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Bruno Jacinto informou André Geraldes da ida de membros da Juve Leo à Academia

18 nov, 2019 - 14:02 • Lusa

O antigo oficial de ligação aos adeptos foi o único dos 43 arguidos presentes a querer prestar declarações na primeira sessão do julgamento do ataque a Alcochete.

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Bruno Jacinto, antigo oficial de ligação aos adeptos do Sporting, disse em tribunal, esta segunda-feira, que informou o então diretor-geral do clube, André Geraldes, de que elementos da claque Juventude Leonina iam deslocar-se à Academia, em Alcochete.

Bruno Jacinto foi o único dos 43 arguidos presentes (Fernando Mendes, ex-líder da claque, justificou a ausência devido a questões de saúde) a querer prestar declarações na primeira sessão do julgamento do ataque a Alcochete, a 15 de maio de 2018, que arrancou esta segunda-feira no Tribunal de Monsanto, em Lisboa.

O arguido contou ao coletivo de juízes, presidido por Sílvia Pires, que não esteve no Aeroporto da Madeira, após a derrota frente ao Marítimo, no qual alguns elementos da claque confrontaram os jogadores, e só teve conhecimento dos desacatos através das televisões.

O dia do ataque a Alcochete

Bruno Jacinto explicou que chegou a Lisboa, vindo da Madeira, no dia do ataque.

Pelas 14h00, teve conhecimento, através de uma mensagem de texto (SMS), enviada por Tiago Silva, um dos membros da direção da Juve Leo, de que alguns elementos da claque iriam à Academia, para falarem com jogadores e com o treinador Jorge Jesus, devido à insatisfação pelo não apuramento para a Liga dos Campeões e ao que se tinha passado no aeroporto. O arguido explicou que "reportou esta situação por mensagem" a André Geraldes.

Pelas 15h00 do dia 15 de maio, Jacinto encontrou-se com o arguido Tiago Silva junto ao multidesportivo. Silva confirmou que membros da claque iam à Academia, sem lhe dizer "o que iam lá fazer", sublinhando que não teve noção "de quantas pessoas" se iriam deslocar até Alcochete.

Bruno Jacinto afirmou que tentou falar "novamente" com André Geraldes, que disse que reportava a Bruno de Carvalho, um dos 44 arguidos e na altura presidente do Sporitng, várias vezes, por telefone, mas não "obteve resposta" do então diretor-geral do Sporting.

Pelas 16h45, como não conseguia falar com Geraldes, o antigo oficial de ligação aos adeptos "achou por bem" contactar com o então responsável pela segurança da Academia, Ricardo Gonçalves, que lhe perguntou o que é que os elementos da Juve Leo iam lá fazer.

Bruno Jacinto respondeu que estes elementos da claque iam à Academia para "confrontar" a equipa "pelo somatório de vários acontecimentos". O arguido considerou ser "relevante" passar a informação a Ricardo Gonçalves, pois era essa a sua função, depois de não ter conseguido falar com André Geraldes. Assim que contactou o diretor de segurança da Academia, deslocou-se para Alcochete, no intuito de "articular" a ligação entre os adeptos e a equipa do Sporting.

Bruno Jacinto contou, que quando chegou à Academia, viu cinco elementos da claque, arguidos no processo, entre os quais Fernando Mendes, a falar com o jogador William Carvalho e outros elementos do staff do clube, no momento em que o ataque já tinha acontecido.

Questionou o que se tinha passado e disse a Fernando Mendes que o que se passou "não devia ter passado".

Contexto sobre o julgamento

O julgamento, que decorre sob fortes medidas de segurança, parou para almoço e prossegue às 14h00, com a continuação do interrogatório a Bruno Jacinto.

Bruno de Carvalho, que disse ser atualmente comentador desportivo, Mustafá e Bruno Jacinto, ex-oficial de ligação aos adeptos, estão acusados, como autores morais, de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.

Os três arguidos respondem ainda por um crime de detenção de arma proibida agravado e Mustafá também por um crime de tráfico de estupefacientes.

Aos arguidos que participaram diretamente no ataque à academia, o MP imputa-lhes a coautoria de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.

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