26 jan, 2022 - 15:08 • Tomás Anjinho Chagas
As declarações políticas são o que os militantes de cada partido fazem delas. Na terça-feira, em entrevista à Renascença, Rui Rio alertou (o eleitorado de direita) para a possibilidade de geringonça ser reeditada, caso o PS ganhe as eleições de 30 de janeiro, mas, desta feita, com o Bloco de Esquerda dentro do Governo.
Ora, para os militantes bloquistas o alerta de Rio, tudo indica, é um desejo. A Renascença conversou com alguns durante uma arruda, em Barcelos, ainda na terça-feira. Muitos nem hesitaram em atribuir pastas ministeriais a alguns dos nomes mais sonantes do partido.
De bandeira ao ombro e a descer uma rua, Carlos Freitas começa por dizer que é difícil que o BE integre um Governo com PS. Mas também não exclui essa possibilidade. “Tudo depende da força e da votação que tiver”, lembra. O bloquista, militante há seis anos, tem até alguns nomes na cabeça para potenciais governantes. “Temos Catarina Martins, Mariana Mortágua, José Manuel Pureza, Jorge Costa.”
Quanto às pastas em particular, Carlos é taxativo: “Catarina Martins só poderia ser primeira-ministra.” A Mariana Mortágua concede-lhe – tal como já fez no passado Francisco Louçã - a pasta das Finanças. E para José Manuel Pureza reserva a Justiça.
Um pouco mais abaixo, na mesma arruda, encontramos Nísia Azevedo. Tal como muitos dos militantes, segue a cantar. A militante - de origem brasileira - acompanha o BE há dois anos. E também não tem problemas em distribuir cargos: Catarina Martins, coordenadora do Bloco de Esquerda, daria uma boa ministra da Cultura ou da Economia.
Nísia elogia também as irmãs Mortágua - “são excelentes deputadas” - mas prefere não especificar em que pasta do governo gostava de vê-las.
Adiante na arruada.
Miguel Martins abana efusivamente uma bandeira do BE e canta: “Deixem passar, deixem passar, que eu sou do Bloco e o mundo eu vou mudar.” É militante do partido há quatro anos e integra a lista de candidatos a deputado pelo círculo eleitoral de Braga.
O candidato garante que não concorda com a estratégia de integração do Bloco num Governo com o PS. Mas, há sempre um mas. “Mariana Mortágua para ministra das Finanças teria todo o sentido”, diz. E José Manuel Pureza? “Também! Possivelmente, na Justiça.” Pedro Filipe Soares? “Seria um bom nome para um executivo, mas não sei dizer em que pasta”, opina.
Mariana Neves, 17 anos, lamenta que no próximo domingo ainda não possa votar. Mas participa, à mesma, do exercício (de futurologia). “A Joana Mortágua seria sem dúvida uma excelente ministra da Educação”, diz. Já à outra irmã Mortágua atribuiu a Economia ou Finanças.
Quanto à líder do partido, Mariana Neves não discrimina. “Catarina Martins sabe de tudo.” Afinal, para os militantes do BE o importante é chegar lá, ser Governo pela primeira vez.