Como Einstein sonhou. Eis a primeira imagem de um buraco negro

10 abr, 2019 - 13:46 • Rui Barros

Pela primeira vez na história, cientistas conseguem imagens de um objeto astronómico que Albert Einstein imaginou. Para conseguir esta imagem do centro da galáxia M87, a 54 milhões de ano-luz da Terra, foram precisos telescópios em vários pontos do globo.

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O momento em que o mundo viu pela primeira vez um buraco negro
O momento em que o mundo viu pela primeira vez um buraco negro

Uma equipa de cientistas de todo o mundo revelou, esta quarta-feira, pela primeira vez na história, a imagem de um buraco negro.

A imagem pode parecer simples, até "tosca", mas a sombra escura rodeada por um anel dourado (resultado da matéria que está a gravitar à volta do buraco negro) é um dos marcos mais importantes da história da ciência moderna.

A sombra, no centro da galáxia M87, a 54 milhões de ano-luz da Terra, é assim um dos testes observacionais da teoria da Relatividade Geral, de Einstein."Isto será utilizado para comprovar as contas que são feitas pela Teoria da Relatividade e comprovar que esta é a teoria certa que descreve a gravitação no nosso universo", explica à Renascença Rui Agostinho, do Observatório Astronómico de Lisboa.

"Poderemos ver, pela primeira-vez um objeto que um homem, Albert Einstein, apenas imaginou”, disse Carlos Moedas, comissário europeu para a Investigação, Ciência e Inovação, na conferência de imprensa realizada em Bruxelas, que a Renascença acompanhou.

Para o comissário português, esta imagem é tão importante que a história da ciência será dividida no período antes desta imagem e no período depois da revelação da imagem deste objecto espacial.

A captura só foi possível devido à investigação conduzida pelo Event Horizon Telescope (EHT), um projeto de colaboração internacional para investigar estes objectos. O anúncio foi feito em seis conferências de imprensa simultâneas em Washington, Bruxelas, Santiago, Xangai, Taipei e Tóquio.

O comissário europeu Carlos Moedas não deixou de sublinhar este facto, dizendo que "a ciência está a dar uma lição aos políticos" ao mostrar que é preciso trabalhar em conjunto para alcançar progressos científicos.

Como os buracos negros sugam toda a luz que os envolve, torna-se muito difícil registar qualquer forma de registo. Para captar esta imagem, os cientistas procuram por um anel de luz - matéria interrompida e radiação circulando a grande velocidade na borda do horizonte de eventos - em torno da região escura que representa o buraco negro real. Isso é conhecido como Sombra ou Silhueta do Buraco Negro.

Os primeiros dados foram recebidos em abril de 2017, usando telescópios nos EUA, nos estados do Arizona e do Havaí, bem como no México, Chile, Espanha e Antártida. Desde então, telescópios na França e na Groenlândia foram adicionados a esta rede global.

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