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Murros, estalos, pontapés. Guarda-redes do Sporting descreve agressões em Alcochete

09 dez, 2019 - 11:49 • Lusa

Luís Maximiano testemunhou por videoconferências no julgamento da invasão à academia do Sporting.

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O guarda-redes do Sporting Luís Maximiano disse que ficou “bloqueado e sem reação” durante o ataque à Academia de Alcochete, descrevendo agressões a colegas de equipa, após a entrada no balneário de mais de 20 elementos encapuzados.

Na décima sessão do julgamento da invasão à academia leonina, em 15 de maio de 2018, com 44 arguidos e que decorre no Tribunal de Monsanto, em Lisboa, Max, como é conhecido, testemunhou por videoconferência, a partir do Tribunal do Montijo, a pedido do Sporting, assistente no processo, por “questões psicológicas”

Max contou que Vasco Fernandes, secretário técnico, tentou fechar a porta do balneário, mas que foi empurrado, e que “entraram pessoas com máscara, com capuz”, e foram em direção aos jogadores William Carvalho, Rui Patrício, Misic, Bataglia, Montero e Acuña.

“Fiquei tão bloqueado, atrapalhado que fiquei sem reação. Houve pânico e muita confusão. Entraram e começamos a perceber que era algo mais grave”, explicou o guarda-redes, de 20 anos, acrescentando que no interior do vestiário “estava praticamente todo o plantel” e que o holandês Bas Dost se encontrava no corredor.

O jovem frisou que da parte dos jogadores “não houve conversas” e que os elementos entraram e começaram as agressões a alguns dos colegas.

“O William levou um murro e o Rui [Patrício] também. O Bataglia e o Montero levaram com um garrafão de água. O Montero levou um estalo. O Misic levou com um cinto na cara e o Acuña levou uns pontapés e um murro”, descreveu o guarda-redes, que à data dos factos fazia parte da equipa de juniores do Sporting, mas que, por vezes, também era chamado à equipa principal de futebol.

Max viu serem arremessadas, pelo menos, duas tochas, uma das quais atingiu na barriga o então preparador físico Mário Monteiro.

O jovem afirmou ao coletivo de juízes, presidido por Sílvia Pires, ter ouvido uma frase dita por um dos elementos: “Não ganhem domingo, que vocês vão ver”, relatou o guarda-redes, em alusão à final da Taça de Portugal, que se jogou no domingo seguinte, 20 de maio, a qual o Sporting viria a perder 2-1 contra do Desportivo das Aves.

O jovem guarda-redes da formação do Sporting afirmou que "sempre teve o sonho desde pequeno” chegar à equipa principal de futebol, admitindo que ficou “assustado, com medo e com receio”, com o ataque à academia de Alcochete.

Luís Maximiano disse ter estado presente numa reunião de 14 de maio de 2018, véspera do ataque, entre o plantel e elementos do Conselho de Administração, incluindo o então presidente Bruno de Carvalho.

O guarda-redes contou que Bruno de Carvalho disse que tinham “acontecido algumas coisas com a claque” na Madeira, após a derrota com o Marítimo, por 2-1, no domingo antes, 13 de maio, que afastou os ‘leões’ da Liga dos Campeões.

Nessa reunião o então presidente do clube disse que era preciso “proteger a equipa, que estava com o plantel e que era preciso resolver essa situação”, aludindo ao episódio de trocas de palavras entre alguns jogadores e elementos da claque Juventude Leonina, no Aeroporto da Madeira, com enfoque no jogador Acuna.

Max indicou que Bruno de Carvalho disse que tinha falado com o “chefe da claque, que não era uma situação fácil”, mas que a mesma teria de ser resolvida “em família”, reportando-se a ele próprio e ao plantel.

O julgamento prossegue na tarde de hoje com as inquirições de Wendel e Jeremy Mathieu.

Miguel Coutinho, advogado do Sporting, clube que se constituiu assistente do processo, requereu que oito dos futebolistas que ainda se mantêm no atual plantel fossem inquiridos através de videoconferência, invocando razões de ordem psicológica.

O coletivo de juízes acedeu ao pedido e Wendel, Mathieu, Acuña, Battaglia, Luís Maximiano, Coates, Ristovski e Bruno Fernandes vão então prestar declarações por videoconferência.

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