Podia dizer-lhe que há unidades em que o quarto mais barato, nesta altura do ano, custa 400 euros. E unidades com quartos a mais de 200 euros, há muitas.

Mesmo no turismo rural?

Fundamentalmente no turismo rural ou em hotéis que se situam em ambiente rural. É a lei da oferta e da procura, vivemos numa economia de mercado. Nenhum hoteleiro põe um preço de 300 euros/quarto se não tiver clientes. Agora, se põe a 200, sobe para 300 e continua a ter os mesmos clientes. O turismo é um negócio. Podem dizer-me que não é para todos. É verdade. Eu gostaria que fosse para todos, mas não é possível. Tínhamos de ter uma economia diferente.

Mesmo assim, os portugueses ainda conseguem, são muito fiéis.

Dinheiro é o que não falta por aí, está e mal distribuído.

Então, quem procura?

A esmagadora maioria dos nossos turistas tem mais de 40 anos, o que neste momento nos abre uma oportunidade incrível. Há tempos estive em Espanha, na FITUR e assisti a uma apresentação sobre este assunto. Os dados são de Espanha, mas podemos exportá-los.

Neste momento 30% dos turistas já tem mais de 50 anos, nem é 40. E a previsão é que quando chegarmos a 2030, metade dos turistas tem mais de 50 anos. Portanto, são as pessoas que já têm os filhos fora de casa e que podem gastar em viagens ou noutra coisa qualquer. Chamam-lhe a “Geração Grisalha” e a previsão é que daqui a poucos anos, metade da riqueza de Espanha esteja nas mãos dessas pessoas. Portanto, a promoção junto desses segmentos vai ser muito grande.

A malta mais nova, em geral, gosta mais da movida. Eu também já fui assim, mas o que procuro hoje é outra coisa. Metade dos turistas não quer barulho, não quer andar aos saltos, não quer moengas, não quer nada disso. Quer é ver coisas bonitas, comer bem e beber melhor. E estar tranquilo. O Alentejo e Ribatejo estão perfeitamente dimensionadas e vocacionados para isso. Portanto, desse ponto de vista, o futuro é risonho.

E em relação aos mercados, quais são neste momento os principais?

O primeiro mercado é, obviamente, o português. E o principal mercado externo é o espanhol - era antes e continua a ser depois da pandemia. Representa mais de 20%. Penso que este ano (2022) vai acabar com cerca de 22%do mercado externo. Não há mais nenhum que se aproxime. Este valor é importante, mas não é demasiado grande. Não quer dizer que não queiramos mais espanhóis.

Não quer é uma grande dependência

Exato, como outras regiões de Portugal têm. Nós também tivemos crise com o mercado espanhol e isso não nos afetou os números porque não éramos muito dependentes deles. Depois, os outros mercados mais importantes andam todos por volta de 10%.

Em 2019 tínhamos dois mercados externos que disputavam o 2.º lugar: o brasileiro e o alemão. Os brasileiros ficaram à frente em termos de proveitos porque gastam muito, nomeadamente em compras.

Mas de 2019 para 2022, o turismo do Brasil para Portugal caiu muito. A nível nacional é cerca de 25% e a nossa região segue a tendência. E ainda não sei como. Tenho perguntado ao turismo de Portugal e à TAP porque não há menos frequência de voos para Portugal e os aviões vêm mais cheios. Portanto, o número de passageiros é maior.

Mas muitos brasileiros vêm para trabalhar e não em turismo.

Também é verdade. E depois há aqueles que chegam e vão para casa de amigos ou familiares que já cá estão. Mas há ainda outra explicação, até lhe vou contar o que verifiquei a última vez que estive no Brasil. Vínhamos de São Paulo e o avião estava completamente cheio. Quando cheguei a Lisboa e fui recolher a bagagem, não estava lá ninguém. Quer dizer, essas pessoas estavam em trânsito, não vinham para ficar em Lisboa


Ou seja, é importante voltar a apostar os programas Stopover

Há um novo programa, mas a verdade é que o anterior não foi o sucesso que se esperava. Por isso penso – e já o disse aos principais responsáveis do Turismo de Portugal – que temos de incentivar as campanhas no Brasil. Neste momento não estamos a ir a nenhuma grande feira. Temos de começar a fazer mais ações no Brasil, tem de se reforçar esse mercado, que neste momento está em 6.º lugar, desceu e tem de subir.

Quanto aos outros, a Alemanha ficou sozinha, em 2.º lugar e é um mercado que se está a portar muito bem para o Alentejo. Depois, o mercado flamengo, com os Países Baixos e a parte Norte da Bélgica. Os flamengos e os americanos estão a disputar o 3º lugar.

E agora espera que os chineses regressem em breve.

Os chineses eram muito importantes para o Alentejo, mas não acredito que seja este ano que regressam.

Entendermos a TAP apenas como uma companhia aérea é uma grande asneira

Para muitas desses mercados, os voos de longa distância são muito importantes e a TAP tem um papel fundamental nessas ligações. Como é que vê a reprivatização e todas polémicas que envolvem a companhia? Entretanto, o Ministro da Economia já afirmou que o Grupo IAG, detentor da Iberia, era muito bem-vindo ao concurso.

