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Incêndios

Fogos na Europa queimam a segunda maior área desde que há registo

04 ago, 2022 - 19:00 • Diogo Camilo

Nunca ardeu tanto até julho em território europeu como este ano. Portugal tem a 3.ª maior área ardida da Europa e a maior percentagem de área ardida entre todos os Estados-membros.

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Os incêndios florestais que estão a devastar a Europa representam já a segunda maior área queimada desde que há registo. Mesmo estando abaixo da sua média de incêndios, Portugal é o país com maior percentagem de área ardida entre todos os Estados-membros.

Segundo dados do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (EFFIS), arderam mais de 600 mil hectares em incêndios florestais em países da UE este ano. Este é o segundo maior total para qualquer ano desde 2006, quando começaram os registos. Em 2017, arderam 987.844 hectares.

A área ardida este ano representa 0,15% da União Europeia e corresponde a mais do dobro do tamanho do Luxemburgo. Nenhum outro ano do conjunto de dados tinha visto uma quantidade tão elevada de terras queimadas na Europa até Agosto.

Portugal, com mais de 57 mil hectares ardidos desde o início do ano, tem a terceira maior área ardida da Europa, apenas atrás de Espanha e Roménia, e a maior percentagem de área ardida (0,63% do país) entre todos os Estados-membros.

Entre todos os países com mais incêndios florestais este ano, Portugal é o único que está abaixo da sua média anual (1,1%).

A área ardida em Portugal até ao início deste mês já duplicou a de todo o ano passado, quando arderam cerca de 26 mil hectares, mas está dez vezes abaixo da área ardida no pior ano do país no que diz respeito a incêndios: 2017, quando arderam 564 mil hectares, mais de metade de toda a área ardida na Europa nesse ano.

Só contabilizando o número de fogos até ao final de julho, este já era o ano com maior número de incêndios florestais na União Europeia (2.117), superando o anterior máximo de 1.882.

No ano de 2017, aquele que tinha mais incêndios até agora, só tinham sido registados 1.154 até julho.

Este é também o ano com maior área ardida em território europeu até julho desde que há registo.

Os 594 mil hectares queimados em 2022 estão mais de quatro vezes acima da média (de 132 mil hectares na mesma altura do ano) e quase o dobro do máximo até agora (343 mil hectares).

Os incêndios são um problema frequente no verão nos países do sul da Europa, como Portugal e a Grécia, mas as temperaturas mais quentes estão a empurrar o risco grave de incêndio florestal para norte, com a Alemanha, a Eslovénia e a República Checa a estarem entre os que foram atingidos nesta estação.

E estes dados apenas cobrem fogos com uma área ardida superior a 30 hectares pelo que, se fossem incluídos fogos menores, o total ardido seria ainda maior.

À “Reuters”, Victor Resco de Dios, professor de engenharia florestal na Universidade espanhola de Lérida, disse que os grandes incêndios que França e Portugal sofreram no início de Julho foram "extremamente invulgares" e demonstraram como as alterações climáticas estão a fazer com que a época de incêndios comece mais cedo e dure mais tempo.

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