Eletricidade

​Fatura da luz sofre ligeiro aumento para clientes no mercado regulado em 2022

15 dez, 2021 - 21:16 • Sandra Afonso

Universo de consumidores abrangidos são os 5% dos clientes – mais de 900 mil contratos – que se mantêm no mercado regulado e também os que, estando no mercado livre, optaram pela tarifa equiparada. Aumento médio será de 0,2% no próximo ano nas "tarifas transitórias de venda a clientes finais em baixa tensão".

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A Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) confirma a subida do preço da fatura da eletricidade para os clientes do mercado regulado e para os que optaram pela tarifa equiparada, estando no mercado livre.

Em causa estão cerca de 920 mil clientes abrangidos por esta subida, que já tinha sido antecipada, face ao preço médio em vigor este ano. Este aumento é justificado com "a subida acentuada dos preços da energia elétrica nos mercados de futuros nas entregas para 2022", segundo o regulador.

Ainda assim, na comparação com os preços em vigor este mês, de dezembro para janeiro há uma descida de 3,4%.

Os consumidores com tarifa social podem contar com "um desconto de 33,8% sobre as tarifas de venda a clientes finais".

Mercado livre pressionado a descer preços

A ERSE não dita os preços no mercado liberalizado. "Os preços de venda a clientes finais em mercado liberalizado são negociados de forma livre entre os comercializadores e os clientes finais, de acordo com a dinâmica entre a procura e a oferta", lembra o comunicado.

No entanto, ao controlar parte dos custos, o regulador pode diminuir as despesas dos fornecedores e criar margem para uma descida do preço final. Foi o que aconteceu este ano, através das "tarifas reguladas pela ERSE para a utilização das infraestruturas e serviços partilhados por todos os consumidores – as chamadas tarifas de Acesso às Redes".

Elas "condicionam os preços praticados pelos comercializadores, uma vez que são aplicadas diretamente aos comercializadores que, por sua vez, as transmitem aos consumidores finais nas faturas de fornecimento de energia elétrica".

Entre 2018 e 2022, "as variações tarifárias anuais evidenciam uma redução acumulada de -95% em Muito Alta Tensão, Alta Tensão, Média Tensão, de -69% e de -59% em Baixa Tensão Especial e Baixa Tensão Normal, respetivamente, no total dos cinco anos".

Estas tarifas de Acesso às Redes são fixadas pela ERSE para todo o ano. De acordo com o regulador, "esta circunstância justifica que os comercializadores revejam normalmente os seus tarifários no mês de janeiro de cada ano".

A ERSE sublinha ainda que "as tarifas para 2022 garantem a sustentabilidade económica do Sistema Elétrico Nacional (SEN), reduzindo-se o valor da dívida tarifária em mais de mil milhões de euros, para o valor, no final de 2022, de 1,7 mil milhões de euros.

Preços acumulam recordes

A pesar nas contas dos fornecedores estão os sucessivos aumentos. Esta quinta-feira o preço da eletricidade atinge um novo máximo histórico, no mercado grossista. Uma tendência que tem sido alimentada pela instabilidade no plano internacional, com a tensão entre a Rússia e a Ucrânia a fazer disparar o custo do gás natural, essencial para a produção de eletricidade, para a indústria e para o aquecimento. A Europa não consegue garantir o abastecimento de gás através do Nord Stream II.

O preço médio da eletricidade chega esta quinta-feira, no mercado ibérico, a 302,48 euros por MWh, o valor mais alto de sempre. O pico será atingido às 21 horas, menos uma em Espanha, nos 345 euros por MWh.

Para janeiro de 2022, o gás natural está a ser comercializado no mercado ibérico a 124,95 euros por MWh, muito acima dos 20 euros pedidos no início deste ano. Na eletricidade, a expectativa é que os preços se mantenham acima dos 200 euros por MWh, nos próximos meses.

O que decidem os fornecedores?

As maiores empresas no mercado liberalizado não seguem pelo mesmo caminho. Cada uma tem a sua estratégia.

A EDP Comercial "vai fazer uma atualização média de 2,4%, em linha com mercado regulado, a partir de 1 de janeiro." Segunda a elétrica, são cerca de 90 cêntimos a mais, por mês, e "deverá manter-se inalterada ao longo de todo o ano de 2022." A empresa sublinha ainda que não alterou os preços ao longo de 2021, "nem para clientes atuais, nem para novos clientes", e desceram as tarifas no início de 2021, em cerca de 1%.

Na Galp, as potências contratadas mais representativas vão sentir um aumento mensal na fatura da eletricidade que rondará, em média, os 2,7 euros, segundo avançou fonte oficial da empresa à Lusa. Esta subida já reflete o “aumento do custo de aquisição de energia, bem como a previsão de redução das tarifas de acesso às redes, anunciada pela ERSE".

A Endesa e a Iberdrola já admitiram ter aumentado as tarifas este ano, para novos contratos e renovações. Em 2022, contam manter ou até descer os preços, em linha com a redução das tarifas de acesso às redes.

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