Bem, ele estava em Espanha, na FITUR, e fez um bocadinho o papel de político. Independentemente da TAP ser nacionalizada ou privatizada, eu sou um grande defensor da TAP, sempre fui e acho muito difícil quem quer que seja no turismo, desprezar o papel que a TAP tem tido na promoção.

Entendermos a TAP apenas como uma companhia aérea é uma grande asneira. É um instrumento da política externa e da projeção de Portugal no mundo. Recuso-me a ver um Portugal pequenino, em que apenas se olha para os lucros ou prejuízos que aquilo dá. É a companhia aérea que voa daqui, diretamente, para Moçambique. Há mais alguma que voe, aqui desta zona da Europa? Por exemplo. Ou para a Guiné-Bissau? Se calhar, a TAP perde dinheiro com esses voos mas amos deixar de fazê-los?

E uma TAP privatizada, vai fazer esses voos? E imagina que era realmente a Iberia…

Desgraça, isso era uma desgraça. O hub passava para Madrid. Do ponto de vista aeronáutico, Portugal passava a ser uma província de Madrid. Sou completamente contra.

E espera que o governo tenha isso em consideração no processo de privatização?

Se o acionista privado não tiver a maioria do capital, não entra nenhum; quanto a isso não temos ilusões. Mas gostaria que o Estado tivesse uma participação importante.

Perto dos 50%?

Perto dos 50%. Mas que no caderno de encargos dessa privatização ficasse essa perspetiva de que a TAP é e tem que continuar a ser um instrumento de promoção de Portugal e da língua portuguesa.

E que o hub não pode sair de Lisboa.

E que o hub não pode sair de Lisboa. A maior parte dos passageiros que vêm da América do Sul passam em Lisboa; uns ficam, a maioria não. Mas não interessa. Então alguém que vem de S. Paulo vai para Madrid e de lá para Lisboa? Ou quer ir para o Brasil e tem de ir a Madrid? Isto não tem sentido.

Uma visão meramente economicista de uma companhia aérea como a TAP é, do meu ponto de vista, profundamente errada e espero sinceramente que neste processo, não se faça a privatização a 100%, que o Estado fique lá e tenha lugar no Conselho de Administração.

Falta de mão de obra é o maior problema que temos em Portugal

Outro problema para o Turismo e não só, é a falta de mão-de-obra…

Esse é o maior problema que temos em Portugal.

E como é que têm dado a volta ao problema, na região? Porque ainda por cima, como acabou de me dizer, é um destino caro e, portanto, tem que oferecer serviços de qualidade.

Nós não temos pessoas para trabalhar, já não falo de pessoas qualificadas. Não temos pessoas para trabalhar. E as empresas até já aceitam ser, elas próprias, a dar formação. Mas não há pessoas.

É preciso recorrer à imigração.

Não há outra hipótese.

Como é que estão a correr aqueles acordos com os países da CPLP?

A legislação existe, foi modificada para facilitar a entrada de pessoas desses países. Quiçá, num ou noutro pormenor, podia ser aperfeiçoada. Por exemplo: pedir a uma pessoa que vem de Moçambique que tenha o equivalente a quatro salários mínimos para chegar cá! Não fazem a mínima ideia do que são quatro salários mínimos em Moçambique. As pessoas que querem vir para cá estão desempregadas ou no caso da restauração, ganham o equivalente a 100-150 euros. Onde é que vão buscar o dinheiro? Mais de 3.000 euros?!

E a concessão dos vistos, que era suposto ser agilizada?

Não está a funcionar porque há um estrangulamento nos consulados. Tanto quanto me disseram: os candidatos têm de apresentar uma reserva (de bilhete). Basta ir a uma agência de viagens e fazer a reserva. Mas isso também custa porque tem de provar que depois tem o dinheiro para vir legalmente. Alguns grupos (hoteleiros) que têm unidades no Brasil ou África (como o Vila Galé ou o Pestana) estão a trazer os seus funcionários desses países para cá, já os conhecem. Mas poucos têm essa capacidade.

A lei, do ponto de vista teórico, de obrigar a ter visto para trabalhar, está bem feita. Mas depois tem estes condicionalismos que atrapalham o processo.

Espera que a Agenda para o Empego que o secretário de Estado Nuno Fazenda anunciou para corrija essas questões?

Eu gostaria e espero que sim

Temos estado a falar muito do Alentejo, mas a Região de Turismo também abrange o Ribatejo. O que é está a ser feito para o promover?

Bem, eu só estou na presidência há dois anos. Mas já tomámos uma decisão, eu e a comissão executiva, que validou o meu pensamento. Estamos perante duas regiões que não podem ser tratadas como se fossem apenas uma. Há uma Região Alentejo e uma Região Ribatejo. E temos de assumir isso definitivamente. E atenção, não é o Ribatejo, é uma parte que se chama Lezíria do Tejo. (O Médio Tejo está na Região Centro).

Criámos uma delegação em Santarém, há um Conselho Consultivo só para o Ribatejo. Evidentemente, temos programas transversais, mas estamos a criar programas específicos para o Ribatejo porque o desenvolvimento turístico do Ribatejo não tem nada a ver com o do Alentejo.

Ainda este ao vamos ter um Congresso de Turismo do Ribatejo e outro para o Alentejo. E na BTL – Bolsa de Turismo de Lisboa - as duas regiões já vão ser apresentadas de forma distinta, com slogans diferentes, embora ambas no stand da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo.

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