Este Natal será mais caro, mas não deverá ter falhas de stock

16 dez, 2021 - 22:16 • João Malheiro

A APED acredita que "o Natal não está em risco", mas admite que há uma "enorme pressão" na cadeia de distribuição. Supermercados não terão "prateleiras vazias", mas o bacalhau vai ficar mais caro para esta consoada. Consolas de videojogos e outros produtos tecnológicos são mais prováveis de esgotar.

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Os portugueses vão ter um Natal mais caro este ano, mas não deverá haver falhas de stock de produtos que variam entre os bens essenciais e os equipamentos tecnológicos que servem de prendas a muitas crianças.

Apesar de, quer por fatores pandémicos, quer por outros motivos, haver problemas na distribuição de vários produtos, este Natal não deverá ficar em risco, para grande parte dos consumidores.

Mesmo assim, os produtos mais cobiçados, como a consola Playstation 5, convém serem adquiridos o mais rapidamente possível.

E o bacalhau não faltará à mesa, contudo vai exigir um pouco mais do bolso dos portugueses.

Gonçalo Lobo Xavier, diretor geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) explica, à Renascença, que a cadeia de distribuição "está sob enorme pressão, do ponto de vista dos transportes e do abastecimento, mas é algo que estava previsto e foi planificado".

"Não está em risco o Natal", garante.

Bens alimentares não vão faltar, mas vão estar mais caros

A APED refere que a cadeia de abastecimento alimentar "é muito baseada na produção nacional ou de produções próximas de Portugal".

"Mesmo nos produtos que não somos autosuficientes, estamos a conseguir que a cadeia de valor funcione", realça Gonçalo Lobo Xavier.

O mesmo aplica-se à figura principal da consoada: O bacalhau.

"Não estamos preocupados que haja falhas estruturais nas prateleiras. Não teremos prateleiras vazias", garante a APED.

No entanto, Vítor Lucas, administrador da Lugrade e representante da Associação dos Industriais do Bacalhau (AIB), aponta que "o bacalhau tem vindo a subir o seu preço desde fevereiro".

"Comparando com 2020, o preço subiu. Teve uma subida bastante grande", diz, à Renascença.

E quais as razões? Escassez de matéria-prima e aumento da procura do bacalhau salgado e do bacalhau fresco.

"Este ano foram feitas menos capturas do que era previsível pelas quotas de pesca. E o aumento de procura fez com que o preço subisse a nível internacional", explica Vítor Lucas.

A AIB acredita que todas as indústrias de bacalhau vão vender mais do que em 2020 - um "ano negro em que as vendas encolheram" - e que 2021 recupere as perdas do ano passado.

"Acreditamos que voltamos aos níveis de 2019", refere o também administrador da Lugrade.

Consolas têm escassez de matéria-prima

Se os bens essenciais estão praticamente garantidos, há um maior risco na disponibilidade de produtos do retalho especializado.

O diretor geral da APED destaca que na área da eletrónica tem havido escassez de matéria-prima, como "chips", que implica, igualmente, uma maior escassez de produtos tecnológicos, em que se incluem as consolas de videojogos.

"Vão demorar mais algum tempo a serem repostos, mas não é por isso que vamos deixar de ter Natal. Se houver uma corrida muito forte, poderá haver atrasos na reposição, mas ruturas não são previsíveis", considera Gonçalo Lobo Xavier.

"Todos os Natais há alguns produtos que mais facilmente esgotam-se. Este Natal não vai ser diferente, apenas terá mais pressão do que o normal. Será uma questão de tempo até à sua reposição.", acrescenta.

As consolas de videojogos são o que se chama de "produtos estrela" - um produto muito apetecível pelos consumidores durante a quadra natalícia e que tem maior probabilidade de se esgotar.

Bruno Saraiva, diretor da área de stocks da Worten, deixa uma mensagem de tranqulidade a quem possa pensar em oferecer estes produtos tecnológicos no Natal.

"Não temos sentido um efeito prático grande. Temos menos variedade de produtos, mas os que temos têm dado resposta à procura", esclarece, à Renascença.

Há consolas mais procuradas do que outras, como é o caso da Playstation 5. A expetativa da Worten é que haja "atrasos deste tipo de mercadoria, mas nada de alarmante".

E o primeiro trimestre de 2022 poderá ser o fim da crise dos microchips, "quer do ponto de vista da produção e do ponto de vista da procura", refere Bruno Saraiva.

Variante Ómicron é uma preocupação

A APED afirma que, como em qualquer outro setor, a distribuição de produtos é "suscetível" à pressão de novas vagas da pandemia da Covid-19 e, por isso, a nova variante Ómicron é um fator de preocupação.

"Se houver um aumento exponencial de casos, é natural que as pessoas se retraiam", explica, Gonçalo Lobo Xavier.

Mesmo assim, realça que a distribuição "tem soluções que deram provas de resiliência ao longo da pandemia", nomeadamente, através do comércio online.

Apesar de ser um Natal ainda longe da realidade pré pandémica, a APED tem indicadores "muito positivos de recuperação" e melhores do que 2020.

"Estamos a perspetivar chegarmos a valores mais próximos de 2019 e temos esperança que, se não houver alterações drásticas, vamos superar o ano passado", realça.

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